O alcoolismo é um problema já conhecido, mas muitos só veem que ele está lá quando a pessoa começa a brigar por qualquer motivo, a ser agressivo, quando começa a destruir coisas e parecer sempre arrumar algum motivo para consumir o álcool.
É verdade que pessoas nessa situação estão entregues ao alcoolismo, porém quando ele começa não é assim, a maioria das pessoas não se dá conta, mas existem certos sintomas e sinais que facilitam essa identificação.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o alcoolismo é uma doença de cunho psiquiátrico, ou seja, além de fatores e aspectos biológicos, existem fatores psicológicos envolvidos, assim como fatores e aspectos sociais que contribuem para o adoecimento.
No brasil esse problema é enraizado desde o crescimento e convívio familiar, pois muitas famílias possuem o costume de influenciar seus filhos e outros parentes próximos ao uso do álcool, pois aqui é visto como algo cultural a saída de fim de semana ao bar ou a happy hour com os colegas depois do trabalho.
A OMS não recomenda a ingestão de nenhuma quantidade de álcool e alerta para o seu uso nocivo, 5,3% de todas as mortes pelo globo têm algum tipo de relação com o álcool, o que totaliza algo em torno de 3 milhões de mortes em decorrências direta dele.
O índice de alcoolismo no Brasil
Segundo pesquisas da OMS o consumo de álcool no Brasil é maior do que a média mundial, um brasileiro em média consumiu 8,9 litros de álcool por ano, enquanto a média combinada dos 143 países foi de 6,4 litros, essa pesquisa foi realizada no ano de 2016 pela própria OMS.
O hábito de beber com os amigos e colegas ou em família é um dos principais contribuintes para esses números, além de que a pessoa acaba ficando exposta a seus efeitos em quase todos os ambientes.
A fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou o 3° levantamento Nacional sobre o uso de drogas pela população brasileira, analisaram pessoas de 12 a 65 anos de idade, dentre eles metade já consumiu álcool pelo menos uma vez na vida.
2,3 milhões apresentaram sinais que se enquadram nos critérios de dependência do álcool, 43 milhões consumiram pelo menos uma dose no último mês.
Segundo o mesmo levantamento, 14% dos homens de 12 a 65 anos que foram entrevistados admitiram ter dirigido sob efeito de álcool, nas mulheres esse número foi menor 1,8%.
O número de pessoas que já discutiram com alguém sobre o efeito de álcool foi de 4,4 milhões, além de tudo isso o álcool possui um grande potencial destrutivo quando analisado socialmente e familiarmente, podendo ser tão perigoso quanto cocaína e Crack nesse âmbito.
Mas se compararmos todos os malefícios e associações com violência e imprudência, o álcool é a droga que mais causa mortes e acidentes, assim como doenças crônicas aqueles que a consomem de forma abusiva.
Sintomas de alcoolismo: Quais são os principais e como identificá-los
Entender os sintomas de alcoolismo é difícil, pois perceber que uma pessoa está em alcoolismo não é tão simples quanto perceber que alguém está embriagado.
Mas ainda assim é possível perceber, quando uma simples saída com os amigos para beber pode ser preocupante e quando pode ser apenas algo ocasional.
O mais fácil de se olhar é a quantidade que a pessoa bebe, é verdade que cada um tem uma maneira de consumir o álcool, uns bebem pouco mas fazem isso mais vezes e outros bem mais, porém em menos situações, porém outros querem beber a todo tempo e de forma exacerbada.
A necessidade de beber a qualquer momento pode estar relacionado a necessidade do cérebro de consumir a bebida para produzir mais sensações de prazer e bem-estar, assim como o ato de beber sempre mais está relacionado a tolerância do organismo, que vai precisando sempre de doses maiores para produzir o mesmo efeito que antes era alcançado com menos.
A pessoa no estado de dependência pode começar a lentamente se afastar da família e dos amigos na medida em que aumentam o consumo, podem começar a apresentar problemas de memória e concentração, assim como tremores e mudanças no ciclo do sono, humor e na alimentação.
