A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o craving como um desejo de repetir uma experiência em função dos efeitos de uma dada substância, ou seja, um desejo intenso de consumir alguma substância.
O desejo de consumir alimentos que gerem um aumento na serotonina e na dopamina, é o principal fator desse transtorno, pois dentro de suas propriedades estão a grande sensação de prazer, que chega a níveis viciantes, o que gera a vontade de consumir novamente.
O craving é perigoso pois ele é o responsável por uma má nutrição, uma vez que essa fissura, se não controlada, pode gerar obesidade, e pode ocasionar a troca de um vício pelo outro. Caso esse desejo não seja cumprido, ele pode causar irritabilidade e agressividade por parte do fissurado.
A ânsia é recorrente em várias substâncias que geram um certo prazer para nós. Isso pode acontecer com chocolates, doces, assim como com drogas nocivas, que são as causadoras de um grande nível de prazer, fazendo com que o indivíduo sinta a vontade de obter a sensação de ter sua serotonina e sua dopamina aumentadas novamente.
O que é o craving?
O entendimento mais atualizado do significado de craving, se refere a um intenso desejo para consumir determinada substância, que também podem ser os alimentos, ou seja, a “fissura” por alimentos que aumentam os níveis dos hormônios da felicidade. São eles a serotonina, noradrenalina e dopamina, que proporcionam prazer imediato. Sendo assim, foi cientificamente estudado e comprovado que, o local do cérebro estimulado por estes alimentos, como doces, chocolate e massas, é o mesmo estimulado pelos viciados em drogas, jogos e compulsão por compras.
Dentro desse conceito podemos dizer que craving se configura como a fixação ou uma ânsia avassaladora por alguma substância, que varia de alimentos, a drogas e bebidas, que estimulam a produção de hormônios.
Qual a origem desse transtorno?
O transtorno pode ter diversas origens, mas a sua principal origem advém de um antigo vício. Geralmente o craving está mais presente em indivíduos adictos, pois na sua epoca de dependência, as substâncias químicas que o mesmo costumava consumir, gerava grandes níveis do aumento de hormônios, podendo ser considerado níveis que não são nada saudáveis, gerando um grande vício, pois com a droga as taxas aumentavam, e sem elas a produção dessas substâncias no corpo diminuía drasticamente.
Quando esse dependente consegue se recuperar, seu corpo sofre grandes alterações físicas, químicas e psíquicas. O vício na sensação causada pela alta produção dos hormônios continua, mas como o paciente está recuperado e longe do uso de drogas, ele começa se alimentar de comidas, ou experiências que suprem e proporcionam prazer, dando assim origem ao craving.
Como funciona o craving?
Quando o paciente se torna um adicto, ele se afasta do consumo da droga mas o seu corpo ainda possui a necessidade do prazer em altos níveis, com a produção de hormônios. Quando essa produção diminui drasticamente, o corpo sente a necessidade de suprir essa queda de produção, então o corpo necessitado passa por um processo de abstinência, que faz o adicto ir à procura de algo que lhe proporcione prazer sem necessariamente consumir drogas. Quando o paciente consome esta comida, ou pratica um ato que proporciona prazer, ele desenvolve um novo vício, pois o corpo substitui a droga pela comida, por exemplo.
Quais alterações o craving provoca no organismo?
Na fissura, o consumo excessivo de uma substância, podem causar grandes alterações bioquímicas, físicas e também alterações psicossociais, interferindo no comportamento do indivíduo. No aspecto bioquímico, seus hormônios sofrem com a super produção causada pelo craving e o grande déficit, acabando por desregular o fluxo dessas substâncias no corpo, causando o vício. Já no aspecto físico, o adicto fissurado pode sofrer várias mudanças ao que se diz da sua saúde corporal, podendo causar obesidade, diabetes entre outros. Dentro da influência psicológica, temos mudanças de comportamento, o indivíduo pode se tornar agressivo, irritado, e também agitado quando não consome o produto desejado.
Quais são os tipos de craving?
