O transtorno dissociativo de identidade é também conhecido como transtorno de personalidade múltipla e se configura como um transtorno mental no qual uma pessoa se comporta com duas ou mais personalidades diferentes, onde elas variam seus pensamentos, memórias, sentimentos e até mesmo ações.
Esse transtorno apresenta a incapacidade de recordar alguns eventos que acontecem no dia-a-dia, algumas memórias, além de eventos traumáticos e estressantes.
Muitas vezes abordados em filmes por conta da grande capacidade da mente humana de poder construir novas personalidades como um certo mecanismo de defesa.
Alguns filmes que abordam esse transtorno são: Fragmentado, Psicose, Cisne Negro, Clube da Luta; onde é curioso notar os diferentes aspectos da mente humana, o quanto sofrem essas pessoas que possuem o transtorno, pois muitas vezes elas não tem nem noção de que sofrem do mesmo.
É um transtorno que precisa constantemente de acompanhamento psicológico, para que o profissional de saúde conheça cada personalidade e como ela se comporta, além de comunicar a pessoa de origem como conviver com esse transtorno.
Algumas dessas personalidades podem vir de eventos traumatizantes resultado de um espelhamento da personalidade de algum ente querido perdido tragicamente, por exemplo.
Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI): o que é?
O transtorno dissociativo de identidade, é um transtorno caracterizado por formar personalidades múltiplas em um mesmo corpo, advindas de eventos traumatizantes, muitas vezes não superados pelo sujeito, onde essas personalidades são formadas como uma forma de defesa daquele indivíduo.
Geralmente uma pessoa que tem uma personalidade principal, mas passiva e introvertida, que sofre abusos, é vítima de agressões, pode acabar quebrando sua estrutura de personalidade, e formando uma nova, mais agressiva e raivosa, para “reagir” diante ao trauma do abuso.
Sendo assim, esse transtorno pode apresentar riscos à vida do paciente, uma vez que suas múltiplas personalidades podem fazer com que se coloque em perigo, cometendo atos que não são lembrados pela sua personalidade primária, entrando num estado de sofrimento.
Principais sintomas do Transtorno Dissociativo de Identidade
Assim como os outros transtornos psicológicos, o TDI também possui seus sintomas principais e é preciso ficar atento caso ele se apresente em pessoas próximas a você, para que possa encaminhá-lo para um profissional da saúde mental o quanto antes.
Psicose
A psicose é um dos sintomas causadores desse transtorno, pois ela se apresenta quando a nossa mente não possui uma diferenciação do que é real ou não. Na psicose são apresentados, recorrentemente, delírios e alucinações. A ligação do TDI com esse sintoma está justamente ligado a essa falta de percepção e dificuldade de entendimento da realidade, o paciente não consegue perceber quem é ele e quem é a outra personalidade.
Ansiedade e depressão
Ansiedade, assim como a depressão, também se apresentam nesse transtorno, uma vez que muitas vezes ele traz características advindas de grandes traumas e o paciente que não trata esse trauma acaba gerando esses sintomas citados por viverem em estado de sofrimento e não conseguirem superar seus traumas.
Sendo assim, o transtorno de identidade também causa uma confusão mental no paciente, gerando grande angústia causando essas crises emocionais.
Dificuldade em lembrar de eventos simples do dia a dia
É comum dentro do Transtorno Dissociativo de Identidade se ter casos reais de perda de memória. Muitas vezes, quando alguém sofre desse transtorno, ocorre de não lembrar como foi parar em um lugar desconhecido, ou de não lembrar de informações faladas com ele. Isso apresenta um certo risco pois a pessoa não tem noção de quanto tempo teve o evento da perda de memória, podendo ter feito atitudes que não correspondam ao seu comportamento, além de ter prejudicado pessoas sem lembrar do fato.
Como se comporta uma pessoa com transtorno dissociativo de identidade?
O transtorno dissociativo de identidade ocorre rapidamente fazendo com que talvez a pessoa nem tome conhecimento do fenômeno desse transtorno, influenciando diretamente no seu comportamento, uma vez que a outra identidade pode agir de modo diferente da identidade primária.
Geralmente uma pessoa que sofre desse transtorno se comporta apresentando dificuldade de se lembrar de algumas atividades do dia-a-dia, algumas informações pessoais de importância, além de traumas ocorridos. Essa perda de memória pode ser chamada de amnésia dissociativa. Além de possuir ansiedades do cotidiano, como não conseguir dormir, por medo de ir parar em algum lugar desconhecido, ou ter feito algo sem a intencionalidade.
