Psicose tem cura? Essa é uma pergunta que muitas pessoas se fazem quando se deparam com esse transtorno psiquiátrico, também conhecido como transtorno psicótico. A resposta, infelizmente, não é simples.
A psicose interfere em todas as áreas da vida do portador do transtorno, que acaba necessitando de um cuidado especializado para que o seu quadro se estabilize. O diagnóstico desse tipo de transtorno só pode ser realizado por um médico psiquiatra.
Mas o que é psicose, quais são as suas causas e como saber se alguém está sofrendo dessa condição? Ainda, qual o tratamento para psicose? Aliás, voltando à pergunta inicial: psicose tem cura?
Continue lendo para encontrar as respostas para essas dúvidas, saber mais sobre esse transtorno e como lidar com ele.
O que é psicose?
A psicose é um distúrbio mental que afeta a maneira como a pessoa percebe a realidade. Pode levar a alucinações (ver ou ouvir coisas que não existem), delírios (falsas crenças que não se baseiam na realidade), pensamentos e comportamentos desorganizados.
O termo psicose vem do grego “psique” = mente, e “ose” = anormal. Ou seja, se refere a um estado anormal da mente.
Esse transtorno pode ser tanto de ordem física quanto emocional, podendo ser desencadeada ao longo de anos ou acontecer de forma súbita.
Por isso, cada caso pode evoluir de forma diferente, pois depende do tipo, da gravidade e se existe a presença de alguma comorbidade associada.
A sua causa pode estar ligada a fatores hereditários, por questões ambientais, psicológicas, sociais ou decorrentes de eventos que envolvem a exposição da pessoa ao estresse intenso.
Estudos indicam que a maior prevalência da psicose ocorre em mulheres, no início da sua vida adulta.
Entre os homens pode acontecer mais cedo. Casos na infância, adolescência ou terceira idade, embora aconteçam, são mais raros.
Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP revela que cerca de 60% das pessoas da cidade de São Paulo diagnosticadas com psicose têm menos de 35 anos.
Quais são os tipos de psicose?
A depender do tipo de psicose, os sintomas são bem característicos e podem variar de acordo com cada pessoa. Veja quais são eles a seguir:
Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma das psicoses mais conhecidas. Devido a presença de delírios ou alucinações, além de déficits cognitivos, a pessoa pode perder a capacidade de julgamento e discernimento da realidade.
Assim, passa a pensar, sentir e se comportar de acordo com a percepção alterada da realidade.
Com o passar do tempo e sem o diagnóstico e tratamento apropriado, o quadro psicótico pode evoluir para diferentes graus. Por isso, o seu correto acompanhamento é extremamente necessário.
A evolução desse tipo de psicose pode acontecer de forma contínua ou episódica. Além disso, existem vários tipos de esquizofrenia, como por exemplo a psicótica, hebefrênica, catatônica e residual.
Transtorno delirante
Se refere a alterações do conteúdo dos pensamentos, envolvendo ideias e crenças irreais, ou seja, que não condizem com a realidade, mesmo sendo constatado que as ideias são fantasiosas.
O transtorno delirante envolve a presença de delírios, que podem acontecer de forma isolada ou ser decorrentes de algum outro transtorno associado, consumo abusivo de álcool e drogas ou de lesões cerebrais.
Existem variados tipos de delírios entre os principais estão o delírio de grandeza, perseguição, ciúmes, entre muitos outros que variam de pessoa para pessoa.
Transtorno bipolar
O transtorno bipolar, também chamado de transtorno maníaco-depressivo, se caracteriza por alterações de humor, variando entre mania e depressão profunda.
Este transtorno afeta tanto homens quanto mulheres e pode se manifestar entre o final da adolescência e início da vida adulta. Tem a necessidade de tratamento contínuo, pois se trata de uma doença crônica, a depender do tipo e gravidade.
Os principais sintomas da fase depressiva são:
- sensação de fadiga;
- dificuldades para dormir ou sono excessivo;
- mau humor;
- angústia;
- irritabilidade;
- perda de interesse por atividades antes prazerosas.
