As pessoas manipuladoras são por essência controladoras, que usam da manipulação para conseguir tudo que querem.
Esse traço de comportamento pode ser desencadeado por uma série de fatores.
Pesquisadores apontam para traumas na infância, exemplos disso são: negligência parental, alienação parental, abuso físico, sexual e psicológico.
Muito se fala que pessoas manipuladoras são psicopatas, mas é importante esclarecer algumas coisas: um psicopata possui traços manipuladores, mas nem todo manipulador é um psicopata.
A manipulação pode decorrer de várias outras situações e patologias, mas também pode decorrer da experiência da infância como vimos, sem possuir outro tipo de doença envolvida.
Para entender melhor como essas pessoas agem, continue no texto!
Quais as principais características das pessoas manipuladoras?
Pessoas manipuladoras possuem algumas características que, por muitas vezes, são fáceis de serem identificadas:
- As pessoas manipuladoras costumam manifestar características específicas que facilitam a identificação de seus alvos e de como enganá-lo;
- Frequentemente se comportam de maneira maquiavélica;
- Geralmente não se incomodam em praticar atos antiéticos ou imorais desde que cumpram seu objetivo no final;
- Em seus relacionamentos procuram pessoas que possuem dificuldade em recusar, pois serão facilmente manipulados.;
- Dificilmente sentem amor ou se envolvem de fato, pois isso pode comprometer sua posição hierárquica como manipulador;
- Seja uma relação de amizade ou amorosa, esse tipo de pessoa se apega mais facilmente ao controle que exercem do que propriamente a pessoa.
Abuso de bebidas e drogas
Pessoas em situação de dependência química ou que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas manifestam comportamento manipulativo para encobrir e manter seu uso.
Frequentemente, culpam os outros pela sua situação ou tentam convencer que estão bem e que não precisam de ajuda ou que nem estão a usar essas substâncias.
Mesmo que use de justificativas reais para tentar dialogar com ela, é comum que ela inverta o jogo, saindo do assunto ou de alguma forma distorcendo o que você diz e usando de volta.
Problemas constantes com dinheiro
Pessoas manipuladoras tendem a se destacar dos demais, possuem uma necessidade de que isso aconteça.
Por isso, fazem de tudo, inclusive com o uso indevido do dinheiro que possuem.
Vão contraindo dívidas e precisando realizar ainda mais coisas para compensar, manipulando aqueles que mantêm por perto para o ajudarem financeiramente.
Essa falsa sensação de controle pode levar a passos maiores do que realmente consegue.
Viciados em compras e em jogos de azar se comportam de maneira compulsiva e usam da manipulação para atingir seus objetivos de manter seu vício.
Necessidade de se destacar
Aqueles que manipulam, o fazem principalmente para ganho próprio, além de apresentarem uma personalidade egocêntrica e narcisista.
Essas características fazem com que a pessoa necessite se destacar em alguma forma, assim manipulando a opinião daqueles ao seu redor para se depreciar e reconhecerem a importância dela.
Da mesma forma que sentirão inveja caso alguém se destaque muito, assim tentam relativizar o destaque ou sucesso do outro.
Frases como “mas sem mim você nunca teria conseguido isso” são comuns nessa situação.
Comportamentos exagerados
Essas pessoas até conseguem encarar um não com certa facilidade, porém se sentirem que realmente irão perder em uma situação, usaram de tudo ao seu dispor.
Comportamentos como se humilharem, se vitimizar, explodir de raiva, chorarem de maneira escandalosa, o orgulho deles não importa se não obtiverem o que querem.
Esses comportamentos exagerados são para gerar compaixão e empatia ou até mesmo culpa, para que a pessoa desista de sua ideia inicial.
Carência afetiva
Sua manipulação parte de sua baixa autoestima e inseguranças psicológicas e emocionais, deste modo descontaram suas incapacidades e frustrações nos outros.
Assim, muitos deles apresentam uma carência afetiva, demonstrando comportamentos possessivos e busca constante por aprovação.
