No processo de recuperação da dependência química, após um determinado período em abstinência de álcool ou droga o adicto pode vir a recair, a recaída acontece quando ele volta a consumir as substâncias causadoras de sua dependência na fase de recuperação.
O processo de recaída não se refere somente a retomada do consumo de drogas, mas também pode estar associada a uma diversidade de fatores como por exemplo os emocionais de baixa autoestima.
Portanto, a recaída deve ser vista como sendo parte do processo da recuperação, muitas vezes passamos por situações e tentamos nos auto sabotar jurando que aquela atitude não configura em uma recaída e que está tudo certo fazê-la no momento.
Fique esperto e não se engane, a recaída pode estar onde menos você espera!
O que é a recaída na dependência química?
Normalmente, a recaída acontece devido a situações que envolvem riscos ao indivíduo sem que ele tenha capacidade de as confrontar, como por exemplo uma pessoa que consome álcool e se sente triste por conta das reclamações de seu chefe e não sabe lidar com as emoções negativas e desta forma, passa a beber para conseguir um alívio momentâneo.
A recaída acontece quando o indivíduo em estado de abstinência, volta a utilizar a substância novamente.
É a volta do padrão de consumo de álcool ou outras drogas que a pessoa tinha antes do tratamento, onde os antigos comportamentos retornam e ocorre a perda de controle da situação.
Portanto, a recaída se refere a utilização dessas substâncias da mesma maneira que antes ou até maior do que quando iniciou o processo de recuperação.
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Fique por dentro de alguns grandes enganos da recaída
Os enganos sobre as recaídas são equívocos que, repetidos, acabam por se tornar verdades para o indivíduo.
Esses enganos têm a capacidade de conduzir a ações mal orientadas, gerando sofrimento, problemas e por fim o uso adictivo.
Conheça abaixo alguns dos grandes enganos que podem suceder em um episódio de recaída.
Se você parar o uso adictivo por algum tempo e depois recomeçar a usar, recaiu.
Negativo, só há recaída quando o indivíduo está abstinente e em tratamento, ou seja, ele já aceitou a doença e passou a tratá-la.
Portanto, o fato de deixar de usar por um tempo e voltar a usar, sem iniciar um tratamento adequado, não caracteriza a recaída.
A recaída chega de repente e sem aviso
A recaída não chega de repente, ela começa já com o sentimento nutrido quando se está em abstinência.
Alguns sintomas são possíveis de serem detectados nesta fase, como reação exagerada ao estresse, entorpecimento emocional, reações emocionais exageradas, confusão mental, entre outros.
Estes sintomas, porém, podem ser controlados antes que aconteça a recaída de fato.
As pessoas têm uma percepção consciente dos sinais de aviso da recaída
Pessoas que estão prestes a recair não têm a noção correta do perigo que correm, só percebem a realidade dos fatos quando a situação passa.
Tudo isso se dá em virtude da falta de informação, do estado de negação natural do dependente e pelo enfraquecimento cerebral por conta do vício.
Uma vez que as pessoas estejam conscientes dos sinais de alerta da recaída, podem tomar a decisão de agir de forma que eles desapareçam.
Não basta saber os sintomas, é necessário saber como lidar com eles. Os sintomas, inclusive, crescem gradualmente até se tornarem incontroláveis e muitas vezes é preciso uma ajuda externa.
A recaída pode ser evitada pela força de vontade e autodisciplina
A recaída é fruto de sentimentos e pensamentos que surgem e são incontroláveis pelo indivíduo sem conhecimento para tanto.
De nada adianta a força de vontade ou a autodisciplina se o indivíduo não sabe como canalizar os sintomas da recaída.
As pessoas que recaem não estão motivadas para a recuperação
Por ser um recurso intrínseco do ser humano, a fuga surge ainda que haja motivação.
Os sintomas da recaída são fortes e devem ser combatidos com ajuda, não bastando motivação.
Como se disse, o cérebro do dependente foi afetado e muitas vezes o indivíduo se encontra em momentos de confusão mental.
A recaída é sinal de fraqueza?
Muita gente pode pensar que episódios de recaída são um sinal de fraqueza mental nos dependentes químicos, mas é importante que todos saibam que o processo de recuperação da adicção é desafiador e envolve momentos de maior ou menor dificuldade.
Como a dependência química está muito relacionada com a instabilidade emocional, a recaída pode se manifestar nos momentos mais sensíveis e delicados do estado afetivo/emocional do paciente. Contudo, é importante encarar esse tipo de situação como uma oportunidade de reflexão sobre si e sobre todos os mecanismos que ajudam na manutenção das recaídas.
Logo, as recaídas não são um sinal de fraqueza, mas representam um dos muitos desafios que devem ser superados durante o processo de recuperação da dependência química.
Como lidar com as recaídas na Dependência Química?
Quando a recaída ocorre, é importante que o paciente não se desmotive e volte a se entregar às drogas. Antes de tudo ele precisa entender os gatilhos que o levaram a recaída e trabalhar junto com uma rede de apoio bem estruturada estratégias que possam ser efetivas para evitar outras recaídas.
A manutenção da motivação deve ser trabalhada nesses momentos, possibilitando que o paciente encontre outras formas de encarar as dificuldades e mantenha o foco na manutenção da recuperação.
Prevenção a recaída
A prevenção de recaída se caracteriza como um método de tratamento que envolve psicoterapia, ela está baseada na modificação dos comportamentos adictivos.
É uma terapia cognitivo comportamental, onde se entende que as emoções, pensamentos, comportamentos e o ambiente influenciam o indivíduo em sua tomada de decisão.
A finalidade é fazer a mudança dos maus hábitos adquiridos durante o processo de consumo e abuso de substâncias psicoativas.
Pessoas, lugares e hábitos podem sugerir o uso de drogas e assim, a prevenção de recaída trabalha as crenças e os comportamentos do dependente.
Ela procura confrontar todos os pensamentos doentios do indivíduo, mostrando novas alternativas e problemas que podem levar o adicto a recaída.
A prevenção da recaída procura mudar hábitos autodestrutivos e manter essas mudanças, ela é muito utilizada quando o paciente já está comprometido com o tratamento.
Ela ajuda o paciente a identificar e lidar com os eventos que estão relacionados ao risco da volta ao uso abusivo de drogas.
A importância da família na prevenção a recaída
A família costuma ser o ponto de apoio do paciente que está passando pelo processo de recuperação da adicção. Nesse sentido, é importante em casos de recaída que a família evite julgamentos e acolha o sofrimento e as angústias do paciente.
Ter o apoio da família pode ajudar a manter a motivação e a adesão ao projeto terapêutico, aumentando as chances de recuperação e fortalecendo o emocional e a consciência do paciente contribuindo para evitar possíveis recaídas.
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Conclusão
Durante o tratamento o dependente químico pode apresentar uma recaída e ela acontece quando o adicto em processo de abstinência volta a ter os mesmos comportamentos que tinha antes da busca e consumo da droga e por consequência acaba por usar.
A prevenção de recaída é um dos principais métodos utilizados para ajudar e auxiliar o dependente em tratamento a não voltar ao uso.
Portanto, qualquer dependente está sujeito a recaída, mas ela pode sim ser evitada, sendo assim, ela não deve ser encarada como um fracasso, mas sim como uma nova possibilidade de recomeços e acertos.
Desta forma, o adicto precisa estar sempre sendo acompanhado por uma equipe de profissionais especializada, como também contar com o apoio e motivação da sua família, para que ele tenha ainda mais força e motivação para vencer os obstáculos que irá enfrentar durante o processo de recuperação.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.