Na fase de mania, os sintomas incluem:
- agitação;
- euforia;
- fala rápida;
- insônia;
- falta de concentração;
- irritabilidade;
- comportamento agressivo entre outros.
Transtorno psicótico induzido por substâncias
É aquele que acontece em decorrência do consumo abusivo de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, em que a dependência química já é uma realidade.
Esse tipo de psicose se caracteriza por sintomas como alucinações e delírios que ocorrem devido aos efeitos das substâncias psicoativas utilizadas.
Diante disso, esse transtorno pode acontecer devido ao consumo de álcool, cocaína, maconha, anfetamina, LSD, estimulantes e cafeína.
Os seus sintomas se manifestam de forma breve e vão desaparecendo no momento em que a substância causadora do transtorno é eliminada.
Leia também: Como o uso de drogas pode intensificar as crises de psicose
Transtorno psicótico breve
Esse transtorno se caracteriza por sua natureza fugaz, com sintomas psicóticos intensos que duram no máximo um mês. Apesar de breve, esse episódio pode ser extremamente perturbador, afetando significativamente a vida da pessoa.
Fatores estressores agudos, como traumas ou grandes mudanças na vida, geralmente desencadeiam o transtorno. Predisposição genética e outros fatores ambientais também podem contribuir para o seu desenvolvimento.
Os principais sintomas incluem um início repentino, com alucinações e delírios, e então o retorno à normalidade.
Depressão psicótica
Por fim, a depressão psicótica se caracteriza pela combinação de sintomas depressivos graves com experiências psicóticas, como alucinações ou delírios.
Essas pessoas podem ter crenças irreais, como sentir que seus pensamentos estão sendo lidos ou que estão sendo perseguidas.
Outros sintomas comuns são:
- Agitação e ansiedade;
- Problemas intestinais;
- Hipocondria;
- Insônia;
- Dificuldades cognitivas;
- Imobilidade física.
Entretanto, é importante diferenciar a depressão psicótica de outros transtornos psicóticos, como a esquizofrenia.
Na depressão psicótica, os delírios e alucinações geralmente estão relacionados ao humor depressivo, como a sensação de inutilidade ou fracasso. Já na esquizofrenia, os sintomas psicóticos não possuem uma conexão clara com o estado emocional.
O que leva uma pessoa a ter psicose?
Entre as principais causas que influenciam de forma direta a formação de um quadro de sintomas psicóticos são: fatores hereditários, em que existem casos na família, consumo abusivo de drogas, eventos estressantes, depressão e alterações cerebrais.
Algumas comorbidades também podem influenciar, como a presença de outro tipo de psicose, como as já vistas anteriormente.
Portanto, não existe uma causa central que leve a pessoa a ter ou desenvolver psicose, pois, ela pode ser decorrente de muitos fatores, sejam eles internos ou externos.
Em todo caso, o diagnóstico da psicose só pode ser realizado através da avaliação de um médico psiquiatra, pois ele é o profissional mais indicado para identificar e examinar os sintomas apresentados.
Esse profissional para confirmar o diagnóstico pode pedir ao paciente para que sejam feitos exames de sangue, ressonância magnética ou tomografia para que seja verificado se existe alguma alteração que pode estar relacionada a um quadro de psicose.
Leia também: Entendendo o transtorno psicótico compartilhado
Quanto tempo dura a psicose?
A duração da psicose varia muito, dependendo do tipo de transtorno psicótico e de diversos outros fatores individuais.
Em alguns casos, como no transtorno psicótico breve, o quadro geralmente dura entre 1 dia e 1 mês. Após esse período, a pessoa retorna ao seu funcionamento normal.
Já em outros casos, a psicose pode ser um sintoma de um transtorno mental crônico, como a esquizofrenia ou o transtorno bipolar. Nesses casos, a psicose pode ser recorrente e persistir por longos períodos ou até mesmo pela vida toda.
Leia também: Surto psicótico: saiba o que é, como prevenir e tratamentos
Sintomas psicose: como reconhecer?
A psicose tem como principais sintomas a presença de delírios e alucinações, discurso, pensamento e comportamento desorganizados, além de agressividade e irritabilidade.
