O vício em jogos tem se tornado uma realidade cada vez mais frequente, sejam os eletrônicos ou até mesmo os jogos de azar.
Normalmente, o hábito de jogar representa uma forma de diversão e lazer para as pessoas. Por outro lado, um problema começa a se instalar quando esse hábito prejudica as relações sociais, além da vida cotidiana, quando o jogador não consegue mais parar de jogar.
Assim como acontece com a dependência em álcool ou drogas, o vício em jogos não começa de um dia para o outro, mas, se desenvolve de forma gradual.
Alguns fatores de risco podem também contribuir para a dependência em jogos, como por exemplo o biológico, psicológico e sociais, afinal não basta apenas jogar para se viciar.
Portanto, o seu diagnóstico só pode ser realizado através de avaliação de um psiquiatra, e assim como qualquer outro transtorno, requer um tratamento adequado.
Não se pode julgar que alguém seja um viciado e que isso está prejudicando a vida da pessoa sem conhecer mais a fundo o problema.
O que é vício em jogos de azar?
O vício em jogos é classificado pela CID (Classificação Internacional de Doenças) como um transtorno chamado de jogo patológico, que se refere a episódios repetitivos e frequentes de jogos que passam a prejudicar toda a vida da pessoa, interferindo em sua saúde mental e física.
Desta forma, a pessoa muda seus hábitos passando a jogar de forma compulsiva. A pessoa acaba perdendo a capacidade de reconhecer que já não consegue mais viver sem jogar.
O vício em jogos se assemelha à dependência química, em que a pessoa tem a necessidade cada vez maior de usar a droga, para sentir prazer e bem-estar.
O que são os jogos de azar
Especificamente, os jogos de azar consistem em uma prática que pode ser tanto legal, quanto ilegal, em que os participantes ou podem perder ou ganhar muito dinheiro, o que está muito relacionado com a sorte.
Geralmente, envolve jogos de baralho ou em máquinas de caça-níquel, mas pode também ser praticado em games mais simplificados como bingo, apostas esportivas e corrida de cavalos. Note que a maioria dessas atividades são proibidas por lei em nosso país.
É algo que acontece de modo aleatório em que não existe um controle, porém as pessoas que jogam de forma compulsiva não têm noção disso.
O que o vício em jogos de azar pode causar?
Não existe uma única causa que faça com que o indivíduo se torne viciado em jogos, isso faz parte de uma série de fatores de risco.
Vale lembrar da individualidade de cada pessoa, pois o que pode ser prejudicial para um, nem sempre será para outro.
Com isso, o vício em jogos pode causar dependência comportamental, passando assim, a mentir e enganar as pessoas ao seu redor, apenas para continuar jogando.
Em casos frequentes, a pessoa pode acabar também perdendo o emprego por não conseguir cumprir seus compromissos, passando a gastar mais, tendo prejuízos financeiros.
Diante disso, se a pessoa não for diagnosticada e tratada a tempo, corre um grande risco até mesmo de se tornar moradora de rua ou até mesmo vir a cometer suicídio.
A perda de controle, é uma das principais coisas que acometem a pessoa viciada em jogos de azar, a irritabilidade, ansiedade, e insônia por não conseguir dormir, por conta da preocupação excessiva com os jogos e apostas, diante disso, ele passa a ter prejuízos em sua saúde mental e física.
Além disso, a pessoa pode negligenciar os cuidados com a sua higiene pessoal, justamente para permanecer mais tempo jogando, e com isso, acaba não se preocupando mais com alimentação, tendo como único ponto central o ato de jogar.
Muitas vezes, o vício no jogo pode representar uma fuga da realidade. Baixa autoestima, algum transtorno como depressão ou ansiedade, sofre bullying ou pressão seja na escola ou trabalho, ou até mesmo a própria impulsividade podem fazer com que uma pessoa se torne viciada em jogos de azar por exemplo.
Os Efeitos Negativos na Saúde Física devido ao Vício em Jogos
Mesmo antes da chegada da internet em 1988, os jogos de azar já eram popularizados na sociedade. Após a disseminação da internet, o vício de jogos eletrônicos cresceu rapidamente e de maneira extravagante, e isso tem gerado preocupações não somente à saúde mental, mas também em relação aos impactos negativos causados na saúde física.
