Os transtornos alimentares são um fenômeno cada vez mais comum em nosso dia a dia.
As constantes pressões para se enquadrar em um físico adequado ou o cotidiano estressante acabam fazendo com que nossos hábitos mudem drasticamente, inclusive os alimentares.
Entenda melhor sobre o assunto no artigo abaixo:
O que são os transtornos alimentares?
Os transtornos alimentares são transtornos mentais relacionados à autoimagem, com alterações psicológicas e físicas ligadas ao comportamento alimentar.
Os transtornos alimentares repercutem em todo o funcionamento do corpo, por conta da preocupação excessiva com a forma e peso do corpo.
Os motivos podem variar de acordo com a causa apresentada, porém a maior parte deles está relacionada a uma autoimagem ruim sobre seu corpo, por isso que as mulheres são as mais atingidas, pois a pressão estética da mídia, da publicidade e redes sociais sobre o corpo delas é maior do que sobre os homens.
Dentro os sintomas, podem ocorrer: a ingestão de objetos estranhos, ingestão de quantias excessivas de comida, assim como a falta dela e inclusive a regurgitação (vômito) proposital dos alimentos ingeridos.
Segundo Jornal de psiquiatria britânico, os transtornos alimentares atingem principalmente os mais jovens e em maior número as mulheres. Cerca de 60% dos casos totais são mulheres.
Segundo o Ministério de Saúde Brasileiro e o banco virtual de saúde, cerca de 37% dos adolescentes entre 10 e 17 anos demonstraram algum sinal de transtorno alimentar e insatisfação com seu corpo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 10 milhões de Brasileiros, 5% da população sofrem com algum tipo de transtorno alimentar.
Transtornos alimentares: Conheça os tipos mais comuns
Existem diversos tipos de transtornos alimentares, mas como diferenciá-los?
Para que possa entender as diferenças entres os transtornos abaixo, irei discutir sobre suas causas e sintomas.
Anorexia nervosa
Esse transtorno se manifesta como uma preocupação exagerada com o peso e forma do corpo, se considerando uma pessoa acima do peso ou obesa, embora esteja em um peso considerável equilibrado ou já seja uma pessoa magra.
Por isso passa a realizar dietas mirabolantes, jejuns, exercícios físicos em excesso, faz uso de laxantes e pode vomitar o que acabou de comer por medo de engordar.
A anorexia além da magreza leva a extrema desnutrição e por vezes desidratação, é mais comum em mulheres e pode interromper o ciclo menstrual, pode abrir a porta para outros transtornos como TOC, síndrome do pânico e depressão.
Bulimia nervosa
A bulimia é caracterizada por episódios de compulsão alimentar, isto é consumo em excesso de alimentos e de forma repetida.
Porém é seguida também de rituais de compensação, na culpa por ter comido muito a pessoa força o vômito, toma laxantes, realiza séries de exercícios indiscriminadamente.
Diferente da anorexia, na bulimia o peso costuma variar muito, aumentando e diminuindo constantemente por conta desses hábitos, pode levar a complicações de saúde como gastrite e esofagite.
Esse transtorno é influenciado por fatores ambientais, psicológicos e biológicos, a compulsão alimentar está muito ligada a episódios de descontroles emocionais, o estresse, a perda de controle e frustrações são os combustíveis mais comuns.
Transtorno de compulsão alimentar periódica
O TCAP (Transtorno de compulsão alimentar periódica) é assim chamado, pois de maneira inconsciente, na tentativa de se proteger de um estado de estresse, culpa e ansiedade, o paciente come sem parar, até que sua fome seja saciada, nesse estado muitas vezes a pessoa nem mastiga os alimentos, apenas engole.
Mas quais as diferenças do TCAP para a bulimia nervosa?
Bem, na bulimia a pessoa realiza a compulsão alimentar geralmente tenta compensar o que comeu, ou mesmo colocar os alimentos para fora, mas no TCAP não há esse movimentos de compensação.
Assim é um transtorno que ocasiona em ganho de peso. Cerca de 30% das pessoas obesas possuem esse transtorno e, por vezes, nem sabem.
TARE: Transtorno alimentar restritivo evitativo
Nesse transtorno, a pessoa em questão se restringe a comer pouco ou em pouquíssimas quantidades, mas não possui uma alteração em sua auto imagem nem está necessariamente preocupada em excesso com ela, como na anorexia e bulimia, respectivamente.
Pode se manifestar em crianças e ocasionar dificuldades no crescimento, costuma começar por uma seleção na alimentação, mas vai evoluindo para uma seletividade exacerbada e restringida, fazendo com que a pessoa não tenha vontade de comer mais.
