Cada vez mais o uso de substâncias psicoativas entre os jovens vêm aumentando. A utilização de drogas em festas e reuniões entre grupos de amigos é uma realidade difícil de ser controlada.
Além das diversas implicações na saúde e no bem estar social, laboral, físico e mental dos sujeitos, a dependência nessas substâncias representa um grande problema de saúde pública.
As drogas inalantes é um dos tipos de substâncias ilícitas mais consumidas entre os jovens e pré-adolescentes. Logo, é de extrema importância o debate sobre os efeitos negativos que ela provoca no organismo, as diferentes formas de tratamento e os principais sintomas da dependência.
O que são as drogas inalantes?
As drogas inalantes são substâncias consumidas na forma volátil e que possuem alta toxicidade para o organismo. Os efeitos causados por essas substâncias podem provocar diferentes reações orgânicas e psíquicas no sujeito, mas de modo geral, elas têm grande potencial depressor das funções do sistema nervoso.
Os inalantes costumam ser a primeira droga usada na adolescência, perdendo apenas para o álcool e o tabaco e isto acontece, principalmente, pelo seu baixo custo.
Principais drogas inalantes
Grande parte das drogas inalantes não foram produzidas para serem consumidas como entorpecentes. Produtos de uso domiciliar e matérias-primas para a produção industrial são os principais compostos utilizados pelas pessoas que as consomem.
Os principais tipos são: éter, gasolina, cola de sapato, produtos de limpeza, lança-perfume e tintas. É possível dividir os inalantes em subtipos com características específicas, são eles: gases, solventes voláteis, aerossóis, e nitritos.
O loló é o tipo de droga inalante mais utilizada nos grandes centros urbanos e é composto pela mistura de diferentes substâncias químicas, como o álcool, o éter e, até mesmo, gasolina. Ele costuma ser consumido abertamente em festas e reuniões de jovens pelo seu fácil acesso e preço baixo.
Breve histórico das drogas inalantes
As drogas inalantes têm uma longa história de uso que remonta às civilizações antigas, onde substâncias como o éter e o ópio eram inaladas por seus efeitos narcóticos.
No entanto, foi durante o século XIX que essas substâncias começaram a ser utilizadas de forma mais sistemática para fins recreativos e medicinais. Durante essa época, compostos como o clorofórmio e o óxido nitroso ganharam popularidade como anestésicos em procedimentos médicos e odontológicos.
Ao longo do século XX, o uso de drogas inalantes expandiu-se para incluir uma variedade de produtos domésticos e industriais, como gasolina, esmalte de unha, aerossóis para cabelo e solventes de tintas.
Essas substâncias eram acessíveis e amplamente disponíveis, o que contribuiu para seu uso recreativo, especialmente entre adolescentes e jovens adultos.
No entanto, o uso de drogas inalantes está associado a uma série de riscos à saúde, incluindo danos cerebrais, problemas respiratórios, danos aos órgãos internos e até mesmo morte por overdose ou acidentes relacionados ao uso.
Como resultado, muitos esforços foram feitos para educar o público sobre os perigos das drogas inalantes e implementar políticas de prevenção e tratamento.
Hoje em dia, a conscientização sobre os efeitos nocivos das drogas inalantes está em ascensão, e programas de prevenção e tratamento estão disponíveis em muitas comunidades para ajudar aqueles que lutam contra o vício nessas substâncias.
O reconhecimento dos riscos à saúde e o acesso a recursos de apoio são passos importantes na luta contra o abuso de drogas inalantes e na promoção de estilos de vida saudáveis e livres de drogas.
Efeitos das drogas inalantes
Os efeitos provocados pelas drogas inalantes podem variar dependendo do tipo e da quantidade da substância que foi consumida. Normalmente, podem ser observadas alterações comportamentais, com a presença de humor eufórico, que após o efeito inicial é seguido por rebaixamento no nível da consciência e lentificação psicomotora.
Combinação das drogas inalantes com outros tipos de drogas
A combinação de álcool com drogas inalantes, por exemplo, pode potencializar os efeitos sedativos e depressores do sistema nervoso central, aumentando o risco de overdose e comprometendo ainda mais a função respiratória.
Já a combinação de drogas inalantes com cocaína pode ser especialmente preocupante devido aos efeitos contrastantes dessas substâncias. Enquanto as drogas inalantes têm efeitos depressores, a cocaína é um estimulante poderoso.
Essa combinação pode levar a uma sobrecarga do coração e do sistema cardiovascular, aumentando o risco de ataques cardíacos, derrames e outros problemas de saúde graves.
Além disso, o uso simultâneo de drogas inalantes e cocaína pode aumentar a probabilidade de comportamentos de risco, como impulsividade, agressão e acidentes.
A interação entre essas substâncias pode levar a um estado de intoxicação grave, onde os indivíduos podem apresentar sintomas de paranoia, psicose e delírios.
