Criamos laços afetivos profundos com aqueles que nos cercam, o que torna mais fácil enfrentar as dificuldades naturais e culturais da vida enquanto compartilhamos conhecimentos e experiências.
Porém, o excesso de cuidado e a necessidade do outro para tomar decisões importantes podem ser sinais de dependência emocional.
A dependência emocional está relacionada a uma pessoa que sente uma extrema necessidade de se sentir feliz em sua relação com alguém, e por isso passa a depender emocionalmente, seja de um familiar, amigo ou cônjuge, por exemplo. Essas pessoas, acabam por se sentirem insatisfeitas consigo mesmas, e muitas vezes possuem problemas de autoestima.
Desta forma, como a vida deste dependente se encontra envolvida com um alto nível de sentimentos e emoções excessivas, acaba se tornando algo doentio, em que a pessoa se torna controladora, possessiva e ciumenta.
Ela oculta uma necessidade de controle e segurança, manifestada pela falta de confiança em si mesmo.
Como resposta direta, a pessoa busca a segurança que não tem em si mesma no outro.
Como essa questão afeta o convívio e desgasta relações sociais, é importante prestar atenção aos sinais e entender de onde vêm essa dependência sem limites.
O que é dependência emocional ?
Também nomeada de codependência, a dependência emocional, se refere a uma condição psicológica e emocional em que a pessoa possui uma intensa necessidade de apego em relação a outra pessoa. Esse sentimento de apego excessivo ao outro, seja em relacionamentos amorosos, na família ou entre amigos, acaba gerando um intenso sofrimento.
A pessoa dependente emocional se sente com uma intensa insatisfação devido a carência e apego excessivo que sente, pois, como é considerada algo doentio, o indivíduo nunca fica satisfeito. Quem a possui precisa constantemente da aprovação de outras pessoas e tem problemas para tomar suas próprias decisões.
Essa relação de dependência é problemática e acaba transformando qualquer relacionamento em algo tóxico.
Essa dependência é mais presente quando há uma dinâmica doentia, envolta em possessividade e ciúmes, entre duas pessoas.
O dependente quer ser o centro do mundo do outro, sufocando-o com suas demandas e necessidades.
As partes envolvidas deixam de querer ficar juntas por prazer e sentem-se obrigadas a permanecerem no relacionamento.
A Associação de Saúde Mental da América define a dependência emocional como “uma condição emocional e comportamental que afeta a capacidade de um indivíduo ter um relacionamento mutuamente saudável e satisfatório”.
O que causa a dependência emocional?
As causas da dependência emocional estão associadas ao medo de errar e de ser rejeitado, além do temor de ficar sozinho.
Alguns profissionais da psicologia acreditam que esse comportamento possui raiz na criação do indivíduo, desde sua infância, em casos em que os pais são narcisistas ou deprimidos, fazendo com que a criança desenvolva uma “necessidade” extra por eles, no intuito de oferecer-lhes um senso de propósito.
Dado certo momento, a pessoa afetada perde a capacidade de agir, tomar decisões sozinha e de assumir responsabilidade por suas ações.
Ao ser emocionalmente dependente, a autoestima depende somente da opinião ou reconhecimento de terceiros.
As bases dos nossos alicerces emocionais estão cravadas na nossa infância,ou seja, o modo como vamos encarar as relações sociais e amorosas na vida adulta é, em grande parte, reflexo das experiências que tivemos nos primeiros anos de vida. Como por exemplo, vivenciar uma infância superprotegida ou consequência de alguma situação traumática mais específica.
Posteriormente, isso é projetado na vida adulta, e a pessoa depende dos demais para reconhecer suas virtudes.
A dependência emocional não é considerada uma desordem mental, porém, alguns pacientes com outros tipos de distúrbios, como depressão e ansiedade, podem apresentar dependência afetiva.
Como saber se tenho dependência emocional? Veja os sintomas
A pessoa dependente costuma ter baixa autoestima e pouco apreço por si mesma. Ela corre atrás de outros indivíduos para preencher o vazio emocional dentro dela. O outro assume a responsabilidade de completá-la e, quando isso não acontece, ela faz uso da persuasão para convencê-lo a ficar ao seu lado.