Atacarão as suas fraquezas emocionais para a convencerem a fazer o que quer.
Como a manipulação acontece?
Primeiramente, é importante entender que cada pessoa tem sua subjetividade, assim mesmo que sejam manipuladoras, podem agir de maneiras diferentes de acordo com cada situação e pessoas envolvidas.
A manipulação ocorre para que seja alcançado um objetivo, sendo ela o meio para chegar lá.
Dessa maneira, pode se dizer que há dois tipos básicos de manipulação: a direta e a indireta.
Para entender a diferença entre os dois tipos, siga acompanhando!
Manipulação direta
Como o próprio nome nos induz a pensar, a manipulação direta ocorre quando o manipulador diretamente e explicitamente impõe sua vontade no outro, podendo envolver o uso de agressões, coerções, ofensas e humilhações.
De forma que a pessoa fica sem saída, pois continua com sua ideia, aparentemente o custo será maior que o benefício.
A chantagem emocional e a diminuição do sofrimento de outra pessoa são exemplos claros e cotidianos desse tipo de manipulação.
Manipulação indireta
A manipulação indireta é mais sutil e, geralmente, o manipulador vai embutindo suas opiniões sobre a pessoa em brincadeiras em conversas de maneira sutil.
Assim pouco a pouco a pessoa chega à conclusão que o manipulador deseja, porém achando que é seu próprio pensamento.
É muito comum em relacionamentos amorosos e relações de amizade e profissionais, que podem envolver críticas, humilhações pontuais, o objetivo é geralmente passar a ideia que o manipulador é confiável e que a pessoa estará perdida sem ele.
A mentira, omissão total e parcial e a transferência de culpa são artifícios comumente usados por essas pessoas para conseguirem o que querem.
Como lidar com pessoas manipuladoras?
O primeiro passo você já deu, que é procurar entender como uma pessoa manipuladora se comporta e pensa.
Se diante das características apontadas até aqui, você identifica que uma pessoa que você conhece se encaixa no perfil, fique atento a essas dicas:
- Autoconhecimento: Se conhecer melhor, como saber bem suas qualidades e defeitos, assim como seus limites, ajudará a não ser tão facilmente influenciado.
- Recuse: Aprender a recusar é importante, se você não gosta ou não está disposto a fazer ou não vê motivos para aquilo, não se force a fazer, aprenda a dizer não.
- Pesquise: Sempre que entrar uma discussão é bom saber do que está falando para que não seja confundido, assim como pesquisar aquilo que lhe dito para saber a veracidade da informação.
- Defenda-se: Não aceite ser ofendido e humilhado em troca de nada, você ainda tem seus direitos, mesmo se for um amigo ou familiar, ninguém tem o direito de lhe ofender profundamente e de lhe humilhar.
- Tenha calma: Não tenha pressa, muitos manipuladores exigem as coisas rapidamente ou na mesma hora, analise a situação primeiro e veja se realmente necessita daquela urgência e depois tome sua decisão.
- Distancie-se: Assim que identificar alguém com o perfil manipulador é melhor se afastar, dificilmente aquela pessoa lhe trará algo de bom proveito.
Conclusão
Diante do que foi apresentado, podemos, portanto, dizer que pessoas manipuladoras possuem comportamentos e ações reconhecíveis e que manipulam pelo seu desejo de se destacar e engrandecer-se.
Embora sejam muito bons no diálogo, o manipulador nem sempre é aquela pessoa mais extrovertida e incisiva, diferentes tipos de personalidades podem apresentar traços manipuladores.
Há também doenças que fazem com que esses traços se aflorem mais, como a dependência química, o vício em jogos, sexo, comida, a psicopatia e a sociopatia.
É importante dizer que mesmo nós usamos de certo nível de manipulação em alguma vez de nossas vidas, porém o que é tratado aqui neste texto, são de pessoas onde a base de seu pensamento e comportamento é a manipulação.
Para mais conteúdos de saúde mental continue acessando e lendo nosso blog!
Até a próxima!
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.