Você sabe como funciona o tratamento da depressão? A incidência desse que é conhecido como o “mal do século” vem aumentando cada vez mais, em todo o mundo.
No Brasil, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão já afeta mais de 11 milhões de brasileiros. Esse é o maior número de casos em toda a América Latina.
Um estudo epidemiológico do Ministério da Saúde revela que nos próximos anos até 15,5% da população brasileira pode sofrer depressão pelo menos uma vez ao longo da vida.
Já em escala global, estima-se que mais de 350 milhões de pessoas já sejam portadoras da doença – que é caracterizada como sendo de múltiplos fatores, sendo eles emocionais, psicológicos, sociais e biológicos.
Assim, sua complexidade demanda tratamentos capacitados e específicos, que englobem todos esses fatores, além da própria subjetividade de cada pessoa afetada.
Para entender melhor quais são os tipos de tratamento da depressão e como eles funcionam, continue lendo este artigo.
O que é depressão?
A depressão é uma doença psiquiátrica caracterizada por um conjunto de sintomas que afetam o humor, o pensamento e o comportamento da pessoa.
É importante falar que há uma certa confusão entre depressão e tristeza. Embora estejam relacionadas, são questões diferentes.
A tristeza é um sentimento comum e passageiro, mas quando se torna persistente e está associada a pensamentos irracionais e outros sentimentos negativos, é um indicativo de depressão.
Além disso, a depressão é frequentemente confundida com a ansiedade e outros transtornos ansiosos.
No entanto, a ansiedade se caracteriza por inquietação e ocorre mesmo em situações que não justificam tamanha energia despendida de forma desordenada.
A depressão, por sua vez, afeta não apenas o aspecto psicológico, mas também o corpo como um todo, podendo até modificar o humor e as emoções.
Agora, veja como é feito o tratamento da depressão.
Leia também: Entenda os tipos de depressão, sintomas e saiba quando pedir ajuda
Como é o tratamento da depressão?
O tratamento da depressão geralmente é feito com o acompanhamento terapêutico e, em alguns casos, com medicamentos prescritos por um médico psiquiatra.
Com mais de 30 tipos de antidepressivos disponíveis, o tratamento medicamentoso é adaptado para cada paciente. É bastante indicado para normalizar alterações cerebrais associadas à depressão.
É importante esclarecer que os antidepressivos não são como drogas ilícitas. Ou seja, eles não causam euforia, vício ou efeitos drásticos.
Já o acompanhamento terapêutico, realizado com um psicólogo, oferece um espaço seguro e acolhedor para que o paciente expresse seus sentimentos, pensamentos e experiências com a depressão, sem julgamentos.
Essa escuta ativa e empática promove o alívio do sofrimento emocional e a sensação de não estar sozinho.
Quais são as fases do tratamento da depressão?
O tratamento da depressão deve ser feito de forma gradual, se dividindo em até três fases: aguda, continuação e manutenção.
A aguda dura até 8 semanas, em média, e visa a diminuição dos sintomas e melhora das funções psíquicas e sociais do paciente.
Já a continuação é a fase com foco na prevenção de recaídas, buscando também a recuperação total da organização psicossocial. Essa fase dura cerca de 4 a 9 meses.
Por fim, a última fase é a de manutenção e tem um tempo indefinido, pois com os problemas anteriores tratados, agora o foco está na prevenção das recorrências.
Quanto tempo dura o tratamento da depressão?
O tempo máximo de tratamento da depressão é indefinido. Apenas as fases agudas e de continuação têm prazos definidos, como explicado anteriormente.
A fase manutenção não possui tempo limite, justamente porque o processo de cura varia de pessoa a pessoa: uns conseguem se recuperar um pouco mais rápido, ao passo que outros não.
Também é preciso considerar que episódios de recaídas e crises acontecem, mesmo depois de anos, o que demanda o reinício do tratamento. Nesses casos, em específico, é preciso considerar que cada etapa geralmente demora ainda mais.
Além disso, alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo que pode levar vários anos ou até a vida inteira.
Quais são os métodos utilizados para tratar depressão?