O transtorno do craving está ligado aos métodos e respostas a um estímulo de obtenção de prazer do indivíduo, seja para substituir um método nocivo, seja para suprir sua vontade. Dentro disso há tipos de fissuras ligadas a cada obtenção de prazer, no total eles contabilizam quatro tipos.
Dentre eles podemos encontrar tipos ligados a resposta a síndrome de abstinência, resposta à falta de prazer , respostas de fissuras ligadas ao estímulo de drogas, assim como uma tentativa de intensificar o prazer que é obtido praticando alguma atividade.
O craving em dependentes de crack
O craving se caracteriza como uma vontade intensa de consumir uma substância. O crack, por exemplo, é uma substância que é derivada da cocaína, uma das drogas mais nocivas ao corpo humano em sua integridade física.
O consumo da droga, faz o usuário procurar usá-la de novo, incansavelmente, condicionando seu corpo ao vício, dentro da fissura que a cocaína traz. O usuário dá tudo o que tem em troca da droga, vende-se móveis, se afasta da família, deixa de comer, para poder consumir a droga regida pelo craving.
É um processo desgastante, onde se degrada a saúde física, a saúde psicológica, o financeiro do dependente, e assim através dessa degradação o craving em dependentes de crack pode ser finalizado caso eles busquem ajuda.
Craving em dependentes do álcool
A fissura em dependentes de álcool, possui um roteiro parecido com a substância acima, pois assim como o crack, o álcool é uma droga viciante de fácil acesso. Dentro do craving, o dependente desenvolve ânsia por outras substâncias, que o remetem ao álcool, podendo ser uma das causas de sua recaída, como o vício em cigarro, que é comum em viciados sentirem vontade de beber enquanto fumam.
Caso esse problema não seja tratado, sua fissura pode virar uma compulsão totalmente perigosa, pois pode aumentar o consumo de substâncias, como fumar cigarro e beber ao mesmo tempo, assim consumindo mais drogas e substâncias nocivas podem deteriorar rapidamente a saúde do paciente.
Quanto tempo dura o craving?
Como o organismo de cada pessoa é subjetivo, não é possível dizer exatamente quanto tempo o craving vai durar em um dependente, contudo, alguns relatos apontam casos de craving que duram de minutos a semanas. Quanto mais tempo esse estado durar, mais angústia e ansiedade será vivenciado pelo paciente.
Como lidar com craving?
Lidar com o craving não é fácil, uma vez que a vontade é avassaladora e o psicológico está acostumado a cumprir esta vontade. Mas existem métodos e técnicas que ajudam o adicto a controlar essa fissura, poder ter saídas saudáveis, longe do vício e longe das drogas.
Visitar profissionais para procurar ajuda e passar o tratamento adequado, com orientações de métodos que são comprovadamente eficazes contribuem para que o paciente consiga lidar com o craving no seu dia-a-dia.
Distrair a mente
Muitas vezes a angústia e a ansiedade tomam grandes proporções no pensamento do indivíduo, podendo causar um grande estresse, com pensamentos e crenças disfuncionais, podendo causar o craving.
Distrair a mente ocupando ela, pode fazer com que a vontade e a fissura diminuam em decorrência do foco está voltado para outra coisa, alguma atividade, algum hobby que faz com que ajude a lidar e conviver com a ânsia por algo que não faz bem para o próprio.
Estratégias de motivação
Ao se deparar com uma situação difícil, como a dependência, muitos pacientes se veem desmotivados, e acabam sucumbindo ao craving como uma forma de suprir suas frustrações e tristezas.
As estratégias de motivação servem para que o adicto não desista da sua recuperação, que o ajude a continuar com o objetivo em foco, com elas o paciente entende que existem pessoas que acreditam nele, para continuar a jornada da reabilitação.
Técnicas de relaxamento
Geralmente aqueles que passam pelo transtorno do craving, se deparam com uma grande falta de controle, tensão, irritabilidade, ficando também com grande ansiedade.
