A depressão é uma realidade que afeta profundamente a vida de inúmeras pessoas em todo o mundo. Sua influência não se limita à esfera do humor; ela transcende para os pensamentos, comportamentos e bem-estar geral de quem a vivencia. Contudo, uma das ramificações mais alarmantes da depressão é a ameaça que representa para a própria vida do indivíduo, manifestando-se como o risco suicida.
A depressão pode vir de vários fatores, por isso é importante ficar atento aos seus sinais, até mesmos distúrbios hormonais causados pelo estresse, podem acarretar em sintomas depressivos, e caso não seja tratado pode evoluir para um sério transtorno de depressão, com isso, se dá a importância de discutir, informar e trazer para o leitor como se configura uma depressão e que se mantenha em alerta para que a internação seja uma opção possível que traga uma promoção da saúde mental do sujeito.
Neste artigo, adentraremos a complexa interligação entre a depressão e o risco de suicídio, desvelando os indícios que alertam para esta perigosa condição. Juntos, exploraremos quando a internação psiquiátrica emerge como a alternativa mais indicada para o tratamento. Adicionalmente, mergulharemos nas estratégias destinadas a enfrentar crises de ansiedade e depressão, reconhecendo a vitalidade da recuperação contínua e da consistência nos cuidados de saúde mental.
Nesta jornada, buscamos não apenas compreender, mas também estender a mão para aqueles que enfrentam essa batalha, dissipando a sombra que envolve a depressão, os pensamentos suicidas, e oferecendo uma luz de esperança em direção à recuperação e à estabilidade emocional.
Figurando o paciente depressivo
A depressão é uma condição mental que vai além de se sentir triste ou desanimado ocasionalmente, ela pode se apresentar a partir de vários fatores que podem colaborar para um transtorno depressivo, sendo importante ficar atento aos sinais para que seja possível uma intervenção de forma mais rápida, incisiva, colaborando para que o transtorno não evolua ao ponto de ter uma gravidade maior.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição (DSM-5), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, a depressão é diagnosticada quando um indivíduo apresenta pelo menos cinco dos seguintes sintomas durante um período de duas semanas ou mais: sentimentos persistentes de tristeza, vazio ou desesperança; perda de interesse ou prazer em atividades que costumavam ser agradáveis; mudanças no apetite ou peso; dificuldade em dormir ou dormir em excesso; fadiga constante ou falta de energia; dificuldade de concentração ou tomada de decisões; sentimentos de culpa ou inutilidade; pensamentos suicidas.
Esses critérios fornecidos pelo DSM-5 ajudam os profissionais de saúde a diagnosticar a depressão de forma mais objetiva. A presença desses sintomas por um período prolongado e sua interferência nas atividades diárias do indivíduo podem indicar a presença de depressão. No entanto, é importante observar que a depressão é uma condição tratável e que a busca por ajuda profissional é fundamental.
Embora os sintomas da depressão possam variar de pessoa para pessoa, o diagnóstico baseado no DSM-5 fornece uma estrutura consistente para a identificação e tratamento desse transtorno mental. Reconhecer a depressão de acordo com esses critérios ajuda os profissionais de saúde a desenvolver planos de tratamento eficazes e oferecer o apoio necessário aos pacientes que enfrentam essa condição desafiadora.
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Lidando com Crises de Ansiedade e Depressão
Lidar com crises de ansiedade e depressão pode ser uma jornada desafiadora, mas há estratégias valiosas que podem fazer a diferença. A comunicação aberta desempenha um papel fundamental. Conversar sobre sentimentos e pensamentos com amigos, familiares ou profissionais de saúde pode proporcionar um alívio emocional significativo. Muitas organizações de saúde mental oferecem orientação online e por telefone, como o CVV, para citar algumas fontes confiáveis.
Buscar ajuda profissional é crucial, especialmente em crises graves. Psicólogos, psiquiatras e terapeutas são treinados para fornecer suporte adequado e orientação especializada. Além disso, eles podem encaminhar para tratamentos adicionais quando necessário.
O isolamento pode agravar as crises, os pensamentos suicidas. Manter conexões com amigos e familiares pode proporcionar apoio emocional vital. É essencial lembrar que não se está sozinho nesta jornada.