Como já mencionamos, os principais métodos para tratar a depressão são o acompanhamento terapêutico e a medicação, muitas vezes combinados.
Entretanto, há variações em abordagens terapêuticas, além da existência de outros métodos que podem ser utilizados em conjunto com os principais. Isso depende de cada caso e das necessidades do paciente.
A OMS recomenda a multiplicidade de métodos complementares nos tratamentos da depressão.
Veja a seguir, alguns deles:
- Psicoterapia: através de sessões com um psicólogo, o paciente aprende a lidar com os sintomas da depressão, modificar pensamentos negativos e desenvolver mecanismos para lidar com o estresse;
- Fármacos: antidepressivos e outros medicamentos podem ser prescritos por um psiquiatra para auxiliar no controle dos sintomas da depressão;
- Ativação comportamental: focada na retomada gradual das atividades diárias do paciente, promovendo a sensação de realização e autoestima;
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC): ajuda o paciente a identificar e modificar pensamentos distorcidos que contribuem para a depressão;
- Grupos de apoio: proporcionam um espaço para compartilhar experiências, sentimentos e receber apoio mútuo entre pessoas que também estão enfrentando a depressão;
- Tratamentos naturais: a prática regular de exercícios físicos, uma alimentação balanceada e técnicas de relaxamento, como meditação, também podem auxiliar no tratamento.
Tratamentos alternativos para depressão são confiáveis?
Embora sejam ferramentas poderosas de auxílio no combate à depressão, os tratamentos alternativos não podem ser usados sozinhos, sem a prática terapêutica e medicação.
Por isso, práticas como meditação, mindfulness, yoga, dança, assim como o exercício físico e a alimentação, podem (e devem) ser usadas, mas de forma complementar.
Essas atividades são importantes por uma série de motivos, mas principalmente porque liberam os hormônios do prazer e bem-estar, reduzem os níveis de cortisol, aliviando o estresse e os sintomas depressivos.
Quais são as causas da depressão?
Não é possível apontar uma única causa para a depressão. Mas já é possível compreender que o transtorno é desencadeado por aspectos biopsicossociais, dentre eles: predisposição genética, experiências recentes ou traumas.
Além desses aspectos, até mesmo uma alimentação desequilibrada e falta de exercícios físicos contribuem para o surgimento da doença, pois têm relação direta com a liberação de hormônios do bem-estar e do prazer.
Nesse sentido, muitas pessoas se perguntam quais fatores de risco podem provocar o surgimento da depressão. Abaixo, listamos alguns deles:
- Abuso de substâncias;
- Morte e perda, geralmente recente;
- Abusos sofridos durante a vida, sejam eles sexual, físico ou psicológico;
- Uso de medicações específicas (um exemplo são os corticoides, que aumentam a chance de desenvolver a depressão);
- Genética e alterações hormonais (há pessoas que têm mais predisposição, mediante o histórico da família);
- Doenças crônicas.
Principais sintomas da depressão
Os sintomas depressivos e suas intensidades variam de acordo com o grau da doença, que pode ser leve, moderado ou grave.
Além disso, a presença de comorbidades, isto é, outras doenças em decorrência da depressão, é bastante comum nesse tipo de transtorno, o que pode trazer outros sintomas decorrentes de outras doenças.
Em todo caso, os principais sintomas da depressão são:
- Alterações do ciclo do sono;
- Alterações do apetite;
- Cansaço persistente;
- Fraqueza no corpo;
- Angústia;
- Apatia;
- Tristeza profunda e persistente;
- Perda do prazer em atividades que antes eram prazerosas;
- Pessimismo constante;
- Medos irracionais;
- Irritabilidade;
- Baixa capacidade de concentração;
- Ideações suicidas (não é comum em todos os casos).
É possível prevenir a depressão?
Sim, há uma série de hábitos que, além de contribuir para uma melhor saúde geral, também ajudam a prevenir a depressão. Esses hábitos incluem, é claro, os cuidados com a mente e as emoções, e também cuidados físicos.