Os principais sintomas da dependência emocional podem ser observados em padrões de comportamento que se repetem, nos mais diversos tipos de relação.
Ansiedade e angústia em estar só
A ansiedade é uma apreensão exagerada em relação ao futuro, enquanto a angústia é um sofrimento relacionado ao presente.
A angústia é considerada uma percepção psicológica caracterizada pela mudança de humor, perda de paz interior, dor, insegurança, culpa, mal-estar e tristeza, ou seja, ela é a junção de questões emocionais e físicas que podem chegar ao limite de nos impedir de realizar tarefas cotidianas ou provocar isolamento.
Dificuldade em tomar decisões no dia-a-dia
Medo da reação das pessoas, da opinião alheia, de tomar a decisão errada, de se arrepender por ter (ou não ter) tomado tal decisão, sim, pode até ser “comum”, mas não deve atrapalhar a sua vida.
Falta de autonomia para tomar as próprias decisões, com medo de julgamentos de terceiros, acaba atrapalhando as atividades diárias da pessoa, as suas decisões são baseadas ou estão relacionadas ao outro.
Desejo de cumprir as expectativas alheias
Criar expectativas é um mecanismo natural do ser humano, que sempre espera alguma coisa de praticamente todos os momentos da vida, porém as expectativas dos outros representam, em muitos casos, a perda da originalidade e da personalidade do indivíduo que é o alvo.
Medo do abandono
O medo do abandono é um tipo de ansiedade que algumas pessoas experimentam quando se deparam com a ideia de perder alguém com quem se importa.
Mesmo sabendo que todos um dia irão se deparar com a morte ou o fim de relacionamentos em sua vida, pois a perda é uma parte natural da vida.
Sentem medo de serem abandonadas, e de se sentirem sozinhas, sofrem com o medo da rejeição e isso modifica seus sentimentos e emoções os tornando mais intensos.
Dificuldade em impor limites
Pessoas que passam por cima dos seus próprios limites para agradar ou serem aceitas pelo outro e que tem dificuldade em dizer “não”, na maioria das vezes estão precisando trabalhar suas próprias questões e se fortalecerem para encarar com a mesma naturalidade o “sim” e o “não”.
Baixa autoestima
A baixa autoestima está ligada à falta de confiança em si mesmo para realizar tarefas do dia a dia e se relacionar de modo geral, seja com amigos, família ou no trabalho.
Essas pessoas possuem um vazio emocional que nunca é preenchido ou satisfeito, e por isso vivem na busca da aceitação do outro, além de sentimentos de culpa e autovalorização da outra pessoa e tudo isso, acaba gerando emoções relacionadas à baixa autoestima.
Excesso de insegurança
Por ser demasiadamente inseguro, o dependente acredita que chegará ao fim da vida sozinho se não fizer de tudo pela pessoa amada. Ele não tem confiança em sua capacidade de ser interessante ou aprecia a sua aparência, então se anula para deixar o outro feliz a qualquer custo.
Essas pessoas possuem um intenso medo de perder a pessoa que amam, elas querem sempre a atenção e companhia do outro, se sentem inseguros caso não a tenham e isso acaba gerando um intenso sofrimento emocional.
As relações dessas pessoas são marcadas por possessividade e sentimentos de rejeição, além da idealização de um relacionamento perfeito que não pode ser abalado, pois possuem todo o amor necessário para que a relação seja mantida.
Como se livrar da dependência emocional: entenda
Pessoas que buscam satisfazer as suas pendências emocionais no outro e raramente conseguem.
A procura pela segurança e pelo amor se torna eterna por que ninguém é capaz de preencher o vazio que o outro sente em seu peito, porém ainda assim ele acredita fielmente que é impossível viver sem estar acompanhado de outra pessoa.
Para conseguir se livrar desse sentimento de uma vez por todas é fundamental investigar as origens desse apego extremo. Para superar a dependência emocional, o primeiro passo é reconhecer que ela existe, que se trata de um problema que precisa ser enfrentado.
É importante abordar o tema com empatia, pois quem vive com a dependência tem a sensação de que não pode viver sem a outra pessoa.