O que é um alter TDI?
O conceito de alter TDI pode ser tirado do que entendemos na Psicologia como alter ego. Sendo assim, se o alter ego é o local onde se encontra o registro de nossas memórias e as interações emocionais contidas nela, o alter TDI pode ser configurado como: um conjunto de personalidades que uma pessoa que possui o Transtorno Dissociativo de Identidade tem operando na sua psiquê.
Dentro da psiquê as personalidades vão variando entre umas e outras, durante os fenômenos que despertam cada uma delas. É importante para o sujeito reconhecer e conhecer através do terapeuta seus alter TDI, para entender também o que pode ter gerado o transtorno.
Como acontece o diagnóstico do Transtorno Dissociativo de Identidade
Para que ocorra o diagnóstico de transtorno é preciso ter um certo conhecimento sobre os transtornos psicológicos e seus potenciais sintomas, o que também requer um entendimento de fenômenos dissociativos e questões sobre ele.
Muitas vezes um dos modos de diagnóstico é a entrevista prolongada, um dos instrumentos da psicoterapia. Mas também se utilizam de hipnose, além de entrevistas facilitadas por fármacos, como barbitúricos e benzodiazepínicos. Além disso, um ótimo método é pedir para que o paciente mantenha um registro diário entre as consultas.
Esses métodos têm como objetivo, comprovar a certa alternância entre as identidades e assim o médico pode fazer uma tentativa de comunicar-se com cada identidade, com base na observação dos comportamentos.
TDi e o sofrimento psicológico: como ajudar os pacientes?
Por ser um transtorno tão difícil de lidar, que por sua vez muito se é perguntado de como se pode ajudar o paciente. Mas é importante para a pessoa que sofre desta patologia ter conhecimento de como se configura esse transtorno.
Para que ele entenda, é preciso que ele tenha conhecimento dos sintomas do TDI. Incentivá-lo a procurar uma terapia, assim como explicar para as pessoas próximas a ele a situação, para que elas sejam abertas a compreender cada personalidade ali presente e que tenha uma boa relação com cada uma delas.
Um profissional que tenha uma melhor compreensão dos aspectos psíquicos que envolvem o transtorno dissociativo de identidade, pode fazer essa introdução do TDI da forma correta.
Também é importante assegurar o corpo da personalidade primária para que as outras identidades não representem um risco para esse organismo.
O que pode causar transtorno dissociativo de identidade?
As causas podem ser várias mas, entre as principais, o TDI está atrelado a traumas vividos na infância, muitas vezes esses eventos traumatizantes estão ligados a abusos, violências, vividas nessa fase da vida, onde essas crianças não têm a oportunidade de superar seus grandes traumas, acabando por reprimir seus sentimentos.
Sendo assim, a estrutura da personalidade dessa pessoa acaba se desestruturando, e muitas vezes gerando um novo comportamento ou identidade, para que ela se “proteja” de alguma forma desses traumas: seja esquecendo do evento ou reagindo através dessa nova identidade – podendo gerar personalidades agressivas, egoístas, muitas vezes depressivas. Caso essas identidades não passem pelo tratamento psicológico correto ela pode representar um potencial perigo para esse sujeito
Conflito interno entre as personalidades: saiba como acontece
As personalidades muitas vezes possuem características distintas, sendo assim, tendo princípios e valores diferentes, podendo haver conflitos entre o que cada uma quer, para aquele corpo.
Muitas vezes também é comum haver uma identidade que quer está sempre no controle das outras, mesmo que ela não seja a personalidade primária daquela psiquê, comandando quando as outras personalidades podem surgir, manipulando e muitas vezes entrando em conflito e disputando esse papel com as outras.
Esse conflito pode gerar ao paciente, sintomas depressivos, obsessivos, tendo um alto potencial de abuso de substâncias. Uma vez que ele se encontra numa luta diária entre ele e suas outras identidades, muitas vezes o sujeito perde até mesmo a identificação consigo mesmo, fazendo necessário tratamentos médicos e psicoterapêuticos para que se possa promover sua saúde, tanto mental, quanto física.
