O crack, substância psicoativa derivada da cocaína, é conhecido por seus efeitos eufóricos instantâneos. No entanto, os malefícios do crack são diversos e preocupantes, pois impactam tanto o corpo quanto a mente do usuário.
De acordo com o último Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, realizado pela Fiocruz, aproximadamente 1,4 milhão de pessoas entre 12 e 65 anos relataram ter usado crack e similares alguma vez na vida.
Em 2021, o SUS registrou mais de 400 mil atendimentos a pessoas com transtornos mentais e comportamentais causados por dependência de substâncias químicas.
Dada a importância do assunto, neste artigo, vamos explicar quais são os malefícios do crack e como ele afeta o corpo humano. Abordaremos os efeitos imediatos e a longo prazo, além de fornecer informações sobre como buscar ajuda e tratamento para a dependência.
Acompanhe a leitura.
Quais são os malefícios do crack?
O crack é uma droga ilícita derivada da cocaína, com alto poder viciante. É uma pedra branca, geralmente fumada em cachimbos, que libera uma sensação de euforia intensa, porém passageira.
É a falsa sensação de bem-estar que leva o usuário a buscar a droga repetidamente, o que gera dependência física e mental.
Além da dependência, seus efeitos nocivos se estendem para diversas áreas da vida, desde a saúde física e mental até o bem-estar social e financeiro.
No corpo, os efeitos mais comuns são aceleração do ritmo cardíaco, convulsões, contrações musculares involuntárias e problemas sexuais. Além disso, a droga pode provocar lesões significativas em vários órgãos vitais, como coração, rins e cérebro.
Na mente, o crack tem o poder de provocar sequelas emocionais e psicológicas profundas.
Nos tópicos a seguir, vamos explicar individualmente os principais malefícios do crack e como essa droga impacta cada aspecto da vida do usuário.
1. Dependência química
A dependência química é um dos mais cruéis malefícios do crack. A falsa sensação de euforia proporcionada pela droga leva a um ciclo vicioso, em que o usuário busca constantemente a próxima dose para aliviar os sintomas de abstinência. Tais sintomas incluem ansiedade, depressão e irritabilidade.
Com o tempo, o crack toma o controle da vida do usuário, que se torna negligente com seus estudos, trabalho, relacionamentos e saúde. Nesse cenário, a dependência leva à perda de controle da vida pessoal, profissional e social, e causa graves problemas em todas as áreas.
2. Danos a saúde mental
Além da dependência física e dos sintomas relacionados à abstinência, o crack também causa danos à saúde mental. Segundo especialistas, a substância provoca lesões no cérebro, causando perda de função dos neurônios.
O uso de crack pode levar a:
- Psicose, alucinações, delírios e paranoia;
- Ansiedade e depressão;
- Transtornos de personalidade;
- Dificuldades cognitivas, com problemas de memória, concentração e atenção.
3. Problemas cardiovasculares
Na saúde física, o crack eleva drasticamente o risco de problemas cardiovasculares, como:
- Aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, que intensifica o trabalho do coração e eleva o risco de infartos e AVCs;
- Arritmias cardíacas, com batimentos cardíacos irregulares e que podem ser fatais;
- Doença arterial coronariana, que é a obstrução das artérias que irrigam o coração e podem levar a infartos;
- Cardiomiopatia, ou enfraquecimento do músculo cardíaco e comprometimento de sua função.
4. Problemas respiratórios
Ao ser fumado, o crack causa danos diretos aos pulmões, o que ocasiona problemas respiratórios sérios, como bronquite, enfisema e pneumonite química.
Há evidências que apontam que a fumaça da droga irrita e inflama as vias aéreas, prejudicando a troca de oxigênio e podendo ainda resultar em dificuldades respiratórias crônicas, tosse persistente e até sangramento pulmonar.
5. Perda de peso e desnutrição
Outro efeito dessa substância, que acaba sendo maléfico a médio e longo prazo, é que ela acelera o metabolismo e suprime o apetite. Por isso, leva a uma perda de peso drástica e à desnutrição.