Isso implica em confrontar lembranças e medos desconfortáveis, o enfrentamento não é feito de um dia para o outro, tampouco em um único mês de terapia, é um processo longo de introspecção e construção do amor-próprio, que requer a superação de limitações emocionais.
Quebrar o elo com a dependência significa encontrar a liberdade pela primeira vez. Para quem nunca viveu sem amarras, esse pensamento pode ser intimidador.
Ir à procura de ajuda de um profissional de saúde mental seja um médico psiquiatra ou psicólogo também pode auxiliar o indivíduo em sua melhora emocional fazendo ela enxergar onde está errando, entendendo do porquê está colocando outras pessoas em um pedestal, se esquecendo dela mesma.
Terapia
O acompanhamento psicológico é quase sempre um requisito para elevar a autoestima da pessoa dependente emocionalmente, além de ajudá-la a desapegar de traumas e lembranças prejudiciais para a sua saúde mental.
Seja qual for a dificuldade ou problema que esteja dificultando a vida ou a relação com as pessoas, a terapia é um dos tratamentos mais indicados. O terapeuta é um profissional da saúde que ajuda o paciente a encontrar as causas de sua dependência emocional, o auxiliando a compreender muitos de seus padrões de pensamentos e comportamentos que dificultam a relação com os outros.
Seja qual for o nível de adoecimento psíquico, a terapia é capaz de proporcionar ao paciente o desenvolvimento de novas estratégias de enfrentamento para lidar com suas emoções e sentimentos, que lhe causam prejuízos e lhe desestabilizam.
Diante disso, é na terapia que a pessoa desenvolve habilidades para manter relacionamentos saudáveis, pois, essas pessoas possuem um intenso medo de serem rejeitadas e de tomarem decisões erradas.
Muitas pessoas podem pensar que a dependência emocional não seja nada de mais, e talvez não precise de acompanhamento psicológico, porém, assim como qualquer outro adoecimento psíquico ela também precisa ser avaliada e percebida para que o indivíduo construa um relacionamento saudável tanto consigo mesma quanto com os outros a sua volta.
Saiba como o Grupo recesso atua no tratamento da dependência emocional
O grupo recanto pode ajudá-lo em seu processo de libertação da dependência emocional.
Essa longa jornada consiste na superação de medos e inseguranças, que são difíceis de confrontar, portanto, o direcionamento de um psicólogo se faz essencial.
O Grupo Recanto está disponível para atender as demandas e os desafios que o tratamento da dependência emocional exige.
Possuímos 14 anos de experiência, com tratamentos qualificados, nosso tratamento é diferenciado e contamos com uma equipe multiprofissional e capacitada.
No grupo recanto, utilizamos um tripé de tratamento que adota uma abordagem humanizada e individual para cada paciente.
Como intervenções principais há o que chamamos de três pilares de nosso modelo terapêutico: A prática da terapia racional emotiva (TRE) como psicoterapia base, o uso do programa de doze passos e o aconselhamento biopsicossocial.
Conclusão
A dependência emocional prejudica tanto a pessoa dependente quanto a pessoa alvo das incansáveis exigências por atenção.
O relacionamento que tem como alicerce está fadado a ser nocivo para ambas as partes envolvidas.
Organizar os seus sentimentos e pensamentos pode ser uma tarefa árdua, especialmente quando se busca reconstruir a autoestima e o amor próprio.
Encarar de frente a dependência emocional e suas dores com o apoio de um profissional preparado, fará desenvolver habilidades e condições de ter uma vida melhor e seguro de si.
É possível que se descubram feridas emocionais e situações de instabilidade, mas isso permitirá, aos poucos, ir trilhando um caminho mais autossuficiente.
Entretanto a mudança começa com pequenos ajustes nos seus comportamentos e posturas.
O processo é lento e, na maioria dos casos, merece ser acompanhado por um psicólogo especializado em desenvolvimento pessoal.
Mesmo sendo um processo lento, não significa que não possa ser tratada a fim de propiciar ao um belo recomeço.
Para superar a dependência emocional é fundamental que você aprenda a estar bem sozinho e saiba que isso é possível, e não deixe de pedir ajuda profissional se precisar de suporte para alcançá-lo.
Conte com a gente para fazer desse momento um novo início com uma abordagem humana e repleta de afeto!
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.