Todos já passamos alguma vez dificuldades para dormir, seja por acontecimentos do dia-a-dia, por estar agitado demais para dormir ou não estar com sono por estar preocupado com algo.
Muitas preocupações passam pela nossa cabeça antes de dormir, nos impedindo de relaxar por conta própria, e assim surge o pensamento de tomar algum remédio para conseguir dormir melhor.
O problema é quando esse gesto para para um vício em remédio para dormir que pode atrapalhar em muito a vida da pessoa.
Como identificar o vício em remédios para dormir?
Segundo o estudo feito pelo Journal of Sleep Resarch, tomar remédios para dormir é sim um método válido para aliviar seu sintoma de insônia, mas o tempo de uso deve ser seguido à risca, alguns remédios são feitos somente para regular o sono, mas ainda assim existem pessoas que fazem o uso abusivo desses remédios para dormir.
Sendo assim cerca de 70% da população mundial, tem problemas de insônia e com isso recorrem ao uso de remédios para dormir, isso não contando com os casos de vício nas substâncias químicas contidas nesses remédios
Assim, são cerca de 56,2 milhões de pessoas no nosso país que usam remédio para dormir, desconsiderando seus vícios e riscos.
Abstinência
As crises de abstinência surgem por vários fatores, impulsionados por características emocionais, genética, padrões de gênero, estilo de vida e aspectos comportamentais e sociais.
O processo da crise de abstinência é cíclico e se torna vicioso. Ele inicia com o consumo de substâncias químicas que provocam alterações no sistema de recompensa cerebral, através de seus efeitos, então frente ao uso frequente e prolongado da substância, o organismo provoca neuroadaptações.
Essas adaptações são de oposição: que é um mecanismo que tem como objetivo derrotar os efeitos da droga fazendo uma força contrária dentro das células e a de de prejuízo: o corpo cria um mecanismos para dificultar a ação das drogas por cima das células, este processo é feito através da redução do número de neuroreceptores que reduz a eficiência do corpo na sua capacidade de ter prazer.
A abstinência é caracterizada pelo comportamento do indivíduo mediante a falta de um produto, ou sensação.
Geralmente quando causadas por substâncias psicoativas a abstinência pode causar grande confusão mental no paciente pois seu corpo está tão necessitado que ele suplica pela substância .
Seus sintomas podem incluir:
- apatia;
- delírios;
- irritabilidade;
- agressividade;
- confusão mental;
- alterações no sono;
- aumento do apetite;
- problemas de memória;
Estas neuroadaptações tem a finalidade de recuperar o equilíbrio perdido, criando assim a tolerância no organismo do dependente químico.
Assim, o dependente diminui o uso de substâncias, com esta interrupção do consumo, a adaptação neurológica aparece, fazendo surgir sintomas opostos aos efeitos da droga.
É a crise de abstinência, que durará enquanto o equilíbrio sem drogas não for restabelecido.
Esta adaptação durará enquanto tiver a abstinência, contudo o retorno ao uso fará todo o ciclo começar novamente, fazendo os efeitos ressurgirem e voltar ao ciclo do vício.
Mudança de comportamento
A mudança de comportamento muitas vezes é a primeira resposta para qualquer patologia mental, pois é uma forma corporal de demonstrar nossas inquietações mentais. E fica mais em evidência quando envolve o vício em remédios para dormir.
Os remédios para dormir são carregados de substâncias químicas como as substâncias benzodiazepínicos, que atua de forma de produzir neuroreceptores sedativos.
O efeito desse sedativo muda obviamente o comportamento e quando usado de modo abusivo esse comportamento fica cada vez mais recorrente, assim como os efeitos de outros vícios a falta dessa substância causa mudanças drásticas, tendo grande potencial de causar crises de abstinência, comportamentos depressivos, ansiosos, neuróticos e psicóticos.
