Socialmente o alto desempenho cognitivo é associado ao sucesso na carreira e nos estudos. Quanto mais inteligente a pessoa for, maior é seu prestígio social. Essa lógica leva a busca desenfreada por modos de potencializar a capacidade cognitiva.
Diversas técnicas podem ser utilizadas nesse processo, algumas pessoas são adeptas a utilização de estratégias de memorização, qualidade do sono, alimentação rica em vitaminas como o magnésio, zinco e ômega 3, substâncias importantes para a melhora e aumento da concentração e da memória.
A ritalina é uma estratégia medicamentosa utilizada por alguns para a potencialização dos processos cognitivos. Nesse contexto, é importante entendermos os efeitos, consequências, riscos e em quais situações esse medicamento pode ser utilizado, tendo como objetivo a conscientização das pessoas sobre os cuidados que devem ser tomados durante a ingestão desse medicamento.
Ritalina: o que é?
Muito conhecida como uma opção de tratamento para o TDAH, a ritalina é uma substância derivada do cloridrato de metilfenidato. Seu efeito na melhora dos processos cognitivos a fizeram ficar conhecida como a pílula de inteligência.
Este medicamento tem uma ação similar ao efeito provocado pelas anfetaminas, alterando o funcionamento do sistema dopaminérgico e estimulando o sistema nervoso, acelerando assim todos os processos mentais e cognitivos.
A ritalina só pode ser comprada e vendida com receita médica, pois é um medicamento controlado e não deve ser usado por pessoas que não têm patologias que justifiquem o uso dessa substância.
Efeitos do uso da ritalina
Quando um médico a recomenda para tratar alterações como o TDAH, a Ritalina pode trazer efeitos positivos ou negativos, dependendo do modo como é utilizada. Ela trará benefícios como a melhora no desempenho acadêmico, potencialização dos processos cognitivos e controle dos impulsos.
Os efeitos colaterais também podem ser observados. Entre os principais, temos: cefaléia, distúrbios do sono, taquicardia, dificuldades no funcionamento do sistema digestivo, além de diminuição da fome.
Quando uma pessoa utiliza a Ritalina sem a presença de um transtorno que justifique seu uso, os efeitos obtidos são similares à utilização de placebo. Em outras palavras, os efeitos causados estão mais relacionados a fatores psicológicos e às crenças sobre a eficácia do medicamento. As pessoas que utilizam a ritalina sem necessidade costumam manifestar de modo mais acentuado os sintomas negativos associados ao uso da substância.
Indicações de uso
Além do conhecido uso em pessoas que vivem com o TDAH, a ritalina também pode ser utilizada em distúrbios do sono como a narcolepsia e outros quadros cognitivos mais graves como o transtorno hipercinético.
Contraindicações de uso
Pessoas com histórico de cardiopatias não devem utilizar a Ritalina, pois, de acordo com SEO, os efeitos colaterais do medicamento podem potencializar essas condições. Além disso, é importante notar que o uso desse psicofármaco pode agravar alterações na tireoide, bem como distúrbios do comportamento, a exemplo da síndrome de Tourette, e também doenças crônicas, como a hipertensão arterial.
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Quem pode indicar o uso de ritalina?
A Ritalina, por ser justamente uma substância controlada, só pode ser prescrita por profissionais de saúde licenciados e habilitados, como médicos psiquiatras, neurologistas, pediatras e médicos de família especializados em saúde mental.
Esses profissionais são capacitados para diagnosticar adequadamente condições como TDAH, transtornos do sono e outras para as quais o uso de Ritalina é clinicamente indicado.
É vital ressaltar que a prescrição de Ritalina deve ser baseada em uma avaliação completa do paciente, considerando seu histórico médico, sintomas apresentados, exames físicos e psicológicos, além da gravidade e natureza da condição a ser tratada.
O acompanhamento médico regular é essencial para monitorar a eficácia do tratamento, ajustar a dosagem conforme necessário e avaliar os efeitos colaterais ou complicações potenciais.
Portanto, qualquer pessoa que esteja considerando o uso de Ritalina deve primeiro consultar um profissional de saúde qualificado para uma avaliação adequada e receber orientação personalizada sobre o uso seguro e eficaz deste medicamento.
Isso ajuda a garantir que a Ritalina seja prescrita e utilizada de maneira responsável, maximizando os benefícios terapêuticos enquanto minimiza os riscos potenciais para a saúde.
Riscos associados ao uso da ritalina
A dependência é um dos principais riscos associados ao uso de medicamentos como a ritalina, principalmente quando esse uso não é realizado com o acompanhamento de um profissional. A droga também pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos de humor como a depressão.
Quanto tempo dura o efeito?