Os delírios são possíveis de se perceber na pessoa pois são ideias e crenças de acontecimentos que não são reais, mas que a pessoa acredita que seja verdadeiro.
As alucinações se manifestam através dos órgãos dos sentidos, como tato, olfato, visão, paladar e a auditiva, que é uma das mais comuns de ocorrer.
As alucinações se referem a percepção de um estímulo sensorial que não está acontecendo na realidade. Por conta disso, a pessoa pensa que viu, sentiu, escutou ou sentiu algo que não condiz com o real.
Já na desorganização do pensamento, a pessoa encontra dificuldade para se concentrar em atividades que antes tinha facilidade.
Assim, a pessoa se sente constantemente com um sentimento de perseguição, começa a se descuidar, passando a não ter mais como rotina nem sua própria higiene pessoal.
As alterações de comportamento também fazem parte e a agressividade e irritabilidade com pessoas, objetos e situações podem se tornar frequentes.
Mas, depois de compreender os sintomas da condição, retornamos à dúvida: a psicose tem cura? Entenda no tópico a seguir.
Psicose tem cura?
A psicose é um transtorno que não tem cura e demanda um tratamento que segue por toda a vida do paciente.
Contudo, muitas pessoas se perguntam: “quem tem psicose pode ter uma vida normal?”. A resposta é sim.
Segundo o psiquiatra Cristiano Noto, da Escola Paulista de Medicina da Universidade de São Paulo (Unifesp), em entrevista para a Agência Brasil, dependendo de como é feito o tratamento, a pessoa com esquizofrenia pode ter uma vida normal e, até mesmo, casar e ter filhos.
“Se ela está fazendo o tratamento, está bem, está estável, tem total condição de ter uma vida normal. Trabalhar, constituir família. Não tem nenhuma contra-indicação em relação a isso.”, afirma o especialista.
Como é o tratamento da psicose?
Após a confirmação do diagnóstico da psicose feita pelo médico psiquiatra, o tratamento pode variar de acordo com cada paciente.
Diante disso, tanto o psiquiatra quanto o psicólogo representam os principais profissionais que precisam acompanhar a pessoa diagnosticada com esse transtorno.
O tratamento geralmente envolve o uso de medicações e psicoterapia, já em casos considerados graves pode ser indicada a internação para o restabelecimento e equilíbrio do quadro do paciente.
Portanto, para este tipo de transtorno se faz necessário um tratamento contínuo, pois é uma doença que não possui cura.
Mas com o correto manejo é possível diminuir os sintomas e melhorar a qualidade de vida da pessoa.
Quanto tempo dura o tratamento da psicose?
O tempo de tratamento da psicose pode ser necessário por um período mais longo ou até mesmo pela vida toda.
Isso é comum em casos de transtornos psicóticos crônicos, como a esquizofrenia ou o transtorno bipolar. Nesses casos, o objetivo do tratamento é controlar os sintomas a longo prazo, prevenir recaídas e promover a melhora da qualidade de vida da pessoa.
Entretanto, há casos específicos, como no transtorno psicótico breve, em que o tratamento pode também ser breve e durar apenas algumas semanas ou meses.
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Conclusão
Com esse artigo, nossa missão era responder à dúvida: psicose tem cura? Como vimos, não existe cura para esse transtorno, mas existe tratamento e este deve ser seguido para que o quadro de sintomas possa reduzir e a pessoa tenha uma melhor qualidade de vida.
Não existe uma causa única para o desenvolvimento da psicose. Ela pode estar relacionada, por exemplo, a aspectos genéticos, sociais, psicológicos, emocionais ou eventos estressantes.
Vale lembrar que cada caso possui uma particularidade. O psiquiatra e o psicólogo são os profissionais mais indicados para acompanharem uma pessoa com psicose.
Em casos considerados graves, muitas vezes, existe a necessidade de internação para a completa estabilização e equilíbrio da área física e mental do indivíduo. Aproveite e leia o nosso artigo: Como funciona a internação psiquiátrica e quando é recomendado.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.