A prática do autocuidado é uma parte importante da recuperação. Atividades como meditação, exercícios físicos e a dedicação a hobbies podem ajudar a reduzir o estresse e melhorar o bem-estar geral durante uma crise.
Evitar o álcool e as drogas é crucial, pois o uso de substâncias pode intensificar os sintomas da ansiedade e depressão. É importante estar ciente dos perigos do abuso de substâncias e buscar alternativas saudáveis para lidar com as emoções durante uma crise.
Lidar com crises de ansiedade e depressão exige paciência e autocuidado. Seguir essas estratégias e buscar ajuda profissional quando necessário pode ser um passo importante na jornada rumo à recuperação.
Risco Suicida: Os Sinais
O risco suicida é uma preocupação séria associada à depressão, e é crucial identificar os sinais de alerta que podem indicar um aumento desse risco, pois a depressão muitas vezes se mostra de formas diferentes uma pessoa depressiva não necessariamente estará sempre triste, mas ela pode apresentar comportamentos tidos como dentro da funcionalidade quando esta em sociedade, mas em seu encontro consigo mesmo é onde demonstra a desmotivação, a tristeza, e até mesmo o desejo suicida . Embora nem todas as pessoas com depressão apresentam pensamentos ou intenções suicidas, reconhecer esses sinais é fundamental para prevenir tragédias.
Expressar verbalmente pensamentos suicidas ou o desejo de morrer é um sinal de alerta importante. Quando alguém comunica abertamente sentimentos de desespero, é um pedido de ajuda que deve ser levado a sério. Preparações para o suicídio, como fazer um testamento ou dar pertences pessoais, também indicam um risco significativo. Essas ações demonstram uma intenção séria de seguir adiante com o ato.
O isolamento social e a retirada de atividades sociais são comportamentos que frequentemente acompanham o risco suicida. Quando alguém se afasta de amigos e familiares, pode ser um sinal de que estão lutando com emoções intensas e não sabem como pedir ajuda. O aumento do uso de álcool ou drogas é outra indicação preocupante, pois essas substâncias podem agravar os problemas emocionais e reduzir os inibidores naturais que impedem o suicídio.
Mudanças extremas no comportamento, como agitação excessiva ou apatia extrema, também são sinais de alerta. Essas mudanças podem refletir o sofrimento interno da pessoa. A dificuldade em dormir ou o excesso de sono são sintomas que podem indicar o desequilíbrio emocional que muitas vezes precede o pensamento suicida. Expressões de desesperança, como despedidas ou declarações sobre não ver um futuro, são outro sinal crucial de risco.
Levar qualquer um desses sinais a sério é de extrema importância. O apoio de amigos e familiares desempenha um papel vital na prevenção do suicídio e de pensamentos suicidas, mas a intervenção profissional é igualmente essencial.
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Quando Internação se Torna Necessária
A internação psiquiátrica pode se tornar uma necessidade em casos graves de depressão, especialmente quando há risco iminente de suicídio. Essa medida não é tomada de maneira leviana, mas sim em situações críticas em que a segurança e o bem-estar do indivíduo estão em perigo. Várias circunstâncias podem indicar que a internação é a melhor opção de tratamento:
Pensamentos ou planos suicidas imediatos são um sinal claro de que a internação pode ser necessária para garantir a segurança imediata do paciente. Quando alguém expressa o desejo de se machucar ou tirar a própria vida e tem um plano detalhado, é fundamental intervir de forma imediata.
Se a pessoa já teve comportamentos suicidas recentes, como tentativas de suicídio, a internação é frequentemente recomendada. Isso permite uma avaliação adequada e um tratamento mais intensivo sob supervisão.
A falta de apoio social e recursos para o tratamento da depressão também pode levar à internação. Quando o indivíduo não possui uma rede de apoio adequada ou acesso a recursos para o tratamento, a internação pode garantir que ele receba os cuidados necessários.
Uma piora repentina e significativa dos sintomas da depressão, que coloca a vida do indivíduo em perigo, pode justificar a internação. Isso possibilita um tratamento imediato e intensivo.