O problema se agrava porque os usuários costumam negligenciar a alimentação e os cuidados com a saúde, o que agrava o quadro nutricional deficitário e compromete ainda mais o funcionamento geral do organismo.
6. Problemas sociais
Um dos maiores desafios causados pelo vício em crack está relacionado aos problemas sociais que ele causa para cada indivíduo.
A busca incessante pelo crack, muitas vezes, prioriza a substância em detrimento de conexões interpessoais saudáveis. Por isso, conflitos familiares, perda de amizades e parceiros são comuns. Tudo isso contribui para um ciclo de instabilidade social e pessoal.
Outro problema é que a droga pode comprometer a vida sexual dos usuários, pois causa disfunções e um declínio geral na saúde sexual.
7. Comportamentos de risco
O uso de crack é tão viciante que acaba estimulando comportamentos de risco. Isso porque, quanto mais se usa, maior se torna a necessidade pela substância.
Nesse ciclo, todo o resto perde importância e o usuário acaba adotando comportamentos arriscados para conseguir sustentar o vício.
Alguns desses comportamentos de risco são:
- Relações sexuais sem proteção: risco de DSTs e gravidez indesejada;
- Comportamento impulsivo: decisões precipitadas e perigosas;
- Violência: o vício pode levar a atos de violência contra si mesmo e outros;
- Prostituição: usuários se prostituem para financiar o vício.
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8. Risco de overdose
Por fim, o uso do crack também pode resultar, facilmente, em overdose. Isso se deve à sua alta potência e aos efeitos rápidos e intensos no sistema nervoso central.
De acordo com um levantamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cerca de 9% dos usuários vão a óbito por overdose de crack – número que é consideravelmente pequeno, porém relevante.
Se um usuário consumir, inadvertidamente, quantidades excessivas na tentativa de alcançar os efeitos desejados ou devido à tolerância desenvolvida, ele eleva seriamente o risco de convulsões, ataque cardíaco, insuficiência respiratória e até mesmo morte súbita.
É possível se libertar do crack?
Ao contrário do que muitos pensam, é sim possível se libertar do crack. A recuperação do vício é um processo desafiador, mas com a ajuda certa, é possível superar essa fase e construir uma vida nova.
Alguns dos passos certeiros para se libertar do crack são:
- Reconhecer o problema: admitir que o uso do crack está causando problemas em sua vida é o primeiro passo para a recuperação;
- Procurar ajuda profissional: existem diversos profissionais e programas especializados no tratamento do vício em crack;
- Entender a necessidade de internação: para lidar com essa dependência, que é muito forte, é fundamental passar por desintoxicação e conscientização da doença da adicção;
- Participar de um programa de tratamento: o tratamento inclui terapia e acompanhamento médico e psicológico, atividades de reabilitação e prevenção a recaídas;
- Ser paciente e manter a motivação: a recuperação do vício é um processo longo e exige paciência, força de vontade e persistência;
- Contar com o apoio de familiares e amigos: o apoio de pessoas que te amam e te querem bem é fundamental para o sucesso da recuperação.
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Para melhorar a qualidade de vida, o funcionamento social e ajudar a superar a dependência química, um conjunto de técnicas e intervenções biológicas, psicológicas e sociais são essenciais.
Essa é a missão da equipe do Grupo Recanto, com mais de 100 especialistas de diversos segmentos, que trabalham de forma conjunta para a construção de um tratamento integrado – e eficiente.
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Conclusão
Em resumo, o crack é uma droga que causa diversos malefícios ao organismo, tanto físicos quanto psicológicos.
Como vimos ao longo desse artigo, o vício na substância pode levar a graves problemas de saúde, como dependência, doenças cardíacas, respiratórias e mentais.
Se você ou qualquer pessoa próxima a você sofre com a dependência química dessa ou de outras substâncias, lembre-se que é fundamental buscar ajuda profissional para superar o vício e reconstruir a vida.
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Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.