A heroína é uma das drogas mais nocivas do mundo!
Substâncias parecidas com heroína são amplamente usadas para meios médicos e terapêuticos, mas o que a diferencia das outras drogas é a sua extrema dependência química e psicológica que gera no usuário desde o primeiro uso.
O que é heroína?
A heroína também chamada de diacetilmorfina é uma droga derivada da morfina que por sua vez deriva do ópio. A heroína surgiu de uma tentativa de melhorar a efetividade e segurança da morfina.
A heroína é uma droga ilícita, ou seja, ilegal, pois seus efeitos eufóricos e com rápida sensação de prazer e poder trazendo efeitos colaterais drásticos e de rápido efeito no organismo.
Seu uso comercial legalizado foi feito de 1898 a 1910, quando se descobriu que quando chegava no fígado acabava sendo convertido em morfina, o que era o contrário de um dos efeitos propostos, pois era usado também para tirar a dependência da morfina.
Como surgiu a droga heroína?
A heroína se dissipou pelo mundo como um remédio antitosse e analgésico, após a segunda guerra mundial junto com outros opióides, seu amplo uso como um analgésico clandestino ou pelo seu efeito eufórico se dissiparam pelos campos de batalha do Vietnã e outras guerras.
Se espalhando como uma droga de consumo ilegal accessível para a população em geral no fim da década de 1980, porém está mais atual do que nunca como podemos ver na epidemia de uso de heroína durante 2016 e 2017 nos Estados Unidos da América.
Como mostra a reportagem do jornal diário espanhol El PAÍS, durante essa epidemia de opioides morreram mais pessoas do que no período da guerra do Vietnã.
Como ela é feita?
A heroína tem sua origem com Alder Wright, um químico do hospital Saint mary’s, localizado em Londres, que sintetizou a diacetilmorfina, inicialmente para ser uma versão melhorada da morfina, mais eficiente e com menos efeitos colaterais
Após uma série de tratamentos na morfina com ácidos orgânicos, chegou-se na heroína, assim é preciso extrair o ópio das cápsulas de flores de papoula, refinar a morfina e depois novamente refinar para se obter a heroína.
Como é usada a heroína?
A forma de uso mais comum da heroína é a injetável, sendo a preferida para aqueles que buscam o uso recreativo, pois sua absorção é muito mais rápida, mas também pode ser consumida por inalação, fumo, ingerida pela boca e até mesmo por absorção pela pele.
O uso geral da heroína hoje é para aqueles que buscam o uso recreativo, pois é proibida na grande maioria dos países devido a grande chance de dependência química e seus outros efeitos colaterais já conhecidos.
Apenas em pouquíssimos países ainda é feito o uso médico da heroína e sobre imensas restrições e com regularização pesada como é o caso do Reino Unido.
Como a heroína e outras drogas surgiram a partir de remédios convencionais?
Durante a história da humanidade muitas drogas já passaram por uma fase medicinal até que se conheceu que seus efeitos negativos são maiores do que os positivos.
Drogas que já foram tidas como medicinais ou já fizeram parte de remédios incluem, além da heroína: A maconha, a cocaína, o LSD, anfetaminas, ecstasy, GHB e outras drogas advindas do ópio.
Porém a partir do momento que são desconsideradas da prática medicamentosa, outras pessoas que conhecem seus efeitos, apesar de saberem dos efeitos colaterais procuram ganhar dinheiro em cima da venda ilegal dessa substância.
Seus efeitos eufóricos e alucinógenos que algumas possuem são excelentes para o consumo recreativo, pois muitos apenas querem o efeito desejado sem se importar com as consequências.
Efeitos da heroína no organismo
Como a principal forma de consumo da heroína é o método de injeção, ela chega muito rapidamente ao sistema nervoso e pode ter efeitos que duram em torno de 4 horas.
A heroína possui efeitos analgésicos, reduzindo a dor, mas provocando euforia e retirando efeitos de cansaço, contudo ao contrário do que se pensa a heroína é uma droga depressora do sistema nervoso.
Assim mesmo garantindo efeitos de euforia que normalmente é associado a drogas estimulantes, a heroína na verdade diminui a ação das funções cognitivas, assim a pessoa fica muito sonolenta, com autocrítica prejudicada, perdendo a noção da realidade e causando efeitos de depressão profunda após a euforia passar.