A incapacidade do paciente de cuidar de si mesmo, incluindo tarefas básicas como alimentação, higiene e administração de medicamentos, pode indicar a necessidade de internação para garantir que suas necessidades sejam atendidas enquanto o tratamento é realizado.
A decisão de internar alguém com depressão é geralmente tomada por profissionais de saúde mental após uma avaliação abrangente. É fundamental compreender que a internação não é uma solução permanente, mas sim uma medida temporária para fornecer tratamento intensivo e assegurar a segurança do indivíduo com planos suicidas. Durante esse período, os profissionais trabalharão para estabilizar o paciente e desenvolver um plano de tratamento adequado.
Recuperação e Continuidade do Cuidado
Após a internação psiquiátrica, o processo de recuperação da depressão continua, e a continuidade do cuidado desempenha um papel fundamental nessa jornada. Várias medidas e estratégias podem ser implementadas para assegurar que o indivíduo receba apoio contínuo e tratamento adequado.
O aconselhamento individual ou terapia é uma parte crucial do tratamento pós-internação. O acompanhamento com um terapeuta ou conselheiro permite que o indivíduo explore seus pensamentos e emoções, mais profundos, como os pensamentos suicidas, adquira habilidades de enfrentamento e desenvolva estratégias para lidar com os desafios da depressão. Essa abordagem é baseada em evidências e comumente recomendada para promover a recuperação contínua.
Em muitos casos, o uso de medicamentos, como antidepressivos, faz parte do plano de tratamento em curso. Esses medicamentos podem ajudar a estabilizar o humor e reduzir os sintomas da depressão, e possíveis pensamentos suicidas, permitindo que o paciente se sinta mais funcional e melhore sua qualidade de vida.
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O apoio contínuo da família e dos amigos é inestimável. Manter as linhas de comunicação abertas, demonstrar empatia e estar presente para o indivíduo são componentes essenciais para promover sua recuperação a longo prazo.
Participar de um grupo de apoio destinado a pessoas com depressão, e que tiveram pensamentos suicidas, pode proporcionar um ambiente de compreensão e compartilhamento de experiências. Isso permite que os indivíduos se conectem com aqueles que passaram por situações semelhantes, diminuam o sentimento de isolamento e obtenham suporte valioso para sua jornada de recuperação.
Além disso, adotar um estilo de vida saudável é crucial. Isso inclui manter uma dieta equilibrada, praticar exercícios regulares e garantir um sono adequado. Essas práticas ajudam a melhorar a saúde física e mental, contribuindo para a recuperação contínua da depressão.
A continuidade do cuidado é um processo dinâmico que requer a colaboração de profissionais de saúde, familiares e o próprio indivíduo. É importante lembrar que a recuperação da depressão é um caminho individualizado, e a manutenção do tratamento a longo prazo desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar e da qualidade de vida.
Conclusão
A depressão é uma condição de saúde mental séria que pode estar associada a um risco suicida significativo. Identificar os sinais de alerta e buscar ajuda profissional são passos cruciais na prevenção do suicídio em indivíduos com depressão. Embora a internação psiquiátrica seja uma medida extrema, em alguns casos, pode ser necessária para garantir a segurança e fornecer tratamento intensivo suicida.
É fundamental lembrar que a depressão é tratável, e muitas pessoas com essa condição encontram o caminho da recuperação com o apoio adequado. A continuidade do cuidado, incluindo terapia, medicação, apoio social e um estilo de vida saudável, desempenha um papel crucial na recuperação contínua da depressão.
Nossa sociedade deve continuar a promover a conscientização sobre a depressão e o risco suicida, bem como eliminar o estigma em torno da saúde mental. Ao fazê-lo, podemos ajudar aqueles que enfrentam essa condição a buscar ajuda, encontrar esperança e trilhar o caminho em direção à recuperação.
É importante sempre lembrar, que quem sofre de depressão, está passando por uma profunda dor e sofrimento psicológico que acaba também afetando o lado físico do nosso organismo, com isso muitas vezes nosso comportamento muda, ficamos sem energia, nossa motivação também sofre, por isso dizemos que depressão deve ser levado a sério para que seja possível a recuperação, para que seja possível gerar para o sujeito uma nova significação para sua vida.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.