Um comprimido de ritalina costuma ter uma duração média de 3 horas. Mas dependendo do organismo e da dosagem do medicamento que foi indicada pelo médico, esse tempo de efeito pode variar para mais ou para menos.
Patologias tratadas com a ritalina
Pessoas que sofreram algum tipo de dano ou alteração cerebral, depressão refratária, que se refere aos quadros depressivos que não possuem resposta ao tratamento proposto, alguns sintomas presentes na doença de Parkinson, transtorno bipolar, dislexia e o transtorno do espectro autista, podem fazer uso da Ritalina como alternativa de tratamento.
A ritalina pode causar dependência?
Assim como os outros psicoestimulantes que alteram o funcionamento dos neurotransmissores no cérebro, a ritalina também pode causar dependência. O uso continuado e abusivo da Ritalina pode levar o paciente a demandar quantidades cada vez maiores e ainda existe a possibilidade de aumentar a chance do desenvolvimento de transtornos que necessitarão de tratamento psiquiátrico.
O paciente passa a acreditar que seu cérebro só funciona do modo adequado quando faz o uso da substância. Isso acontece principalmente naquelas pessoas que utilizam esse medicamento sem a presença de uma patologia que demande o seu uso.
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Apoio especializado
As pessoas que utilizam a ritalina podem se beneficiar ao empregar diferentes estratégias para seu uso. Uma delas é a busca por um profissional da medicina capacitado para receitar o medicamento da maneira correta para cada quadro específico.
A psicoterapia também pode ser uma aliada nesse processo, mostrando que o uso do psicofármaco é importante. Contudo, o paciente pode desenvolver habilidade de enfrentamento das adversidades provocadas pelo quadro psicopatológico.
Além disso, o apoio familiar e estar inserido em um ambiente acolhedor e livre de julgamentos pode ser um fator importante para o processo de melhora e estabilização do quadro do paciente.
Ritalina para estudar e trabalhar
O uso da ritalina entre estudantes universitários e concurseiros é um fator de preocupação para os profissionais da medicina. Pelo seu efeito potencializador dos processos cognitivos, a ritalina passou a ser utilizada como a pílula da inteligência.
As mudanças cerebrais provocadas pelo uso da ritalina e os efeitos positivos na melhora da concentração e da energia, fazem com que o corpo demande a ingestão da substância quando o efeito passa.
Não existem comprovações científicas concretas sobre a eficiência da ritalina em pessoas que não possuem algum transtorno de atenção. Por isso, os médicos não recomendam a utilização dessa substância de modo recreativo.
Como melhorar a concentração sem o uso de medicações?
Realizar técnicas de meditação, dormir bem, fazer uma atividade de cada vez, organizar um cronograma de estudos adequado com a rotina do dia a dia e ter uma alimentação saudável, rica nos nutrientes essenciais para o bom funcionamento cerebral, além da realização de pausas regulares durante os estudos, são ferramentas importantes para melhorar a concentração.
O Papel da Educação na Prevenção do Uso Indevido de Ritalina
Programas educacionais são essenciais para evitar o uso inadequado de Ritalina. Implementados em escolas, comunidades e locais de trabalho, esses programas visam aumentar a compreensão dos riscos associados ao uso não prescrito da substância.
Ao educar sobre os efeitos colaterais e perigos da Ritalina, desencorajamos seu uso como uma “pílula de inteligência”. Campanhas de saúde pública também são cruciais para informar pais, educadores e profissionais de saúde sobre a importância da prescrição responsável de medicamentos psicoativos.
Essas iniciativas ajudam a reduzir o uso indevido de Ritalina, promovendo uma abordagem mais consciente no tratamento de condições como o TDAH, protegendo a saúde daqueles em risco.
O Grupo Recanto possui intervenções voltadas para a dependência química e saúde mental, com uma equipe multidisciplinar especializada e com uma estrutura adequada para atender pacientes com diferentes quadros psiquiátricos. Nós desenvolvemos uma abordagem humanizada e individualizada, que busca compreender cada paciente em suas especificidades, sem julgamentos ou preconceitos.
Conclusão
Como vimos, mesmo sendo um medicamento prescrito por profissionais da saúde, a Ritalina pode trazer prejuízos para a saúde e o bem-estar das pessoas que a consomem. Essa substância pode causar dependência e efeitos colaterais que afetam a vida de quem faz o uso indiscriminado.
O apoio familiar e uma rede formada por profissionais capacitados para auxiliar durante o tratamento são importantes para o manejo das dificuldades que podem surgir durante o processo.
É importante ressaltar que as pessoas que não possuem algum transtorno ou patologia que dificulte o processamento das informações e o raciocínio lógico não devem usar a Ritalina para potencializar os processos cognitivos. Existem estratégias menos arriscadas para a saúde das pessoas.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.