Sedentarismo
Uma das preocupações mais evidentes relacionadas ao vício em jogos é o sedentarismo. Segundo o Portal do Governo Federal, muitos jogadores passam longas horas imersos em suas telas, frequentemente negligenciando a atividade física regular. A falta de exercício pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo ganho de peso, enfraquecimento muscular, má circulação sanguínea e um risco aumentado de doenças cardiovasculares. Estudos têm mostrado que o sedentarismo prolongado pode ter sérios impactos negativos na saúde física.
Distúrbios do Sono
O vício em jogos também pode interferir significativamente no padrão de sono dos jogadores, segundo o National Geographic, o uso excessivo de telas afeta o cérebro de maneira a causar distúrbios de sono. A privação de sono adequado pode levar à fadiga durante o dia, dificuldades de concentração, aumento do estresse e, a longo prazo, pode agravar problemas de saúde, como obesidade e doenças cardiovasculares.
Problemas de Saúde Ocular
O vício em jogos pode prejudicar a saúde dos olhos devido ao tempo prolongado diante das telas. Isso pode levar à “síndrome da visão do computador”, com sintomas como olhos secos, fadiga ocular, dores de cabeça e visão embaçada. A exposição à luz azul das telas antes de dormir pode afetar o sono e a saúde física. Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SOB), estudos mostram que até 90% das pessoas que passam mais de três horas por dia em dispositivos eletrônicos sofrem de fadiga visual, incluindo fadiga ocular, olhos secos, dores de cabeça, desconforto muscular, sensibilidade à luz e visão turva.
Em resumo, o vício em jogos eletrônicos não se limita apenas à saúde mental; ele também apresenta sérios riscos à saúde física. É crucial que os jogadores e suas famílias estejam cientes desses perigos e adotem medidas para equilibrar o tempo dedicado aos jogos com atividades físicas saudáveis, práticas de sono adequadas e cuidados com a saúde ocular. O equilíbrio é fundamental para desfrutar dos jogos de forma responsável e manter uma boa saúde física.
O impacto do vício em jogos
A preocupação em relação ao impacto do vício em jogos está em constante crescimento, pois esse problema pode ter efeitos substanciais que afetam várias áreas da vida do dependente.
Impacto nas relações pessoais
Segundo o Jornal do Brasil, o vício em jogos pode prejudicar as relações pessoais, pois o jogador pode priorizar o jogo em detrimento de outras atividades, como passar tempo com a família e amigos. O vício em jogos também pode levar a conflitos e discussões com os entes queridos.
Impacto na vida profissional
O vício em jogos pode prejudicar a vida profissional, pois o jogador pode faltar ao trabalho ou ao estudo, ou pode se concentrar menos em suas tarefas. O vício em jogos também pode levar a problemas financeiros, pois o jogador pode gastar dinheiro com jogos ou jogos de azar.
Como uma pessoa se torna viciada em jogos de azar?
São muitos os fatores que facilitam esse processo que vai muito além do simples ato de jogar.
No início, pode parecer uma forma de diversão, entretenimento ou lazer, mas com o passar do tempo a pessoa muda seu comportamento e o que poderia ser um simples hábito, torna-se prejudicial.
As causas que tornam uma pessoa viciada são inúmeras e podem incluir a necessidade de dinheiro ou de simplesmente experimentar algo novo ou por status social, e assim acaba gerando um ciclo que pode ser a chave do início do vício em jogos de azar.
Como saber se uma pessoa é viciada em jogos?
Através de alguns comportamentos é possível chegar a reconhecer se uma pessoa é viciada em jogos. Muitas vezes os sinais são bem parecidos com os de outros vícios e compulsões, sendo difícil não perceber a mudança de comportamento.
A perda de controle é um dos principais sinais que repercutem no hábito de jogar. Quando a pessoa fica sem jogar, por exemplo, pode ter sintomas de abstinência, como ansiedade e irritabilidade, além de mau humor e depressão.
