O vício em remédio, ou farmacodependência, é um problema crescente que por vezes não recebe a devida atenção. Embora não seja nenhum crime, esse uso indevido e por vezes abusivo, é nocivo para o corpo e pode gerar dependência.
Isso ocorre muitas vezes pois os pacientes aumentam a dosagem do medicamento por conta própria, por considerar que aquela dose prescrita não está fazendo mais efeito.
O problema é que muitos dos remédios utilizados de forma indiscriminada, como alguns calmantes e ansiolíticos, podem ser mais perigosos que muitas drogas ilícitas.
Continue acompanhando para entender porque a farmacodependência é tão perigosa, quais são seus sintomas e como tratá-la.
O que é vício em remédio?
O vício em remédio é um tipo de dependência química, que se configura pela compulsão e obsessão que a pessoa manifesta com relação a alguma substância. Nesse cenário, se manifestam dois fenômenos: a abstinência e a tolerância.
A tolerância é quando o corpo já se acostumou com determinada substância e é preciso uma quantidade cada vez maior dela para gerar os mesmos efeitos que antes eram conseguidos com bem menos.
Já a abstinência, ou síndrome de abstinência, se manifesta quando a pessoa permanece certo período afastado da substância e pela ausência do consumo, passa a desenvolver sinais e sintomas relacionados, como sendo uma tentativa do corpo de obter mais.
Claro que muitas pessoas não têm a intenção de se tornar dependentes, e estão apenas procurando alívio para dores e sintomas, porém acabam por usar mais do que deviam.
O grande perigo é que a maioria nem cogita que seu amigo, parceiro ou familiar pode estar dependente de remédio. Mesmo que encontre cápsulas e embalagens de remédios não se alarma, afinal, não é o mesmo que encontrar evidências de uma droga ilícita.
Porém, é preciso alertar que as duas situações têm o mesmo nível de gravidade.
Como se chama o vício em remédios?
Já que o vício em medicamentos e remédios é um tipo de dependência química, uma pessoa nessas condições é chamada de dependente químico.
Quais são as consequências do vício em remédio para o organismo?
O uso indiscriminado de remédio pode trazer consequências profundas para o corpo do viciado. Se a condição não for tratada, pode gerar graves sequelas ou até mesmo levar a complicações que induzem a morte.
Primeiramente, quando ocorre o uso de diversos medicamentos de uma só vez, a interação entre eles pode ocasionar reações adversas, com diferentes níveis de gravidade, leves ou bastante sérias, com necessidade de hospitalização.
Além disso, altas dosagens ou superdosagens podem levar à intoxicação, chegando a quadros de alucinações e overdose.
Vale considerar também que muitos remédios, se usados por muito tempo ou de forma excessiva, causam prejuízo aos órgãos internos, como: coração, fígado, rins e estômago. Alguns causam danos no cérebro, com perdas cognitivas e quadros de demência.
Outros efeitos comuns são:
- aumento ou redução da pressão arterial;
- taquicardia;
- alucinações;
- perda de sensação do corpo;
- efeito de sedação;
- vertigem e tontura;
- vômito;
- mudanças no comportamento.
Em todo caso, os efeitos variam bastante, pois dependem do tipo de remédios ingerido, da sua quantidade e se houve combinações com outros remédios.
O que leva uma pessoa a ter vício em remédios?
Existem vários fatores que podem levar uma pessoa a se viciar em medicamentos. O primeiro, obviamente, é o hábito da automedicação.
Essa prática ocorre quando, sem consultar um médico, tomamos um medicamento que já é de costume usar naquela situação, como um analgésico, por exemplo. Às vezes, fazemos isso até por indicação de um familiar ou amigo.
A automedicação pode resolver a situação na hora, mas pode criar tolerância à substância no corpo, fazendo com que você use mais e mais, abrindo caminho para o vício.
O uso indiscriminado também é um fator. Isso acontece quando a pessoa não respeita os períodos de tempo entre cada dose e/ou não respeita as doses recomendadas.
Existem ainda aqueles que procuram especificamente por medicamentos que gerem efeitos alucinógenos e entorpecentes para diversão ou relaxamento. Por exemplo, o purple drank (drink com codeína) hoje é comumente usado nas baladas.
Nesses casos, também podem acabar gerando dependência.
Quais medicamentos podem causar dependência?
Existem vários tipos de remédios que podem causar dependência. Os principais são os ansiolíticos, sedativos, estimulantes e analgésicos opioides (compostos semelhantes à morfina).
Os ansiolíticos são geralmente indicados para transtornos de ansiedade e outros transtornos associados.
Alguns sedativos e remédios para dormir também têm uma chance maior de gerar dependência, pois contém em suas fórmulas benzodiazepínicos e barbitúricos.