Esses sintomas de alcoolismo podem causar fadiga e certa dificuldade para raciocinar e pensar com clareza, pois o álcool é uma droga depressora do sistema nervoso central, fazem com que ele fique mais relaxado e lento, assim prejudicando as atividades cognitivas.
Frequentes dores de cabeça e náusea são sinais que o corpo está tentando metabolizar o álcool e se isso é constante é possível que a pessoa esteja bebendo o tempo todo.
Ansiedade e depressão, assim como agressividade, irritabilidade e outros transtornos do humor podem ser desenvolvidos pelo uso de álcool, fazendo com que se a pessoa recebeu um desses diagnósticos e possui histórico com o álcool é pertinente desconfiar.
O que leva uma pessoa a se tornar alcoólatra?
Como já mencionado aqui anteriormente um dos fatores que pode ajudar nisso é a facilidade de acesso que se tem ao álcool, a associação que se tem do álcool como parte da diversão em festas, bares e lugares onde o foco é a euforia, alegria e prazer.
Se houver algum histórico de dependência na família, esse fato pode colaborar para que no futuro outros membros da família acabem buscando esse caminho, principalmente se tratando de pais e filhos.
As pessoas acabam buscando não porque acham que é bom, mas pela associação que se tem da bebida com uma pessoa querida e pela imitação de seu comportamento.
Se o contato com o álcool e seu consumo começarem muito cedo, na adolescência ou na fase de transição da infância para adolescência, pode ser considerado um fator de risco para o desenvolvimento de uma dependência futura, pelo tempo de uso e porque nessa época o sistema nervoso ainda está se desenvolvendo, facilitando com que fique preso as toxinas do álcool.
É possível também que uma pessoa que faz um consumo ocasional ou social do álcool, comece a beber mais e de forma compulsiva após passar por algum trauma ou uma experiência dolorosa, como a perda de um parente ou um acidente.
Assim a pessoa passa a beber do álcool para esquecer a dor, seja ela física ou emocional, aqueles que têm problemas de saúde mental, podem ir em busca do álcool para amenizar alguns sintomas, ou simplesmente para esquecer sua condição, o que acaba piorando os dois quadros com o passar do tempo.
Quem bebe todos os dias é alcoólatra?
Não necessariamente, não é uma relação de causa e efeito, mas certamente quem bebe todos os dias está mais exposto ao risco de se tornar dependente, pois seu corpo vai estar constantemente sob efeito alcoólico.
Dessa forma facilitando com que o corpo desenvolva tolerância cada vez mais crescente ao álcool, fazendo com que precise beber mais para suprir os seus desejos e podendo causar abstinência se deixar de beber.
É bom lembrar que o organismo de cada pessoa funciona diferente e a pessoa pode não estar em estado de dependência mesmo bebendo todos os dias, mas certamente é arriscado é como jogar roleta russa continuamente, além de estar comprometendo seu corpo no processo.
Sintomas de alcoolismo: Como impacta a vida da pessoa e seus familiares?
A doença do alcoolismo impacta na sua vida de forma prejudicial, pois não só a sua saúde começará a piorar, mas bem como seu psicológico pode ficar desequilibrado e sua vida social desmoronar.
A agressividade, ansiedade, irritabilidade e outras alterações que podem vir com o alcoolismo, tendem a reabrir velhas feridas e conflitos que já existiam em suas relações, podendo levar a rompimentos e divórcios.
A cada etapa o alcoólatra irá se tornando uma pessoa mais difícil de se conviver, a própria pessoa pode não se reconhecer em alguns momentos, pois passa a realizar coisas que antes poderia ter aversão, mas para manter o vício agora passa a realizar.
Em alguns casos não é incomum que assim como acontece com drogas ilícitas, a pessoa passe a cometer furtos e outros crimes para sustentar seus vícios.