É importante destacar que a combinação de diferentes tipos de drogas pode ter efeitos imprevisíveis e extremamente prejudiciais à saúde física e mental.
Por isso, é fundamental evitar o uso simultâneo de drogas e buscar ajuda profissional caso você ou alguém que você conheça esteja lutando contra o vício ou fazendo uso problemático de substâncias.
Como os inalantes agem no organismo?
O uso de drogas inalantes pode provocar uma série de modificações no organismo e no cérebro das dependentes. Até agora a ciência não conseguiu identificar um único neurotransmissor que esteja associado às alterações provocadas por essas substâncias.
O sujeito pode apresentar perturbações de sensopercepção com a presença de alucinações e percepções delirantes, perda da noção de tempo e espaço, ter prejuízos nas diversas funções cognitivas e psicomotoras, além de cansaço, confusão mental e diminuição da força física.
Como uma pessoa se torna dependente do uso de inalantes?
A dependência vai se manifestar quando a pessoa que consome as drogas inalantes passa a utilizar quantidades cada vez maiores da substância, processo conhecido como tolerância. Quanto mais tolerante aos efeitos da droga, mais o dependente vai necessitar aumentar a quantidade de inalante consumido.
Ter um ambiente que estimula e facilita o acesso ao uso de inalantes é uma das coisas que ajuda a elevar a chance do sujeito se tornar dependente. Além disso, fatores genéticos e psicológicos também podem contribuir para esse quadro.
Fatores de risco do uso dos inalantes
Por possuírem alta toxicidade, o uso dos inalantes pode trazer diferentes riscos para a saúde e o bem estar dos pacientes. A quantidade ingerida, o organismo da pessoa que consome e a composição específica da droga vão aumentar ou diminuir os riscos associados ao uso.
A morte de neurônios, levando a danos nas funções cognitivas, danos em alguns órgãos que ficam mais expostos aos efeitos da inalação das substâncias, problemas cardíacos e respiratórios são alguns dos riscos decorrentes do uso de drogas inalantes.
Os inalantes podem causar overdose?
A overdose provocada pelo uso de inalantes acontece quando a quantidade de droga consumida é muito grande e o espaço de tempo curto demais para que o corpo consiga se restabelecer e processar todas as substâncias que foram inaladas.
A overdose pode acabar levando a quadros orgânicos sérios como o rebaixamento de nível de consciência, estado de coma, convulsões e a morte. Nesses casos é muito importante que alguém esteja por perto para chamar a emergência e prestar o atendimento necessário o mais rápido possível.
Sintomas da dependência em drogas inalantes
As alterações comportamentais são os primeiros sintomas que se manifestam nos casos de dependência. O sujeito passa a viver em função de usar a droga e sofre processos de isolamento, perda da qualidade de vida, abandona as atividades laborais e acadêmicas.
As alterações de humor com episódios depressivos, eufóricos ou disfóricos que costumam acontecer vão variar de acordo com o tipo de substância que foi consumida e a quantidade.
Alguns sintomas orgânicos também podem surgir como problemas respiratórios e tontura. Além disso, as alterações de juízo de realidade estão presentes em muitos casos, com a manifestação de delírios com conteúdos variados.
Tratamento da dependência em inalantes
As intervenções multiprofissionais são essenciais, tendo em vista que olham o paciente em sua dimensão biopsicossocial. Psicólogas, psiquiatras, enfermeiras, assistentes sociais e demais profissionais da saúde são os principais agentes que auxiliam no processo de reabilitação.
A psicoterapia associada ao uso de medicamentos para o controle da ansiedade e dos sintomas da abstinência configuram o tipo de intervenção mais utilizada.
Além disso, a realização de atividades complementares que promovam o bem estar físico e mental dos pacientes, como a prática de exercícios físicos, boa alimentação e ser um sujeito socialmente ativo na sociedade são atitudes que contribuem no tratamento da dependência em drogas inalantes.
O Grupo Recanto possui intervenções voltadas para a dependência química e saúde mental, com uma equipe multidisciplinar especializada e com uma estrutura adequada para atender pacientes com diferentes quadros psiquiátricos. Nós desenvolvemos uma abordagem humanizada e individualizada, que busca compreender cada paciente em suas especificidades, sem julgamentos ou preconceitos.
Conclusão
Como vimos, o uso das drogas inalantes deve ser evitado, tendo em vista todos os malefícios que essas substâncias causam no corpo, no organismo e nas relações que o sujeito estabelece.
O grande sofrimento provocado pela dependência em inalantes afeta não apenas a pessoa que a utiliza, mas também toda uma rede formada por familiares, amigos e cuidadores.
A internação é uma das opções recomendadas para o tratamento e o Grupo Recanto possui uma estrutura completa, formada por profissionais de diversas áreas que trabalham em conjunto para melhorar a qualidade de vida e a estabilização do quadro de cada paciente.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.