Principais sintomas causados pelo uso da heroína
A partir desses efeitos alguns sintomas são originados, dentre eles efeitos físicos como tontura, náuseas, peso e cansaço nas extremidades do corpo, complicações nos sentidos (cegueira, perda de olfato e surdez), sonolência, queda no ritmo cardiorrespiratório e inflamação.
Ela também causa sintomas de efeito psíquico, como delírios, perda de memória, perda de consciência, ideação suicida, humor depressivo intenso, coma e inclusive a morte em alguns casos.
Há também o risco de desenvolvimento de doenças altamente transmissíveis, por conta do compartilhamento de seringas e de comportamentos de risco, em especial HIV/AIDS, mas também pode ser o foco de transmissões de outras infecções.
Consequências de curto prazo
Os efeitos iniciais do consumo da heroína podem ser sentidos logo após a exposição à droga e promovendo modificações no organismo da pessoa por um curto período de tempo, algumas horas, no máximo. Os principais efeitos são: coceiras, enjoos e alterações na percepção do próprio corpo. As alterações de sono também estão presentes como uma das consequências a curto prazo do uso da heroína, os déficits cognitivos e as alterações cardíacas também podem ser observados.
Esses efeitos iniciais podem trazer prejuízos na realização de atividades, por exemplo, pessoas que acabaram de usar a heroína devem evitar dirigir ou realizar atividades que demandam um nível maior de atenção.
A depressão respiratória é um dos riscos a curto prazo mais sérios do uso da Heroína, estando presente em casos de overdose e podendo levar à morte da pessoa.
Consequências de longo prazo
A se tratar do uso a longo prazo da heroína pode acarretar comprometimento da circulação sanguínea, por conta de danos venosos e infecções sanguíneas, assim como em dependência química.
Além do HIV, a hepatite B e C, sífilis são comuns em usuários de heroína pelo compartilhamento de seringas não esterilizadas; inflamação das válvulas do coração, embolia pulmonar.
Pode gerar abcessos (bolhas de pus) em órgãos internos, osteomielite, espondilite, sacroileíte, pneumonia, assim como tétano e em alguns casos botulismo.
Em casos extremos de muito tempo de uso contínuo dessa droga é possível que ocorra a necrose do tecido nos locais onde é injetada a heroína, muitos desses usuários acabam por morrer muito antes de chegar nesse estado.
Como acontece o exame toxicológico da heroína
O exame toxicológico consegue detectar a presença de heroína no organismo da pessoa por um período de até 180 dias após o consumo da substância. A coleta do material é feita a partir de amostras de DNA. Além da heroína, muitas outras drogas também podem ser detectadas por esse exame.
Impactos sociais causados pelo uso da heroína
O uso da heroína, assim como o uso de drogas no geral, causam impactos muito fortes na sociedade, as substâncias psicoativas tem grande poder alienador, tirando a função de ser operante que tem o ser humano dentro da sua sociedade.
Por conta da grande dependência pelas substâncias as pessoas acabam perdendo sua funcionalidade, sendo refém da mesma, com isso abrindo portas para criminosos produzirem e lucrarem em cima da dependência química, alimentando a fissura do cidadão.
Com isso a criminalidade é financiada, e até mesmo as famílias são impactadas, um familiar dependente muitas vezes se torna agressivo, manipulador, acabando até por cometer atos criminosos tais vivências, causando grandes traumas psicológicos a aqueles que presenciam para conseguir seu objetivo de consumir uma droga.
Sendo assim as pessoas, que consomem substâncias químicas como a heroína, gastam tudo que tem para conseguir de novo a substância, gerando até mesmo mais moradores de rua, sendo assim causando vários impactos sociais.
Prevenção ao uso de heroína
Assim como acontece em outros tipos de substâncias químicas é extremamente necessário, fazer um bom programa e um planejamento sobre a prevenção ao uso da mesma.
Sendo assim é importante a criação de conteúdos para que se possa ser possível levar informação sobre os perigos do uso da heroína, através da promoção da conscientização.
Além de ser possível fazer trabalhos terapêuticos que ajudam o usuário a compreender a origem da sua angústia e oque faz o mesmo recorrer ao uso, promovendo novas significações de si mesmo.
A procura de ajuda, o programa de passos, assim como o trabalho medico e terapêutico são cruciais, para a prevenção ao uso, promovendo assim uma nova perspectiva de vida para que esta a margem e vulnerável as drogas.
A importância de procurar ajuda
Qualquer tipo de dependência química precisa de um uma ajuda especializada para que a pessoa possa se recompor, afinal é uma doença que afeta não só a pessoa, como também as diversas áreas de sua vida e família e amigos ao seu redor.