Irritabilidade
A irritabilidade pode ter várias causas, de causas genéticas, biológicas, aspectos sociais, até mesmo um reflexo da sua saúde mental mas no caso da irritabilidade vinda do vício em remédios para dormir, está bem atrelada às crises de abstinência, onde se apresenta como sintoma, com isso o indivíduo começa a expressar comportamentos ríspidos, usar palavras desagradáveis e ter surtos emocionais.
Na irritabilidade existem sintomas físicos como:
- Elevação da temperatura corporal
- Elevação da pressão sanguínea
- Sudorese ou suores frios
- Taquicardia
- Vertigens
- Contração muscular
- Tremores
- Dores de cabeça
- Desgaste físico
- Cansaço
Assim como a irritabilidade tem seus sintomas emocionais como intolerância, impaciência, surto emocional, agressividade e pensamentos negativos, assim esses sintomas geram consequências prejudiciais à saúde física e mental.
Inegavelmente, viver em irritação constante altera o funcionamento de todo o organismo. E como resolução, o indivíduo fica mais suscetível a desenvolver diversas doenças e distúrbios mentais.
Vício em remédio para dormir: quais os perigos
Intoxicação
Um dos grandes perigos do vício causado pelo uso abusivo de medicamentos são as intoxicações que, de acordo com a Unicamp, a maioria dos atendimentos de pacientes intoxicados feitos no Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Universidade (Ciatox), refere-se ao uso desses medicamentos.
Segundo a instituição do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (Sinitox), em termos de intoxicação, os medicamentos superam venenos, drogas e agrotóxicos.
Não é necessário consumir remédios fortíssimos ou de tarja preta para correr o risco de intoxicação. Os vilões mais frequentes, nesses casos, são justamente os remédios para o sono, assim como anti-inflamatórios, e analgésicos , ou seja, os medicamentos que as pessoas consideram inofensivos.
O consumo exagerado e especialmente desnecessário desses medicamentos causa o grande acúmulo dessas substâncias no organismo. Alguns sintomas são sudorese, vômito, tontura, taquicardia, diarreia, mudança de comportamento, sensação de sedação, redução da pressão arterial, alucinações.
Uma grande intoxicação pode ser muito grave e trazer risco de morte com paradas cardíacas.
Interação medicamentosa
Outro grande perigo do uso abusivo de remédios é a interação medicamentosa com outras substâncias, que é quando se mistura o remédio com outra substância química, como álcool, drogas e outros remédios.
Em alguns casos, um medicamento pode anular o efeito de outros, agravando um problema de saúde do paciente, como diabetes ou hipertensão.
O problema mais grave não é a anulação do efeito de medicamentos. Mas a combinação, especialmente quando feita sem prescrição médica, pode fazer com que o organismo seja sobrecarregado com substâncias que compõem esses medicamentos.
Nesses casos, o indivíduo pode ter uma série de reações adversas. Dependendo da gravidade dessas reações, é necessário hospitalizar o paciente.
Existe ainda o perigo da interação entre os remédios e outras substâncias, como álcool e drogas, que pode ser extremamente grave, podendo causar doenças neurodegenerativas.
Dependência Química
Dependência química é um problema crônico, que se caracteriza pela mudança no comportamento do indivíduo ao administrar determinada substância. Como consequência, ele passa a se ver dominado por impulsos, cada vez mais recorrentes, para voltar a fazer uso da droga.
Adotando uma linguagem mais técnica, o quadro nada mais é do que um padrão mal-adaptado do consumo de substâncias, gerando significativos prejuízos clínicos e de ordem emocional.
Nesse caso, os entorpecentes passam a ser um refúgio do adicto na busca por sensações de bem-estar e, consequentemente, alívio de sentimentos ruins, como ansiedade e medo.
Os fatores de risco da dependência química podem ser divididos em três grandes grupos: biológicos, psicológicos e sociais.
Os biológicos são quando você consome uma substância, o sistema nervoso central é afetado diretamente.