Afinal, a depressão também possui fatores biológicos em suas causas, como o descontrole hormonal.
Por isso, uma alimentação balanceada associada com a prática regular de exercícios ajuda não só a lidar melhor com o estresse da rotina como também regula a produção e liberação de “hormônios do bem”.
Já no aspecto emocional e psicológico, a terapia não serve apenas como forma de tratamento, mas também de prevenção, pois ajuda a tratar das possíveis causas antes que se torne um transtorno.
Por fim, manter a mente ocupada de forma ativa, com hobbies e atividades prazerosas, ajuda a evitar o predomínio de pensamentos negativos.
Como a depressão é diagnosticada?
O diagnóstico da depressão é clínico, feito pelo médico, especialmente o psiquiatra, após avaliação do paciente.
O diagnóstico é feito após uma análise do histórico de vida e clínico do paciente, juntamente com suas queixas e histórico de saúde familiar.
Vale lembrar que não existem exames laboratoriais ou de imagem específicos para diagnosticar depressão.
Mas, durante a consulta, o médico psiquiatra pode aplicar testes psicológicos e questionários para ajudar na identificação dos sintomas.
Qual a importância de procurar tratamentos para a depressão?
A depressão é um transtorno sério que afeta não apenas a pessoa em si, mas também aqueles ao seu redor. Se não tratada, pode levar a consequências graves, como piora dos sintomas, isolamento social e tentativas de suicídio.
Por isso, o tratamento adequado, com acompanhamento profissional, é fundamental para a recuperação da pessoa.
Através de terapia, medicação, terapias complementares e, em alguns casos, internação psiquiátrica, é possível reduzir a intensidade dos sintomas, lidar com as causas da doença e desenvolver mecanismos para prevenir recaídas.
Vale acrescentar que as clínicas especializadas oferecem um tratamento multiprofissional que aborda as áreas biológicas, psicológicas e sociais do paciente.
Através de uma avaliação individualizada, a equipe define o melhor método de tratamento, que pode incluir terapia individual ou em grupo, terapia ocupacional, atividades físicas, educação em saúde e manejo da medicação, entre outros.
Onde procurar tratamento da depressão?
Para encontrar profissionais especializados no tratamento da depressão, existem os consultórios particulares de psicólogos e psiquiatras, em que o paciente pode entrar em contato diretamente.
Também é possível acessar tratamento pela rede pública de saúde, através da unidade do CAPS (Centro de atenção psicossocial) mais próximo da sua região.
Além disso, o Grupo Recanto possui uma clínica especializada em internação com atendimento psiquiátrico. Saiba mais sobre como são os nossos tratamentos a seguir.
Como são os tratamentos para depressão da clínica Grupo Recanto?
Os tratamentos da depressão em nossas clínicas do Grupo Recanto são diversos, completos e adaptados a cada paciente.
Temos uma abordagem multidisciplinar, com vários tratamentos integrados, como: psicoterapias, meditação, yoga, uso de medicamentos (quando necessário), prática de exercícios físicos, boa alimentação, sonoterapia, laborterapia e muito mais.
Para realizar esses tratamentos e atuar como rede de apoio à família, temos profissionais de diversas áreas, como:
- nutricionistas;
- enfermeiros;
- técnicos de enfermagem;
- psicólogos;
- médicos clínicos;
- psiquiatras;
- farmacêuticos;
- assistentes sociais;
- terapeutas ocupacionais;
- educadores físicos.
Conclusão
A depressão é uma doença complexa que exige um tratamento individualizado e abrangente.
A combinação de terapia e medicação, geralmente acompanhada por mudanças no estilo de vida, é fundamental para a recuperação da maioria dos pacientes.
Em alguns casos, especialmente os mais severos, a internação em clínica de recuperação pode ser necessária para que o paciente tenha um tratamento intensivo e multiprofissional.
Independentemente da gravidade do quadro, buscar ajuda profissional é o primeiro passo para superar a depressão e alcançar uma vida mais plena.
Para isso, conte com o Grupo Recanto! Acesse aqui o nosso blog e se informe sobre outros assuntos relacionados.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.