E com isso, a pessoa que possui vício em jogos tenta parar mas não consegue, e busca a todo custo esconder a sua prática. A pessoa negligencia totalmente a sua vida, em função do jogo, isolando-se de outras atividades, prejudicando o seu tempo e energia.
Perceba como são comportamentos muito semelhantes aos viciados em drogas.
Como ajudar uma pessoa viciada em jogos de azar?
Quando se percebe a necessidade, em que a pessoa já ultrapassou o limite, e assim começa a manifestar os sintomas falados no tópico anterior, uma avaliação médica precisa ser realizada, e com o possível diagnóstico, um tratamento correto deve ser iniciado.
Um viciado muitas vezes não reconhece seu problema e por isso, pode acabar sendo um grande desafio convencê-la de que precisa de ajuda para parar de jogar.
Por conta disso, todo o apoio e compreensão são necessários por parte da família e amigos, para que o diálogo e confiança sejam estabelecidos nesse momento.
O médico psiquiatra é o profissional que irá fazer a correta avaliação do paciente, e se diagnosticada, alguns métodos de tratamento como a psicoterapia e grupos de apoio por exemplo podem ser prescritos.
Estes métodos podem auxiliar a pessoa a viver de modo mais saudável, livre da compulsão por jogos que tanto prejudicam a sua vida e saúde.
Quais são os tratamentos para vício em jogos?
Os tratamentos e métodos dependem e muito do nível de gravidade e da própria personalidade da pessoa.
A psicoterapia cognitivo-comportamental se refere a um dos principais métodos utilizados nesse caso.
Além disso, grupos de apoio de pessoas que sofrem com o mesmo problema, também podem ser indicados, pois o compartilhamento de experiências de vida e de superação representam um suporte nesse momento.
Medicamentos também podem ser prescritos pelo médico psiquiatra em alguns casos, pois ajudam a diminuir alguns sintomas como a compulsão e os sintomas desagradáveis da abstinência.
Vale lembrar que mesmo com o tratamento, a pessoa com vício em jogos possui riscos de recaída, por isso a importância da continuidade do acompanhamento de seu tratamento.
O papel da clínica de reabilitação no tratamento do vício em jogos de azar
Uma clínica de reabilitação garante todo o suporte de que a pessoa viciada em jogos necessita, pois possui uma equipe multidisciplinar disponível para fazer a correta avaliação.
Ela possui o papel de estar auxiliando o paciente no restabelecimento de sua saúde física e mental, além de dar a oportunidade para que a pessoa possa mudar seus hábitos e comportamentos, adquirindo assim, uma nova visão sobre a sua vida como um todo.
O paciente possui a oportunidade de se recuperar e abolir de modo seguro e eficaz a sua compulsão aliada a falta de controle sobre os jogos.
As clínicas do Grupo Recanto possuem todo o conforto e segurança, além de profissionais bem capacitados, contamos com uma estrutura adequada tendo como principal objetivo colaborar para a completa estabilização e equilíbrio da saúde do paciente sem a presença do vício.
Clique aqui para saber sobre as clínicas de recuperação do Grupo Recanto!
Conclusão
A busca por diversão, dinheiro, status, ou até mesmo uma simples curiosidade, pode acabar gerando um grave problema.
Nunca se sabe o que ou a quem o vício em jogos pode afetar, pois são muitos os fatores de risco que podem contribuir para que se torne uma dependência.
Por conta do vício, a pessoa perde o discernimento, preferindo muitas vezes mais uma partida do que, por exemplo, ir para a reunião de seu trabalho, prejudicando assim a sua vida pessoal, pela falta compulsão e falta de controle.
O comportamento de uma pessoa viciado em jogos se torna evidente, pois, alguns sintomas podem ser observados pelas pessoas ao seu redor, como irritabilidade, insônia, ansiedade ou depressão por exemplo.
Por isso, o apoio da família e amigos é um grande aliado nesse momento para uma pessoa dependente de jogos.
Portanto, muitas vezes uma clínica de reabilitação pode ser uma boa opção a ser considerada, pois, elas possuem todo o suporte necessário para fazer com que a pessoa se livre de seu vício.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.