Tratamentos para o Transtorno Dissociativo de Identidade
O tratamento para o transtorno dissociativo de identidade é de grande importância e indispensável para que o paciente tenha a possibilidade de promover uma análise de si próprio, entender quais eventos podem ter causado as origens. Além de, através da terapia, fazer com que o processo de recuperação e superação desses eventos traumatizantes sejam iniciados e trabalhados.
Além disso, o tratamento em conjunto com psiquiatras e medicamentos podem ajudar a controlar o quadro junto com um trabalho focalizado, que pode ser promovido em clínicas especializadas nesse contexto.
Psicoterapia
A psicoterapia é um dos elementos mais importantes do tratamento, uma vez que através dela que se vai inserir uma forma de tratamento que engloba os aspectos psicológicos que acercam o transtorno, já que sua origem está diretamente ligada a alguns traumas, assim como cada identidade tem seus aspectos emocionais para ser tratado. Com a psicoterapia será possível um tratamento que ajude o paciente a entender seu TDI, e suas alter TDI.
Uma das prioridades do tratamento psíquico é garantir a segurança dos pacientes, através da estabilização do paciente. Esse processo é feito antes mesmo de avaliar as experiências traumáticas, saber as razões das dissociações, e explorar as identidades problemáticas.
Medicamentos
Para que se inicie o tratamento através de medicamentos é preciso ter acesso a um psiquiatra que irá avaliar as condições da pessoa que sofre desse transtorno. Muitas vezes o paciente apresenta quadros depressivos, ataques de pânico e psicoses. E esses medicamentos também ajudam com os sintomas de abusos de substâncias. Vão auxiliar, junto a psicoterapia, a tratar a dissociação e também os quadros dos outros sintomas anteriormente ditos.
Vale ressaltar também que somente o uso de remédios não tratam o transtorno dissociativo por completo. Uma vez que eles não abordam o tratamento das dissociações de identidade, um trabalho feito pela psicoterapia. Sendo preciso um trabalho conjunto desses dois tipos de tratamento.
Internação
Dentro do tratamento de Transtorno dissociativo de identidade, também é usada a internação. Através desse método o paciente poderá ser monitorado diariamente, além de poder receber um tratamento focado no seu problema específico.
Nela seu acompanhamento diário também gerará evoluções do seu quadro, os medicamentos vão ser dados na hora certa, além das intervenções terapêuticas que pode receber, esse tratamento intensivo se mostra eficaz no transtorno, que se mostra ser diferente demais de todos os outros, por isso a internação é um ótimo caminho para que se possa assegurar que o tratamento esteja sendo feito todos os dias.
Tendo um alto potencial de melhora. Uma vez que, se os medicamentos certos forem tomados na hora correta e se o psicoterapeuta puder acompanhar de perto seu paciente, a chance de evolução desse paciente é maior.
Conclusão
O transtorno dissociativo de identidade é uma patologia difícil de lidar, uma vez que ela não é recorrente na sociedade e por trás dele se tem eventos traumatizantes que, por sua vez, apresentam uma certa dificuldade de superá-los.
Esse tipo de transtorno consiste na formação de múltiplas personalidades muitas vezes a partir de traumas sofridos na infância do sujeito que não conseguiram ser superados pelo mesmo, sendo assim sua mente forma identidades para que possam reagir por ele.
Seu difícil tratamento tem essa característica porque nele são tratados aspectos diferentes de personalidades muitas vezes distintas, que entram em conflito para ter o comando do corpo, ou para que o sujeito tome as decisões baseadas nas suas ideias, fazendo o paciente perder a identificação consigo mesmo, gerando quadros depressivos, onde podem acarretar o abuso no consumo de substâncias, podendo potencializar psicoses e crises de pânico causadas pelo TDI.
Sendo assim, ficar atento aos sintomas apresentados é de grande necessidade. Uma vez que, a partir dessa identificação, poderá ser iniciado um tratamento para esta pessoa, com psicoterapeutas e psiquiatras, para que seja tratado explorando cada uma de suas identidades, buscando suas origens, tentando ajudá-lo a superar seus traumas, fazendo uso de medicamentos que o ajudem a reduzir seu quadro depressivo e psicótico.
Além disso, é importante que esse trabalho seja feito de modo com que o acompanhamento desse paciente seja constante, onde as demandas que aparecem podem ser tratadas. Uma internação entrega um serviço focalizado, específico e acompanhando de perto a evolução do sujeito.
Grupo Recanto – O lugar para recomeçar
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.