Nos últimos tempos a grande mídia vem trazendo reportagens sobre as chamadas novas substâncias psicoativas (NSP). A droga k9 e outras drogas desta categoria, vêm ganhando destaque, em decorrência do aumento do uso entre as pessoas nos grandes centros urbanos e locais de encontro de dependentes químicos.
Diversos fatores estão levando ao crescente aumento do consumo dessas substâncias, entre eles temos o acesso facilitado, tendo em vista que após a chegada dessa droga no Brasil, grandes grupos de venda e distribuição de entorpecentes passaram a intensificar a oferta.
Além disso, o baixo custo de compra e venda da droga K9 é um aspecto que contribui para o seu consumo, principalmente entre os adictos que não têm condições financeiras para custear a dependência.
Tendo em vista os aspectos citados e o alto poder destrutivo da droga K9, vemos a importância de debater sobre os efeitos, riscos associados ao consumo, tratamentos disponíveis e aspectos sociais relacionados com o uso dessa substância.
O que é a droga K9?
A droga K9 é uma das substâncias conhecidas como supermaconha. Sua principal característica é a produção em laboratório, sendo incluída no grupo de canabinóides sintéticos.
Originalmente criada nos anos 90 para consumo e distribuição nos Estados Unidos, essa droga, posteriormente, passou a ser comercializada no resto do mundo. Estudos apontam que, o poder de ação desse canabinóide pode chegar a ser 100 vezes mais potente do que a maconha sativa.
Como a distribuição e consumo da cannabis é proibido no Brasil, a droga K9 é considerada uma substância ilícita, por isso sua venda é feita de modo ilegal.
Efeitos da K9
Em decorrência da ação potente da droga K9 no organismo, os efeitos provocados por essa substância tendem a ser muito mais nocivos e intensos para o organismo das pessoas que a consomem.
A presença de alterações físicas como intensa taquicardia e uma sensação de relaxamento profundo são sintomas comuns. Além disso, os alterações psíquicas e cerebrais como rebaixamento de nível da consciência, delírios, alucinações e confusão mental são recorrentes após o consumo da K9.
A ideação suicida é um dos efeitos mais graves que se manifestam após o consumo da substância. Elevando a taxa de morte acidental entre os dependentes.
Efeito zumbi
O efeito zumbi é uma das consequências provocadas pelo uso da droga K9. Esse efeito é cada vez mais conhecido pelo grande público em decorrência do aumento no número de reportagens e vídeos publicados que mostram o estado dos dependentes logo após o consumo.
Na realidade, o comportamento zumbi é provocado pelas alterações cerebrais promovidas pela K9, ou seja, o sujeito passa por um processo de rebaixamento de nível da consciência, confusão mental, despersonalização e desrealização dificultando a percepção de estímulos e diminuindo a atenção.
Riscos associados ao uso da K9
O uso da droga K9 pode levar ao desenvolvimento de comorbidade como os transtornos de humor e a ansiedade, isso dificulta ainda mais as perspectivas de estabilização do quadro. A manifestação de conduta irritada, dificuldades no convívio social e mudanças nos padrões comportamentais.
Além disso, a morte por overdose é outro risco associado ao uso da K9. Trabalharemos essa temática de modo mais aprofundado no decorrer do artigo.
Diferença entre a K2, K4 e K9
Muita gente pode ter dificuldade em diferenciar essas três substâncias. O grande diferencial de cada um vai depender da forma como são produzidas e consumidas. A K2 é utilizada no papel, ou se
As drogas K são feitas em forma líquida, com uma mistura de substâncias químicas, e são borrifadas em diversos meios para o consumo. Quando no papel, é chamada de K2; quando em tabaco, é K4; quando misturada a outras drogas, como crack, cocaína e maconha, é chamada de K9, sendo essa a mais letal de todas.
Dependência da k9
A dependência das drogas K é imediata, de acordo com o psiquiatra Fabio Scaramboni, e já no primeiro uso as consequências são gravíssimas, principalmente no caso de crianças que ainda estão desenvolvendo as funções cerebrais.
“Esses entorpecentes ocasionam maior potencial de toxicidade neuropsiquiátrica e risco de morte, com consequências devastadoras em crianças e adolescentes, visto que, nessa faixa etária, essa população ainda se encontra em processo de amadurecimento de estruturas cerebrais e redes neurais”
Wélissa Moura, psiquiatra do Caps (Centros de Atenção Psicossocial).
A DrogaK9 pode causar overdose?
Tratamentos para a dependência em k9
A intoxicação por K9 é uma emergência médica e deve ser tratada imediatamente. O tratamento depende dos sintomas apresentados pelo usuário.
Em geral, o tratamento envolve a administração de medicamentos para controlar a pressão arterial e a frequência cardíaca. Além disso, a terapia comportamental pode ser útil para ajudar os usuários a superar a dependência.
O Lugar ideal para tratar a intoxicação por K9 é a clínica de recuperação para dependentes químicos, pois ela possui toda a estrutura necessária para combater o abuso de drogas, incluindo a K9.
Apoio familiar
O que fazer para ajudar um dependente químico em K9?
Se alguém estiver usando K9, é importante agir rapidamente. Fale com a pessoa sobre os riscos e os efeitos da droga e tente convencê-la a procurar ajuda profissional. Se a pessoa estiver em uma situação de emergência, ligue para os serviços de emergência imediatamente.
Quando a internação é uma opção
A internação é uma opção quando o paciente passa a viver só para consumir a droga. Como a K9 tem o poder de provocar dependência a partir do primeiro uso, é recomendado ficar atento aos sintomas da adicção que vão se manifestar.
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Conclusão
Como vimos, o uso da droga K9 traz sérios prejuízos para a saúde das pessoas que a consomem. Esses efeitos chegam a ser 100 vezes mais potentes do que a maconha natural.
As consequências desse uso chegam a ser irreversíveis.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.