É comum que as pessoas com esse transtorno não tenham um peso e massa corporal elevada, e possuem corpos mais magros.
Ruminação
A ruminação é um caso bem particular, pois se resulta na prática de comer o alimento, regurgitá-lo (vomitá-lo) e após isso inserir novamente na boca para voltar a mastigar.
Os pacientes sabem que esse tipo de comportamento não é bem visto pela sociedade, se sentem com vergonha e tentam escondê-lo, alteram seus comportamentos e podem inclusive limitar o que comem quando na presença de outros.
Esse diagnóstico só é realizado quando descartado outras hipóteses do porque a pessoa está regurgitando, como outras doenças, por exemplo: a esofagite.
Ortorexia
A ortorexia se define por uma fixação em uma “forma correta” de se alimentar, de modo que aqueles que a manifestam só se alimentam de alimentos saudáveis e podendo estar acompanhado de outras ideias do tipo, como sempre se alimentar de alimentos não transgênicos.
Isso acaba por gerar muita angústia na pessoa, pois não se permite comer o que os outros comem e pode gerar confusões e discussões já que considera que seu modo de viver e comer é o correto, os outros não.
Vigorexia
A vigorexia se encaixa na área de dismorfias corporais, porém está cada vez mais associada a transtornos alimentares, fazendo com que a pessoa que possui um bom físico se enxergue como alguém fraco e desprovido de músculos.
Por conta dessa imagem distorcida que tem de si mesmo, a pessoa acaba por se concentrar mais em suas práticas de exercícios, de modo que foca a maior parte de seu tempo nisso.
Drunkorexia
O termo deriva do inglês Drunk que significa bêbado.
Esse é um fenômeno novo ainda, sua primeira aparição foi em 2008, se tornou particularmente famoso entre jovens universitárias, que substituem a comida por álcool em busca do emagrecimento.
O álcool aqui é usado como forma de aliviar suas preocupações, e reduzir ou inibir o apetite, de maneira que em poucas horas são consumidas quantias excessivas de álcool.
Muito se discute se na verdade isso não seria apenas um dos sintomas precoces de alcoolismo ou se mesmo não poderia ser um movimento de compensação de outros transtornos, mas ainda precisamos de mais estudos.
Diagnóstico de transtorno alimentar: Entenda a importância
O diagnóstico de transtorno alimentar é importante, não só para o início de tratamento, também para evitar danos físicos e psicológicos futuros, pois podem resultar em doenças e outros transtornos.
O diagnóstico correto ajuda também a pessoa a se acalmar e encontrar uma resposta para a aflição que vem sofrendo, pois muitas das pessoas que possuem transtornos alimentares, nem sabe ao certo pelo o que está passando, principalmente se não for um dos mais famosos como bulimia e anorexia.
O diagnóstico envolve exames físicos e avaliações psicológicas, pois sem esses dois tipos de exames não será possível provar que o hábito apresentando deriva de um transtorno psicológico.
Transtornos alimentares: Saiba quais são os tratamentos
No tratamento dos transtornos alimentares é preciso primeiro que ocorra uma conscientização do problema para o paciente, para que o mesmo saiba pelo que tenha passado e ganhe força para enfrentar.
O processo inteiro irá depender do tipo de transtorno alimentar envolvido, mas a uma tríade básica a ser seguida, psicoterapia, medicamentos quando necessário e uma educação nutricional e alimentar.
A depender do caso, o uso de medicações é aconselhado para reduzir a influência dos neurotransmissores, para diminuir a vontade de comer, ou aumentar esse desejo, inibir alguns tipos de comportamentos.
Internação para quem tem transtorno alimentar: Quando é indicado?
A internação passa a ser uma opção quando os outros serviços de saúde se mostraram incapazes de resolver a situação e a pessoa já se encontra em um estado de incapacidade de manter-se sozinha.
De modo que necessita de cuidados específicos e atentos na maior parte do tempo, sendo acompanhada por uma equipe multidisciplinar, que terá como foco a restauração de sua saúde psíquica e manutenção de sua saúde física.
Em sua maior parte as pessoas que recorrem para a internação já tentaram de tudo, contudo não encontraram a solução, mas com um modelo de tratamento humanizado, individualizado e multidisciplinar a pessoa estará sob bons cuidados.
Leia também: Clínica de Recuperação Feminina: Entenda como funciona!
Conclusão
Os transtornos alimentares crescem cada vez mais em nossa sociedade, à medida que idealizamos um padrão de perfeição inatingível.Para um tratamento adequado, procure sempre adquirir mais conhecimento sobre o tema. E no menor sinal de início de um transtorno alimentar procure um médico!
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.