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Tratamento ibogaína – O que é, como funciona e efeitos no organismo
Publicado em: 20 de abril de 2021

Atualizado em: 10 de novembro de 2024

Tratamento ibogaína – O que é, como funciona e efeitos no organismo

O tratamento por ibogaína é algo que vem se expandindo tanto no conhecimento popular quanto em aplicação, mas é preciso ter certas ressalvas com relação ao uso dessa substância, que discutiremos mais adiante.

A ibogaína é uma substância extraída de uma planta de origem africana que é considerada um tipo de arbusto, seu nome é iboga, essa planta é principalmente encontrada na parte central do continente africano, em países como Camarões, Congo e Angola.

Neste artigo discutiremos sobre a funcionalidade da ibogaína e seus efeitos no organismo e se é confiável realizar tratamentos a base dessa substância, o que a lei diz sobre seu uso e em quais situações é permitida e como chegou até isso.

Tratamento ibogaína: Afinal, o que é ibogaína?

ibogaína

Como dito, a ibogaína vem de uma planta da parte central do continente africano, popularmente conhecida como iboga, sendo o princípio ativo da planta conhecido como ibogaína, essa planta tem seus registros de uso datado desde a pré-história em rituais, por causa de seu efeito alucinógeno.

Recentemente foi mais facilmente tomada por conhecimento da população pelo suposto efeito de anular e revitalizar a ação de outros alcaloides e compostos a base de nitrogênio que exercem atividade no cérebro, basicamente anular efeitos derivados de outras drogas no cérebro.

Foi através de uma pesquisa brasileira da UNIFESP e seu departamento de psiquiatria, conduzido por 4 profissionais de diferentes áreas, um médico (Bruno Rasmussen chaves), um neurocientista (Eduardo Schenberg), uma psicóloga (Maria Angélica Comis) e um psiquiatra (Dartiu Xavier) que em experimentos clínicos entre 2005 e 2013 viu-se que a ibogaína pode interromper a dependência de cocaína, crack e outras formas de vício em 72%.

Porém não há evidências científicas que comprovem que isso é realmente é efetivo, além de seus diversos efeitos adversos no corpo após o uso, pois ele interage diretamente nos neurotransmissores do cérebro, que nos últimos anos tem tido cada vez mais relatórios sobre risco de vida e casos de morte súbita relacionados a seu uso.

Para que serve a ibogaína?

Primeiramente é preciso lembrar que as utilidades listadas aqui abaixo ainda não têm comprovação científica e ainda são feitos muitos estudos clínicos para saber mais sobre os efeitos adversos que podem provocar.

Alguns médicos podem indicar a ibogaína para reduzir os sintomas da abstinência e da dependência de drogas como cocaína, crack, heroína, morfina e outras drogas, além de supostamente retirar a fissura que as drogas causam.

Há também histórico de uso para redução de fadiga e cansaço, cessar a febre, dor de estômago, combate a impotência sexual e contra a AIDS.

Mas a grande maioria desses supostos efeitos carece de informações se realmente ajuda e de que forma se faz isso, além de que não se sabe o quanto se deve administrar em nenhum desses casos, sem o conhecimento de dosagem até mesmo um remédio genérico pode ser perigoso.

Veja mais: Saiba quais são as 13 drogas mais usadas no Brasil

Como é feito o tratamento com ibogaína?

ibogaína

Com o devido acompanhamento médico é utilizada a substância como uma remédio para auxiliar na desintoxicação do dependente químico, administrado geralmente em forma de chá, com o objetivo de reduzir a fissura, que é o desejo incontrolável que os dependentes têm para com a sua droga e outros sintomas possíveis da abstinência.

E o tratamento segue assim, pode ser intercalado com algum outro tipo de medicamento caso a pessoa precise, mas em geral o tratamento é feito apenas com administração do chá ou outras formas de consumo da substância e acompanhamento médico.

O tratamento com ibogaína é utilizado para quais dependências? 

A ibogaína é mais utilizada contra as drogas que possuam substâncias alcalóides como seus agentes, alguns exemplos são a cocaína e crack e seus outros derivados, morfina, heroína, o ácido lisérgico (LSD), mescalina e vários outros que se enquadram na mesma categoria.

Também há relatos de uso da ibogaína no combate ao vício a maconha, mas além de carecer de fatos científicos, não parece possuir nenhum estudo que suporte o uso dela para esse tipo de droga.