O isolamento social é algo comum no comportamento de um dependente, e além de suas alterações de humor, esse fator também faz com que se afaste das amizades e familiares próximos, o isolamento leva ao consumo individual e sem controle.
Há também o comprometimento do trabalho, o dependente tem dificuldade em assumir e manter compromissos, assim como manter uma rotina vai se tornando mais difícil, somado às perturbações do ciclo de sono e alterações de humor, é bem provável que a pessoa não consiga manter seu emprego por muito tempo.
A família fica espremida nesse turbilhão e por mais que tente ajudar, acaba sendo prejudicada também, se o alcoólatra for um pai ou uma mãe, será um péssimo exemplo para os filhos e pode gerar prejuízos futuros para ele, também colocará muito peso nas costas do outro cônjuge que se sentirá pressionado.
Seus pais ou outros responsáveis estarão em estado de constante preocupação, podendo desenvolver ansiedade e outros tipos de transtornos, além aumentar a predisposição a outras doenças.
É no âmbito familiar que os piores comportamentos da pessoa se manifestam, comportamentos esses que ficam reprimidos ou antes eram inconcebíveis, mas que pelo efeito do álcool vem à tona e pode destruir uma família.
A pessoa pode ficar agressiva e descontar em seus filhos ou em seu cônjuge sua raiva, esse comportamento é mais presentes em homens, além disso as agressões podem não ser apenas de forma física, mas também psicológica e sexual.
Como é feito o diagnóstico do alcoolismo?
Primeiramente, é importante dizer que a pessoa não se auto diagnostica.
É preciso um médico para olhar suas queixas e demandas, analisando as com cuidado ele e com outros instrumentos médicos ele dará o diagnóstico.
Normalmente ele fará algumas perguntas como:
- Já sentiu vontade de diminuir a dosagem ou parar de beber?
- Já se sentiu culpado por beber?
Perguntas como essas são feitas para saber como está sua relação com o álcool, mas como a pessoa pode mentir, a uma série de exames laboratoriais que podem ser feitos para ajudar, como de urina, hemograma, assim como exames de scans e exames de maior profundidade, para que ele possa dar o diagnóstico.
O que fazer para parar de beber: Como uma clínica de recuperação pode auxiliar?
A clínica de reabilitação pode ser de imensa ajuda, pois é um local propício para a recuperação da pessoa como um todo, para que o paciente possa se reestruturar e voltar a ter uma vida digna e sem precisar do álcool.
Na clínica há primeiramente o afastamento físico da substância, onde a pessoa não poderá ser tentada por nenhum local que lhe remeta ao consumo do álcool, nem algum amigo de saideira que venha lhe perguntar se vai beber hoje, na clínica ele estará focado em sua recuperação.
Além disso, o paciente contará com o auxílio de diversos profissionais da área da saúde, para suprir as necessidades deixadas pelo consumo do álcool, que deixou buracos em suas áreas da vida.
Aqui na clínica Grupo Recanto, possuímos uma grande equipe multidisciplinar composta por: Enfermeiros, médicos, psicólogos, educadores físicos, nutricionistas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, consultores e monitores em dependência química.
Tudo isso para oferecer a melhor gama de tratamentos para a dependência química, métodos esses que serão explicados e exemplificado a seguir, siga acompanhando.
Quais são os métodos de tratamentos disponíveis em clínicas de recuperação?
Há diversos tipos de tratamentos que podem estar disponíveis nas casas de recuperação, em geral, são os métodos mais eficazes em suas áreas, e são usados em conjunto para uma maior eficácia.
Desintoxicação: É a primeira etapa de qualquer tratamento, pois é aqui que o paciente deixará de estar sobre o efeito do álcool e começará a ter sua mente e corpo de volta, através de um processo gradual de redução da substância no corpo.
Todo esse processo é acompanhado por médicos e profissionais da saúde como enfermeiros e psicólogos, que monitoram a saúde do paciente para garantir sua integridade e que passe pelo processo de forma segura.
