Uma pessoa que sofre de ansiedade e depressão está sujeita a momentos críticos de crise.
Alguns sintomas de crise de ansiedade são bem característicos e fáceis de serem identificados.
Outros são mais complexos e, geralmente, envolvem algum tipo de tratamento.
Vamos falar mais deles neste artigo.
Boa leitura!
Ansiedade no Brasil
O Brasil se tornou o país mais ansioso do mundo em meio a pandemia do COVID-19 segundo a pesquisa da OMS (organização mundial de saúde).
Com mais pessoas ansiosas temos também uma chance maior de pessoas passarem por crises de ansiedade, sendo considerado um momento de aumento de intensidade dos sintomas da ansiedade e de desorganização.
A crise costuma surgir em situações de grande estresse, trauma ou descontrole emocional, produzindo angústia e insegurança, além dos sintomas do transtorno de ansiedade que a pessoa tenha.
Em situações de alerta como a em que vivemos hoje é ainda mais fácil que uma crise de ansiedade se desencadeie.
Além disso, um transtorno ansioso possui uma chance de aproximadamente ¼ (25%) de evoluir para uma depressão, assim como de desenvolver outras comorbidades.
Outras comorbidades possíveis são fobias (em especial a fobia social), transtorno de pânico e outros transtornos depressivos.
O que é crise de ansiedade?
A ansiedade em si não é um problema, na verdade em níveis normais ela nos ajuda a nos prepararmos para as situações futuras e situações de conflito.
Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) revelou que após a pandemia mais de 80% dos brasileiros ficaram mais ansiosos, possuindo sintomas moderados a graves de ansiedade.
Quando a ansiedade se dá em uma maneira exacerbada e que gera prejuízos, podem surgir os transtornos ansiosos, que geram sintomas físicos e psicológicos que atrapalham o funcionamento do cotidiano da pessoa.
Assim, esses transtornos podem ocasionar uma crise de ansiedade em seus portadores, quando estiverem sobre situações de estresse, medo e conflito, e por vezes até sem fazerem nada.
A crise de ansiedade assim se configura como o descontrole de sensações e sentimentos, manifestando principalmente as inseguranças, medos e emoções descontroladas.
A crise tem duração limitada e afeta corpo e mente, a pessoa começa a manifestar sintomas típicos de seu transtorno ansioso, porém com intensidade muito maior.
Quais são os sintomas de crise de ansiedade?
Os sintomas de manifestação da crise de ansiedade podem se dar de maneira física e psicológica.
Frequentemente as duas manifestações acontecem ao mesmo tempo, deixando a pessoa em estado de alerta como se algo muito grande e ruim fosse acontecer.
Veja abaixo os sintomas mais comuns de cada tipo:
Sintomas físicos da crise de ansiedade
- Aumento da circulação e pressão sanguínea;
- Palpitações;
- Batimentos acelerados;
- Dores no peito;
- Músculos tensionados;
- Tontura e enjoo;
- Tremores;
- Boca seca;
- Suor excessivo;
- Suor frio;
- Hipersensibilidade de alguns sentidos;
- Pele fria;
- Agitação dos membros do corpo;
- Dor e desconforto abdominal
Sintomas psicológicos da crise de ansiedade
- Sensação de falta de ar;
- Falas aceleradas;
- Inquietação;
- Nervosismo;
- Sensação ruim de que algo vai acontecer;
- Irritabilidade;
- Dificuldade de concentração;
- Medo intenso e constante;
- Pensamentos irracionais;
- Desrealização;
- Despersonalização;
- Excesso de preocupação;
- Desequilíbrio emocional e dos pensamentos;
- Insônia.
Sintomas relacionados ao coração
Por ser um momento em que há um aumento do ritmo dos batimentos cardíacos, assim como bombeamento do sangue para outras áreas pela urgência psicológica causada pela crise, alguns sintomas físicos são causados ao coração.
Devido às fortes emoções e agitação mental, o coração começa a bombear mais rapidamente, pois é como se estivesse em uma situação de perigo ou de conflito.
Tanto que os sintomas se assemelham a um infarto, como taquicardia, suor, dor no peito, falta de ar, tontura, palpitações e até agitação dos braços.
Crise de ansiedade X infarto: Qual a diferença?
Ao ler o tópico você pode pensar que não deve haver qualquer relação entre esses dois acontecimentos, porém não é bem assim e você entenderá em breve o porquê disso.
A verdade é que alguns sintomas do infarto se assemelham com os sintomas da crise de ansiedade.
Porém é importante salientar que a crise de ansiedade geralmente vem após um momento de estresse e possui um motivo para tal reação, já o infarto vem de forma repentina.
Os sintomas da ansiedade vêm forte e depois se estabilizam; o infarto vem como uma forte dor de aperto no coração, uma dor ainda maior da que pode ser sentida numa crise de ansiedade.
É importante entender se a pessoa possui fatores biológicos e de estilo de vida que favorecem o acontecimento de um infarto, como sedentarismo, obesidade, problemas cardiorrespiratórios, uso de drogas.
Assim, embora a dor no peito, o formigamento e agitação nos braços, o suor mais acentuado, falta de ar, náuseas, embora todos eles sejam comuns a ambos os casos, o infarto perdura por mais tempo, além das diferenças já citadas anteriormente.
