O mundo anda e funciona de forma cada vez mais acelerada. Para acompanhar tudo, tentamos ir em um ritmo, de forma que podemos manifestar certa instabilidade mental.
Além do fator ambiental, temos a predisposição natural e genética a certos tipos de doenças físicas, assim como as doenças mentais.
Aliado a isso, não buscar ajuda pode agravar a situação, sendo necessário o tratamento através de uma emergência psiquiátrica.
As novas condições impostas pela pandemia de covid-19, podem agravar ainda mais essa situação, trazendo mais incômodo e estresse para poder se adaptar a uma realidade não comum anteriormente.
De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), ocorreu um aumento de 25% em atendimentos psiquiátricos desde o início da pandemia.
Além disso, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 9,3% da população brasileira sofre de ansiedade e 5,8% sofre de depressão, sendo respectivamente o primeiro e o quinto colocado no ranking mundial de prevalência dessas doenças.
Com isso e o preconceito da população em relação a psiquiatria, há uma contribuição para que esses transtornos se desenvolvam.
Por isso, é importante que se discuta mais sobre emergência psiquiátrica e todo o espectro da saúde mental.
O que é uma emergência psiquiátrica?
Uma emergência psiquiátrica se caracteriza por situações envolvendo transtornos que produzem alterações de emoções, sentimentos, pensamentos e comportamentos, de forma a pôr em risco a saúde da pessoa ou daqueles a quem é próximo.
Dentro dessas condições, a emergência psiquiátrica pode acontecer por um sintoma secundário de alguma condição ou como efeito direto de alguma condição psiquiátrica.
É uma demanda direta quando o paciente chega por uma crise psicótica, causada pela esquizofrenia ou uma tentativa de suicídio por conta de algum transtorno mental, por exemplo.
Outros fatores além dos transtornos mentais, podem desencadear emergências psiquiátricas, como o uso de drogas e a dependência química.
Qual a diferença entre urgência e emergência psiquiátrica?
Tanto a emergência quanto à urgência, são duas ocorrências psiquiátricas que possuem uma sutil, porém importante diferença:
A emergência psiquiátrica, como vimos, está relacionada a transtornos e alterações no pensamento, comportamento, emoções e sentimentos, de modo que precisa de uma intervenção rápida e no mesmo instante, já que o que está em jogo é a saúde e potencialmente a vida do paciente em questão ou dos próximos a ele.
São casos de emergência psiquiátrica, situações mais graves como ideação ou tentativa de suicídio, atos de violência que envolvam agressividade excessiva, surtos psicóticos, alucinações, crises depressivas e automutilação.
Já a urgência psiquiátrica, é mais comum em casos de comportamentos desviantes ou bizarros, e que os riscos envolvidos sejam menores.
Dessa forma, são feitas intervenções em curto prazo e com previsão de evolução boa, ou seja, o prognóstico é positivo.
Portanto, crises de ansiedade, desorganização, surto emocional, fobias e situação de estresse são transtornos mais leves.
Por que acontecem as emergências psiquiátricas?
As emergências psiquiátricas acontecem devido ao curso natural de algumas doenças, quando em estágio muito grave ou irreversível.
Mas, pode acontecer também pela falta de cuidados adequados e especializados, assim como nenhum cuidado.
Há também acontecimentos e ações que podem facilitar ou mesmo causar as emergências psiquiátricas, são eles:
- Uso prolongado de drogas ou uso abusivo delas.
- Transtornos mentais como esquizofrenia e depressão aguda ou tendência genética a eles.
- Problemas cognitivos e neurológicos.
- Uso abusivo de medicamentos e/ou seus efeitos colaterais.
- Traumatismos.
- Lesões cerebrais.
- Infecções em geral.
- Abstinência às drogas.
Principais situações de emergências psiquiátricas
Dentre as várias situações de emergência, existem aquelas que são as mais comuns e que exigem cuidados específicos.
Apresentarei aqui as principais, como acontecem e por que são classificadas como emergências psiquiátricas.
Suicídio
Os casos de suicídios e suas tentativas podem ser desencadeados por diversos fatores.
Dentre eles, acontecimentos marcantes negativamente que não foram tratados ou superados, consequência de um quadro de transtornos de humor, transtornos psicóticos, ansiedade e transtornos de personalidade.
Porém, é importante salientar que toda pessoa que pensa em cometer suicídio dará sinais, pois eles, isso não é um ato de coragem ou covardia, fazem isso para escapar da dor profunda que sentem, seja ela emocional ou física.
Comportamentos como mudar o estilo e tipo de vestimenta ou alterações drásticas de comportamento, tratar de todos ou quase todos os assuntos pendentes como dívidas, como se precisasse fazer isso pois iria ficar longe, alguns chegam até mesmo a dizer que se matarão, então se isso acontecer não duvide.
Desse modo é uma emergência psiquiátrica pois o paciente coloca em risco sua própria vida.
Uso excessivo de substâncias
Esse uso excessivo pode se dar de duas formas, a primeira é pelo uso prolongado durante meses ou anos.
Assim como o uso abusivo pode não ser constante, contudo, quando a pessoa usa, ele se usufrui de forma absurda ingerindo grandes quantidades da substância, que pode levar a dependência.
A dependência é um caso gravíssimo e pode alterar completamente o comportamento do paciente.
Isso, de forma que ele pode passar a fazer coisas antes inconcebíveis perante seu código moral e pode se tornar uma ameaça para aqueles que estão perto dele, assim como a substância se tornará o centro de seus objetivos, danificando sua vida social, física e psicológica.
O uso excessivo de substâncias pode acontecer por diversos motivos.