Afinal, ele é o principal responsável pela liberação da dopamina, neurotransmissor que gera as nossas sensações de prazer e que é estimulado no uso da droga.
Esse processo também ocorre de maneira natural.
No entanto, ao fazer uso recorrente de drogas, é como se enviássemos uma mensagem para o nosso cérebro dizendo que o único modo de termos acesso a sentimentos positivos é por meio das drogas.
Isso compromete o chamado sistema cerebral de recompensas, que passará a não produzir mais os neurotransmissores de forma natural.
Em outras palavras, o indivíduo passa a ser impulsivo, desejando mais e mais a substância em questão, a fim de revisitar sensações de prazer.
Acontece que, agora, a produção de dopamina está comprometida e, para sentir bem-estar, é necessário consumir doses cada vez mais elevadas e, ainda sim, a duração do feito será menor
Quando as substâncias são administradas como muletas, os psicoativos representam uma fuga da realidade.
Sendo assim, sempre que o adicto se deparar com uma situação desconfortável, vai recorrer a esse artifício.
A dependência química, nesse caso, vai se instalando de forma progressiva como um antídoto psicológico contra o medo, as frustrações e a ansiedade.
Por último, mas não menos importante, temos o aspecto social que hoje em dia, mesmo que a legislação promova graves sanções a quem incentiva o consumo ou venda de substâncias lícitas e álcool para menores de idade, por exemplo, o acesso a eles ainda é muito fácil. até às drogas ilícitas são acessíveis.
Como se livrar do vício em remédio para dormir?
Para se livrar desse problema é importante recorrer à internação de uma pessoa que sofre com vício em remédios para conseguir pegar no sono. A internação pode ser voluntária, involuntária ou compulsória.
Na clínica, o sujeito receberá acompanhamento médico e psicológico para atravessar o processo de desintoxicação com mais segurança, amparo e qualidade de vida.
Ajuda especializada: saiba onde encontrar
A ajuda especializada na recuperação em vícios, pode ser encontrada em clínicas de reabilitação que tem experiência com casos de medicamentos, e que pode dar esse suporte, um bom serviço de recuperação.
A Clínica Recanto oferece esse suporte com tratamentos médicos, psicológicos e também educativos para o paciente e sua família
Você pode encontrar nossa clínica assim como outras fazendo pesquisas nas redes sociais e em sites de busca para o melhor acesso a informações .
Existem também grupos comunitários que ajudam o paciente em sua jornada de recuperação, chamado narcóticos anônimos, onde procurando uma unidade próxima a sua residência você pode comparecer e participar das reuniões acolhedoras, como o Narcóticos Anônimos.
Recursos e Suportes Disponíveis
No vasto espectro dos recursos e apoios disponíveis, as clínicas de recuperação se destacam como pontos de referência na jornada da dependência.
Não menos significativos são grupos como Narcóticos Anônimos, cujos encontros estabelecem-se como uma rede invisível de suporte emocional, transmitindo a mensagem consoladora: “Você não está sozinho nesta trajetória.” A cada testemunho compartilhado, um passo adiante rumo à libertação das amarras químicas.
Caso se encontre imerso no labirinto digital em busca de conhecimento, não há motivo para receios. O acesso à informação funciona como uma salvaguarda contra as ameaças das notícias inverídicas, orientando-o pelo caminho iluminado da conscientização. Navegue, pois as pistas estão disponíveis para quem se dispõe a investigar
Conclusão
O vício em remédios para dormir pode ser algo muito nocivo para a nossa saúde mental e também física, suas substâncias químicas são fortes e se não manejadas do jeito correto pode acarretar em grandes problemas.
Seus riscos como intoxicação, interação medicamentosa, pode trazer grandes consequências a sua saúde que sem ajuda pode se tornar irreversível.
Para tratar esse problema você deve procurar ajuda imediatamente, antes que seja tarde, ao procurar ajuda você está dando um grande sim para a qualidade de vida, reconhecer esse problema é crucial para esse começo.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.