É importante salientar um fato, que é o governo federal não aprova a utilização da ibogaína em tratamentos de dependência química, já que possui efeitos colaterais e os estudos que são realizados em cima dela ainda são um número pequeno de relatos de casos que usaram métodos específicos, que não são descartáveis, mas ainda insuficientes para embasar seu uso.

Assim ainda precisa que mais estudos clínicos controlados e outras fontes de comprovação científica para que seja reconhecida como útil em sentido terapêutico, além disso ainda se precisam de mais estudos no sentido de seus efeitos colaterais que quando acontecem são graves, incluindo morte súbita.

A ANVISA também não regulamenta o comércio de ibogaína como medicamento, quem o fizer poderá ser denunciado. 

É uma substância que ainda não se chegou a compreender para que se é realmente útil e se há como desassociar de seus efeitos com riscos graves à saúde.

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Quais são os efeitos da ibogaína no organismo de um dependente químico?

Ela é uma planta alucinógena, ao tomar o chá dessa planta ou ao ingeri a planta em seu estado natural é possível que surjam sensações como achar que está saindo de seu próprio corpo, pode acabar tendo alucinações visuais e auditivas, mas também pode desencadear quadros de transtorno mentais graves.

Muitos afirmam que esse estado em que a pessoa fica é parecido com um sonho, que até seria possível ver toda sua vida ou encontrar com espíritos, os relatos sobre isso são muitos parecidos com o da ayahuasca; dizem que ela pode regularizar as taxas de produção de serotonina e dopamina que ficam normalmente alteradas pelo consumo de drogas.

Sobre os tão falados efeitos adversos ou colaterais que tenho falado, eles podem incluir: arritmias cardíacas (o coração batendo de forma desorganizada), chance de parada cardíaca, ataxia (sintomas envolvendo coordenação dos movimentos), estados alterados de consciência (alucinações), problemas no sistema gastrointestinal, náuseas e vômitos, pequenos tremores e crises epilépticas, assim como morte súbita.

O tratamento com ibogaína é seguro? 

Vamos fazer um pequena recapitulação, estamos falando de uma substância, sem efeitos com embasamento suficiente de cunho científico, que possui graves riscos, que é administrado sem o real conhecimento da diferença de dosagem, que não é regulamentado pela ANVISA (agência nacional de vigilância sanitária), ao escolher esse tratamento você está escolhendo um risco.

Por mais que falem por aí que é seguro, não há nenhuma garantia ou respaldo legal para tal, nenhum órgão público que rege essa questão permite o uso e os médicos que receitam ibogaína podem ser caçados judicialmente.

Como foi discutido anteriormente, além do debate sobre se realmente é eficaz, ainda há o debate se é compensatório, pois essa substância pode gerar vários efeitos adversos e prejudiciais ao corpo.

Como a única coisa de fato comprovada é seu poder alucinógeno e suas reações adversas, não acredito que esse deva ser o tratamento escolhido por quem realmente procura um tratamento adequado para a dependência.

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Quais são os outros métodos de tratamento para dependência química? 

Existem vários outros métodos para tratamento da dependência química, mas aqui apontarei os métodos que possuem o respaldo científico de sua eficácia assim como grandes estudos de casos que exploram suas variedades, assim como que possuem boas aplicações e histórico positivo com a recuperação de pessoas em situação de dependência.

O primeiro passo a ser seguido é o tratamento de desintoxicação, que é quando a dosagem da substância que causa dependência vai sendo reduzida pouco a pouco para que o corpo vá se acostumando novamente a ficar sem ela, também pode acontecer de forma de um corte integral, seja como for esse processo é acompanhado por uma equipe de médicos ou por uma equipe multiprofissional de saúde.

Após estar mais afastado da influência da substância, graças a desintoxicação é que se recomenda dar início a outros tipos de tratamento, pois você poderá se focar mais e começará a entender a sua situação.

Diante disso um dos tratamentos mais eficazes no combate a dependência química, é a psicoterapia: Essa especialidade de terapia, vai tratar das questões e circunstâncias que levaram a pessoa a dependência, entendendo os processos psíquicos que o levaram a isso, com o propósito que o paciente comece a se entender melhor, compreendendo sua doença e ajudando a lentamente aceitá-la.