Os benzodiazepínicos, assim como os barbitúricos, podem causar efeitos adversos como confusão mental e fala descoordenada. Com o tempo, podem afetar as funções cognitivas como memória, atenção e concentração. É semelhante aos efeitos do álcool, inclusive.
Os estimulantes, como a ritalina, podem viciar devido ao seu potencial de aumentar a dopamina no cérebro, o que pode levar ao uso indevido e dependência se não for usado conforme prescrito.
Os analgésicos também são bem conhecidos por causarem dependência quando usados de forma discriminada. Como dito anteriormente, alguns são opioides, ou seja, derivados da substância do ópio, o que explica o vício.
Por isso, podem apresentar sintomas de abstinência fortíssimos. Mesmo remédios comuns para dor de cabeça, febre e mal-estar, também podem gerar dependência. Mas, tudo depende do uso.
Como saber se a pessoa é viciada?
A pessoa que está sob influência da farmacodependência age como um dependente padrão. Se ficar atento, é possível identificar certos hábitos e comportamentos que evidenciam o vício.
A pessoa geralmente está sempre andando com algum tipo de remédio por perto ou guardando em gavetas e armários.
Ela não respeita os intervalos de tempo de uso nem a quantidade, por isso é bom se atentar se a pessoa toma os medicamentos nas doses certas e no tempo certo.
Mudanças de comportamento e de humor também são comuns, seja por efeitos de medicamentos ou pela abstinência.
Na suspeita, verifique também se a pessoa consegue passar algum tempo longe do medicamento, ou se começa a ter sinais e sintomas adversos. Se acontecer, é sinal de abstinência.
Quais são os sintomas do vício em remédios?
Os sintomas do vício ou dependência de remédios podem ser divididos em duas categorias principais: comportamentais e físicos.
Alguns sintomas comportamentais comuns são:
- uso crescente sem prescrição;
- preocupação com o medicamento;
- falta de controle sobre o uso;
- continuação do uso apesar dos problemas;
- isolamento social.
Enquanto os principais sintomas físicos são:
- sintomas de abstinência;
- tolerância, com necessidade de doses cada vez maiores;
- mudanças no sono ou apetite;
- alterações de peso;
- problemas gastrointestinais.
Como se livrar do vício em remédios?
A dependência de medicamentos só pode ser abandonada com tratamento especializado e adequado.
As opções mais eficazes são a psicoterapia, os tratamentos por medicamentos feitos de forma correta e a internação em uma clínica de recuperação.
Isso porque a desintoxicação de um viciado é um processo que precisa ser controlado e acompanhado por médicos e outros profissionais da saúde.
Afinal, consiste em retirar as substâncias de forma gradual, fazendo o desmame da medicação. Em alguns casos, as substâncias não podem ser retiradas abruptamente pois podem causar sérias complicações.
Então, é preciso deixar que a abstinência aconteça, para assim manter o controle até que o corpo se limpe das substâncias.
Como é o tratamento para o vício em remédios?
O tratamento para a dependência de medicamentos geralmente é multidisciplinar, ou seja, conta com a ajuda de uma equipe composta por médicos, psicólogos e outros profissionais especializados.
Por isso, a internação em uma clínica de recuperação é indicada, especialmente em casos mais sérios. Isso pois se trata de um ambiente controlado e seguro, com monitoramento médico contínuo, suporte terapêutico e isolamento de gatilhos que possam levar a recaídas.
Quanto tempo se cura de um vício?
A recuperação de um vício é um processo individual e pode variar muito. Alguns podem levar meses, enquanto outros podem precisar de anos de apoio contínuo.
Fatores como o tipo de substância, a duração do uso, o suporte disponível e a saúde mental e física do indivíduo influenciam intensamente no tempo de recuperação.
Veja também: Vício tem cura? Entenda quais são os sintomas e como tratar
A importância da clínica de recuperação no tratamento do vício em remédio
A clínica de recuperação é um espaço que irá tratar não só da doença da dependência química, mas também das suas razões psicológicas e sociais.
O objetivo, assim, é procurar resolver possíveis traços deixados pelo abuso de substâncias e buscar um ser humano pronto para voltar à sociedade.
Na clínica, o paciente não terá acesso somente ao tratamento, mas também interação com outras pessoas que estão passando pelo mesmo problema. Também será aconselhado e guiado por pessoas que já foram dependentes químicos e conseguiram se recuperar.
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Conclusão
O vício em remédios é mais perigoso do que se pensa.
Muita gente já está nessa condição, porém não se dá conta, pois a automedicação ocorre com frequência, já que somos incentivados a consumir remédios para quase tudo que nos aflige.
Faça sua parte e conscientize aqueles que ama a respeito do vício em remédio, e se algum deles estiver precisando de ajuda já sabe o que fazer para buscar encontrá-la.
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Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.