Psicoterapias: As psicoterapias servem para desconstruir certas ideias e comportamentos que o paciente possui, ideias e comportamentos esses que contribuíram para situação de alcoolismo, assim como também para o paciente entender melhor a si mesmo.
Aqui na clínica Grupo Recanto, usamos a terapia racional emotiva (TRE) que procura encontrar as crenças disfuncionais que levaram a pessoa até a dependência e ir desconstruindo-as, para que as atitudes e comportamentos que são baseados nela cessem, de forma que possa lidar com suas expectativas e passe a ser mais realista sobre suas emoções e atitudes.
Medicamentos: O uso de medicamentos se dá conforme a necessidade do paciente.
Os medicamentos em sua maioria são utilizados para suprir as demandas dos pacientes, de acordo com os sintomas que está sentido, ou se possui algum tipo de doença crônica ou transtorno mental, seja ele atrelado ou não ao alcoolismo.
Pode ser usado também para reduzir os sinais e efeitos da crise de abstinência, geralmente durante o processo de desintoxicação, de forma que o paciente consiga passar por essa fase com maior facilidade.
12 passos: Esse programa foi desenvolvido em 1935 pelos criadores do Alcoólicos Anônimos e veio se aperfeiçoando e dando resultados desde então, é conhecido pelo seu uso nos grupos de apoio dos mais diversos tipos, mas também vem sendo adotado nas casas de recuperação.
O programa é usado com o intuito de dar novos valores e crenças aos pacientes para estruturar uma recuperação gradual e saudável, para que a pessoa possa viver sua nova vida de maneira estruturada e tranquila.
Aqui no Grupo Recanto temos ainda laborterapia, esportes e lazer, aconselhamento em dependência química, pelos nossos consultores e monitores em dependência química e muito mais.
Qual o período de tratamento do alcoolismo em uma clínica de recuperação?
O período de tratamento para o alcoolismo nas clínicas de recuperação é definido de acordo com o modelo de tratamento que cada clínica tem, cada uma procura tem um modelo mais específico e com alguma exclusividade.
Contudo a maioria das clínicas ou atende por internação de três meses ou internação de seis meses, mas a predominância é pelo modelo de seis meses, no Grupo Recanto adotamos os tratamentos a partir de três meses, que acompanha o desenvolvimento do paciente.
Sintomas de alcoolismo: Onde encontrar uma clínica de recuperação?
O Grupo Recanto possui 3 clínicas a sua disposição, 2 delas em Pernambuco e a outra em Sergipe, sendo uma delas específica para o público feminino, temos orgulho em sermos referência no Norte-nordeste na área.
Atendemos pacientes de todos os lugares do Brasil, mas se para você a distância é um problema, faça uma procura rápida em qualquer site de pesquisa, colocando sua cidade ou estado e clínica de recuperação, que encontrará as clínicas que estão mais próximas de sua localização.
Conclusão
Os sintomas de alcoolismo são mais visíveis quando a doença está em seu auge, quando a pessoa já está causando prejuízos consideráveis a si mesmo e aos outros que mantêm contato, entretanto, vimos aqui que é possível identificar tais sintomas e agir contra eles.
A forma como as pessoas se comportam e agem com aqueles mais próximos muda radicalmente, porém essa mudança não acontece da noite para o dia, antes aparecem pequenos sinais que agora espero que você consiga reconhecer.
A condição dessas pessoas não vai passar nem parar sem ajuda, e se você deixar continuar prejudicará a sua vida também, além de todo dano físico e psicológico, ainda há o dano social que cai para as famílias, amigos e colegas próximos.
A sua decisão de ajudar já conta muito, procure conversar com a pessoa, não afirme nada, apenas a convide a refletir sobre seus hábitos e diga que se ela quiser buscar ajuda você estará ali para ajudar.
Agradeço por seu tempo e companhia até aqui, até a próxima leitura!
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.