Assim, tentar se recuperar sozinho é a primeira tentativa de qualquer dependente, normalmente apenas procura ajuda quando se enxerga num beco sem saída.
A grande questão é que desde o momento em que as ações de uma pessoa são determinadas pela droga, seja na família, no trabalho, nas relações sexuais, já está errado, pois aquilo que começou com a intenção de ser uma fuga de sua rotina, já controla toda a sua vida.
Portanto é necessário que a pessoa ou seus familiares busquem ajuda, pois nessa situação é difícil, é como andar por um deserto, com sorte talvez você saia dele sozinho, mas com um guia tudo muda, é mais fácil seguir pelo caminho certo.
Aqui há um caminho para uma nova vida!
Leia também: Como Ajudar um Dependente Químico: 6 Maneiras Reais e Práticas
A overdose de heroína: Saiba como ajudar o dependente
A overdose é muito associada apenas aos dependentes químicos, mas no caso da heroína pode acontecer com certa frequência até mesmo nos primeiros usos, por conta de seu forte efeito, o que é uma superdosagem para o organismo pode ser ultrapassado facilmente para aqueles que nunca tiveram contato com a droga.
Durante uma overdose de heroína é comum que aconteça a perda de consciência, confusão mental e física, ritmo cardiorrespiratório acelerado, náuseas, vômitos, convulsões.
Isso acontece pois o corpo não consegue processar ou eliminar o alto nível da substância presente no organismo, assim ela continua causando danos sem que o corpo consiga reagir rápido o suficiente.
Durante uma overdose não há muito que se possa fazer em apoio médico, então o primeiro passo é pedir socorro, números como 192 (SAMU) e 193 (Corpo de bombeiros) costumam ajudar em situações de emergência.
Porém alguns cuidados podem ser feitos, como não deixar a pessoa deitada durante a perda de consciência para que caso ela vomite não se asfixie pelo seu próprio vômito, a mantenha longe de objetos perigosos por conta das convulsões.
Heroína: Conheça os tratamentos para dependência química desta droga
Como a dependência química é uma doença multicausal e por isso biopsicossocial, não a tratamento sozinho que consiga resolver o problema, a saída é uma proposta de tratamento que engloba resolução de problemas para as áreas sociais, psicológicas e biológicas da doença.
Ainda assim existem três tratamentos que são fundamentais para a recuperação da dependência química da heroína, que são a psicoterapia, o uso de medicamentos quando necessário e a prática da internação.
As diferentes abordagens psicoterápicas ajudam a ir mais a fundo naquilo que é a origem dessa dependência, assim como tratar as sequelas emocionais deixadas pelo processo da doença e adicção.
Os medicamentos ajudam a regular os níveis hormonais e dos neurotransmissores responsáveis pelas emoções e sensações como alegria, raiva, tristeza etc.
Assim como ajudam a minimizar os sinais e sintomas da dependência da heroína e também de sua abstinência, para que a pessoa possa passar por esse momento de recuperação o mais consciente e saudável possível.
Já o tratamento por internação, além de causar o afastamento físico da droga, também proporciona o atendimento do paciente por uma equipe multiprofissional da saúde, além de disponibilizar diversos outros tipos de tratamentos, incluindo a psicoterapia e o uso de medicamentos.
O nome de internação pode soar um pouco drástico, mas posso lhe garantir que assim como é preciso tirar um tempo para se recuperar de feridas físicas, também é necessário tempo para se recuperar de feridas emocionais e psicológicas.
Conclusão
Por muito tempo achou-se que a heroína fosse apenas um problema de outros países, mas não do Brasil.
Porém no início dos anos 2000 a droga entrou no país e se disseminou primeiramente a partir de São Paulo.
Ainda que não seja um problema tão expressivo como o Crack, a Maconha, LSD e outras drogas em questão de quantidade, a heroína é extremamente perigosa pois pode viciar desde sua primeira dose.
Além do fato de estar lentamente se tornando mais popular por aqui, já que as apreensões da droga pela polícia ficam espaçadas entre anos uma da outra, a última ocorreu em 2019, mas foram encontrados 46 quilos no aeroporto galeão.
Assim sabendo da periculosidade dessa droga é quase um perigo assumir que aquele que faz uso dessa droga conseguirá sequer passar pela fase de uso recreativo, a maior chance é que se torne um dependente ainda nos primeiros usos.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.