Dentre eles, o fator hereditário, podendo ter mais predisposição a se tornar dependente.
Traumas da infância ou em outras partes da vida que não foram resolvidas, influência de amigos, ser portador de outros transtornos como ansiedade, depressão e esquizofrenia, também podem contribuir para o abuso de substâncias.
Depressão
Como vimos anteriormente, a depressão possui números alarmantes no Brasil.
Cerca de 5,8% da população do país pode ter esse transtorno, segundo a OMS.
Desse modo, a depressão em si é um transtorno que facilmente produz comorbidade.
Isto é, em doenças que se manifestam ao mesmo tempo, é muito comum que o portador de depressão também tenha ansiedade.
Além da depressão potencialmente trazer outras doenças fragilizando ainda mais o paciente, ela por si só é perigosíssima.
Assim como a tristeza e angústia, essa doença pode causar perda de peso, alterações no sono, podendo dormir demais ou de menos, dores pelo corpo, irritabilidade e ideação suicida.
Casos de transtornos depressivos leves ou controlados, não são considerados emergências psiquiátricas, pois não apresentam risco nem a vida do portador nem de envolvidos próximos, apenas os casos mais acentuados e graves.
Psicose
No caso das psicoses ou transtornos psicóticos, o paciente encontra-se desorientado e alienado à realidade.
Ou seja, sem noção de tempo e espaço e podendo apresentar amnésia temporária, alucinações e delírios.
Nesse estado, a pessoa facilmente pode entrar em surto psicótico e se machucar ou os outros, sendo necessário uma medicação para que volte à normalidade.
Violência
Comportamento agressivo e potencialmente violento é caso de emergência psiquiátrica.
Esse tipo de comportamento coloca em risco, principalmente, a vida de outras pessoas próximas, assim como de estruturas e bens materiais.
Mesmo que esse comportamento não pareça ser motivada por razões psiquiátricas, é importante encaminhar ou chamar o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Como é possível identificar situações de emergência psiquiátrica?
Parece uma tarefa difícil, contudo se trata de algo simples. Você precisa ficar atento aos sinais e certos indícios que comunicam o que pode vir a acontecer.
É ainda mais fácil se a pessoa em questão já possui o diagnóstico de um transtorno psiquiátrico, assim você pode se informar falando com especialistas da área.
Agora se a pessoa ainda não possui diagnóstico ou se possui, mas você não tem nenhuma ou quase nenhuma ciência sobre o assunto, o primeiro passo deve ser se informar e atentar para pequenos detalhes, como mudanças de comportamentos nos últimos dias, agressividade e irritabilidade.
Porém, o mais recomendado é encaminhar aos serviços públicos responsáveis.
O que fazer em caso de emergência psiquiátrica?
Os casos de emergências psiquiátricas tendem a parecer assustadores, mas se seguir os passos que digo encontrará um caminho seguro para resolver essa situação.
Uma vez constatado que é um caso de emergência psiquiátrica, a pessoa deve ser encaminhada para um serviço psiquiátrico disponível em sua área.
Para fazer isso, há certos serviços públicos que podem ser utilizados para o transporte, como o SAMU, o corpo de bombeiros e a polícia em casos específicos.
Para aqueles que possuem um histórico de emergência psiquiátrica ou de internação, é preciso solicitar um serviço de ambulância que venha equipado com os itens necessários para esse tipo de demanda. Para isso, basta informar ao serviço que decidiu utilizar.
Na grande maioria dos casos, eles são encaminhados a hospitais de emergência geral. Na falta de serviços de ambulância, a polícia pode ser acionada para realizar o transporte e encaminhar ao hospital mais perto.
Assim, ao chegar na emergência, o paciente será encaminhado ao psiquiatra que tentará identificar o que pode ter gerado essa situação, bem como o diagnóstico do paciente, caso ele ainda não seja portador de doença nenhuma.
Qual é a importância de ajuda especializada em casos de emergência psiquiátrica?
Os profissionais especializados da área têm como objetivo cessar o avanço dos transtornos psiquiátricos, além de garantir segurança e tratamento adequado para uma pessoa que estava pondo em risco a sua vida e/ou a dos demais.
Nos casos muito graves, é dever do hospital recomendar a internação psiquiátrica do paciente, pois lá ele será cuidado até que normalize e se estabilize e esteja pronto para reingressar a sociedade, protegendo assim não só o paciente, mas sua família e permitindo a chance de estudar entender a fundo o que acomete o paciente.
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Conclusão
A emergência psiquiátrica ainda é um serviço pouco conhecido, apesar de sua grande importância, uma vez visto que o número de casos de transtornos psiquiátricos no Brasil só cresce e já lideramos em casos de ansiedade no mundo.
O ideal é que a pessoa não chegue a recorrer para a emergência psiquiátrica, uma vez que o transtorno foi tratado desde o início com psicoterapia e/ou medicamentos, assim como meios complementares de tratamento. É bastante difícil que essa pessoa precise recorrer a uma emergência no futuro, pois seu estado está estável.
Assim como a internação psiquiátrica deve apenas ser feita em casos de descontrole e transtornos com evolução acentuada, pois o objetivo da internação é estabilizar, tratar e dar as ferramentas ao paciente e a família para que possam se precaver.
Mas de modo que a pessoa e os familiares saibam como utilizar os serviços caso precisem, faltam campanhas de informação e instrução a esse respeito que não são feitas pelo governo nem pelas clínicas particulares.
Agradeço por sua companhia até aqui e até a próxima!
Continue acessando o blog e conheça mais sobre os tipos de tratamentos disponíveis em nossa clínica de recuperação.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.