Sintomas de crise de ansiedade ou depressão?
Existe uma confusão entre sintomas de crise de ansiedade e depressão.
A confusão acontece muito por essas doenças, frequentemente, andarem juntas, pois o portador de depressão pode desenvolver ansiedade e ou contrário também é verdadeiro.
Os sintomas de depressão, embora sejam parecidos, apresentam diferenças notáveis dos sintomas de ansiedade ou de uma crise de ansiedade.
Os sintomas de depressão podem envolver:
- Perda de interesse em atividades do dia a dia e hobbies.
- Mudança de apetite, seja o aumento dele ou sua diminuição.
- Dores espalhadas pelo corpo, principalmente de cabeça, costas e peito.
- O humor se altera com maior facilidade, trazendo mais irritabilidade.
- Sentimentos de culpa, angústia e culpa tornam-se persistentes.
- Sentir desânimo e desinteresse com frequência.
Dessa forma, se observarmos os sintomas mais básicos de cada um dos eventos veremos que há sim diferenças.
Além disso, a crise de ansiedade é mais pontual e com sintomas muito intensos, os sintomas da depressão são persistentes e incapacitantes de modo que simples esforços podem ser uma tarefa complicada.
Como controlar a crise de ansiedade?
Diante de todos os sintomas apresentados e semelhanças e diferenças com outras doenças e transtornos, talvez surja uma dúvida sobre como controlar os sintomas de crise de ansiedade para poder conviver da melhor forma possível com essa condição.
Há como tomar pequenas e grandes atitudes para reduzir o impacto da ansiedade em sua vida, permitindo uma convivência mais fácil com ela.
Ações como organizar melhor sua rotina ou se não tiver começar a traçar um plano mais definido para ter menos imprevistos e assim diminuir um pouco da ansiedade.
Pratique atividades físicas, além do relaxamento muscular, essas práticas providenciam o alívio do estresse acumulado, exercícios de respiração também podem ajudar podendo até parar uma crise.
Uma boa mudança de hábitos pode ser bem-vinda. Assim como os exercícios, uma boa alimentação e noites de sono bem dormidas fazem toda a diferença.
Além disso, reorganizar-se com relação a alimentação e sono podem reduzir os impactos do transtorno.
Procure se conhecer melhor, afaste-se daquelas atividades que lhe proporcionam maior ansiedade e valorize aquelas que lhe acalmam e geram efeitos relaxantes.
Se fizer uso de algum tipo de droga, é melhor parar, além de poder desenvolver outros problemas, a droga ativa a compulsão e obsessão no cérebro fazendo assim com que haja um aumento na ansiedade pré-consumo.
Mas nem tudo pode ser feito sozinho, o mais importante é que procure ajuda especializada de um psicólogo ou de um médico psiquiatra.
Como tratar a ansiedade?
Existem várias opções de tratamento da ansiedade, dentre as mais confiáveis estão os remédios, a psicoterapia e outros tratamentos naturais que funcionam de forma complementar.
O tratamento com remédios só deve ser usado quando sob prescrição médica, uma vez que esses medicamentos podem apresentar efeitos colaterais.
O uso de ansiolíticos e de antidepressivos, assim como de outros medicamentos psicoativos, são usados para o controle das taxas dos hormônios e das alterações de humor.
A psicoterapia é usada para que o portador de ansiedade possa se entender melhor, assim como entender as raízes do transtorno e como aprender a se controlar diante de crises de ansiedade.
A psicoterapia também tem o objetivo de se reorganizar e entender as coisas que prejudicam sua rotina e sua condição como portador de ansiedade.
Outros estilos de tratamento como Mindfulness, exercícios físicos, uma boa alimentação acompanhada de práticas mais saudáveis na rotina, yoga, dança podem ajudar na diminuição do estresse e da ansiedade.
O melhor é que se procure profissionais especializados para poder ter auxílio no tratamento, não só pelos remédios e psicoterapia, mas também por outras recomendações complementares.
Conclusão
A crise de ansiedade é um fenômeno que faz parte dos transtornos ansiosos, e que pode ser controlada e tratada se houver interesse da pessoa.
O que acontece é que muitos não procuram ajuda e sofrem com a crise que prejudica em momentos importantes de sua vida, seja no trabalho, no contato com pessoas mais íntimas ou em outras situações importantes.
Dessa maneira, é necessário que estejam atentos, pois casos de crise de ansiedade estão se tornando cada dia mais comuns, não somos o país mais ansioso do mundo à toa.
Ao identificar sintomas de uma possível crise de ansiedade, lhe indico que imediatamente após conseguir se estabilizar procure os profissionais responsáveis pelo diagnóstico e tratamento.
Embora se torne cada vez mais comum, não quer dizer que tenhamos que nos acostumar a ver pessoas com crise de ansiedade por aí.
Se cada um fizer sua parte e ajudar os amigos e familiares nessa situação, podemos reduzir o número de pessoas ansiosas sem tratamento, assim reduzindo o risco de terem crises.
Agradeço por nos acompanhar até aqui, para mais conteúdo sobre ansiedade e saúde mental continue navegando pelo blog.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.