Os tratamentos com remédios ou medicamentos os usam como complementos ou auxílios para fins específicos, como redução dos sintomas de abstinência durante a fase de desintoxicação ou usar os medicamentos para tratar de problemas de saúde física e mental, tendo eles relação ou não com a dependência, de acordo com a necessidade de cada paciente, para que possam se focar inteiramente em sua recuperação.

Grupos de ajuda mútua: os grupos de ajuda mútua são normalmente grupos de pessoas anônimas que procuram se ajudar, mas não se engane, eles possuem um sistema bem estruturado de recuperação, chamado de programa dos doze passos, que ensinam a como viver uma vida sem dependência, como um guia para a nova vida.

Eles também servem como espaços para o compartilhamento das experiências de cada um, para entender que não estão sozinhos, que existem pessoas passando por dificuldades semelhantes ou até mesmo igual a sua, grupos como Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos tem um longo histórico de ajuda na recuperação de dependentes químicos.

As internações acontecem nas clínicas de recuperação, que possuem o objetivo de tratar o paciente em todas as áreas que lhe são afetadas pela dependência (biológica, psicológica e social) através de um tratamento multiprofissional que envolve diversas áreas do conhecimento para poder suprir a necessidade de cada paciente, na medida em que ele fica afastado fisicamente de sua substância.

Clínica de recuperação: Qual é a importância no processo de tratamento de um dependente químico?

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As clínicas de recuperação estão aqui para dar um suporte especializado e um tratamento completo e multiprofissional, buscando reorganizar os pensamentos e atitudes do paciente para que ele possa voltar a sociedade recuperado e pronto para o convívio.

Oferecer um tratamento amplo e biopsicossocial, pois a dependência química é uma doença que afeta simultaneamente o psicológico, o biológico e o social de cada pessoa, assim o tratamento visa a parada completa do consumo daquilo que lhe torna dependente, dar clareza ao paciente o fazendo entender como chegou a ser dependente, dar o devido suporte e as ferramentas necessárias para que ele continue limpo mesmo após a internação.

Dessa forma, a clínica de recuperação coloca-se como um espaço de convívio e preparação para o retorno à vida em sociedade, de forma que além de tratar o paciente, procura devolver a ele tudo aquilo que perdeu por conta da dependência, de modo que aquilo for possível seja recuperado.

Qual é o tempo médio de tratamento para dependência química em uma clínica de recuperação?

O tempo de tratamento para dependência química varia de acordo com cada modelo de tratamento, cada clínica possui um modelo de tratamento diferente de acordo com aquilo que trata como prioridade.

A maioria das clínicas tem adotado o modelo de internação por seis meses, mas outras clínicas adotam ou possuem a opção de um tratamento mínimo de três meses de internação.

Aqui na clínica do Grupo Recanto temos planos de tratamentos de três e seis meses, variando de acordo com a necessidade do paciente e de da família, assim a família e a nossa equipe podem entrar em um consenso sobre o que se encaixa melhor a necessidade do paciente.

Tratamento ibogaína: Como encontrar uma clínica de recuperação para dependência química?

Diante da necessidade de encontrar uma clínica de recuperação, você pode sempre contar com o Grupo Recanto, possuímos clínicas em Sergipe e Pernambuco, sendo uma delas dedicada exclusivamente ao público feminino, possuindo um modelo de tratamento adequado para isso.

Caso seja inviável para você pela distância, é possível realizar uma busca rápida por qualquer site de pesquisa como Google, Bing e Yahoo colocando por clínica de recuperação em associação com sua cidade ou estado para poder encontrar uma mais perto de sua casa.

Conclusão 

Através desse texto compreendo que foi possível entender os riscos desse tipo de tratamento, pois legalmente não há nada que comprove seus efeitos nem regulamenta seu uso. 

Além disso, podem causar efeitos prejudiciais ao paciente, esse tratamento pode ser uma opção confiável no futuro, mas hoje certamente não é coerente cogitá-la mediante a outras opções.

A ibogaína ainda é permeada de mitos e meias verdades, com o tempo acredito que teremos estudos o suficiente para que possam bater o martelo para o que ela de fato seria útil e em que condição, porém hoje ainda não se sabe e confiar nas palavras de uma pessoa quando a ciência e vários órgão público apontam que não, é arriscado para dizer o mínimo.

De toda forma, o tratamento mais recomendado é um tratamento multidisciplinar que aborda as várias áreas comprometidas pela dependência, e não apenas um único modelo de tratamento.

Agradeço por sua companhia até aqui, nos vemos no próximo texto, até mais!

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