Através da técnica de relaxamento, é possível que esse paciente mantenha o controle. Essa técnica consiste em relaxamento através da respiração, da contração e descontração muscular fazendo o indivíduo sentir de fato seu corpo em relaxamento, tornando-o assim mais calmo e reduzindo seus desejos.
Focalização do pensamento
Trazer foco ao pensamento, ajuda o dependente químico a não cair em distrações tão fácil, também ajudando a manter sua atenção a assuntos que não envolvam drogas. Ao manter o foco o paciente pode exercer outras atividades com qualidade sem pensar muito na sua fissura.
A focalização do pensamento, consiste em fazer o indivíduo focar em imagens, palavras, funções, que não correspondam ao uso de drogas, fazendo-o ressignificar a sua vontade de usar substâncias.
Técnicas de visualização
O futuro é cheio de imprevistos, que podem fazer com que o adicto tenha uma recaída, entre em descontrole e comece seu tratamento novamente, podendo gerar decepções e fazer mal ao seu organismo.
A técnica de visualização, tenta trabalhar esse futuro, o terapeuta junto ao paciente monta situações, e o paciente indica como passaria por elas sem precisar das drogas, assim são trabalhadas emoções, pensamentos, atitudes que o paciente tomaria, podendo prepará-lo para essas situações e o ajudando para que não entre em desespero.
Psicofármacos
Dentro do tratamento, muitas vezes é preciso o uso de medicamentos para que o paciente consiga estar no controle de sua fissura. Os psicofármacos ajudam nesse controle, mas seus efeitos são limitados e ainda se precisa de mais estudos sobre os remédios.
Reconhecendo a funcionalidade e utilidade dos psicofármacos, junto ao controle que ele proporciona, também é importante que outros tratamentos, como os anteriormente citados, sejam usados, por conta da limitação dos medicamentos.
Craving e a relação com ansiedade, estresse e depressão
Estudos vêm se dedicando a entender a relação do craving com a manifestação de sintomas ansiosos, depressivos e quadros de estresse. Como o craving aumenta a chance do sujeito utilizar a droga de modo compulsivo, além da ansiedade provocada pelo desejo, também existirá a manifestação das alterações de humor relacionadas com o consumo de determinadas drogas.
A presença dessas alterações mentais são comorbidades que dificultam o sucesso do tratamento voltado para o manejo da fissura.
Quais são os tratamentos para a dependência química?
O dependente químico, quando é acometido pela substância, tem várias partes do seu organismos depreciadas, sua bioquímica, biofísica, assim como a sua mente, podendo estar em um estado bem debilitado.
Em uma doença que acomete tantas áreas do corpo, é preciso uma equipe multidisciplinar, que possua médicos, psiquiatras e psicólogos que ajudem a tratar suas doenças físicas e psicológicas. Além disso, o dependente pode possuir conflitos com seus familiares, amigos e se afastar da sociedade.
O tratamento também consiste nessa recuperação social do paciente, quando internado, esse processo de reabilitação usufrui desses tratamentos. Dentro da clínica os profissionais usam técnicas e métodos, para preparar o indivíduo para a vida pós reabilitação, com grupos de apoio, tratamento com medicamentos e terapias. O dependente recupera seu organismo, aprende que ele não está sozinho e consegue se ressocializar, além de tratar suas angústias e entender o que gerou sua dependência.
Psicoterapias utilizadas no manejo do craving
A Terapia cognitivo-comportamental é a mais indicada para o manejo da fissura. Dentre as principais técnicas utilizadas por essa abordagem temos o reforço de crenças de controle, onde o paciente junto com o terapeuta vão buscar estratégias para controlar o desejo de utilizar determinada substância.
Habilidades de enfrentamento e o exercício de técnicas de controle da dependência, também são utilizadas e trazem grandes benefícios para a vida do paciente que tem que lidar com o craving.
Por que é importante contar com uma clínica especializada?
O tratamento em dependência química é um processo muito delicado, pois ela afasta o indivíduo de todos que o amam. Muitas vezes, o paciente nem quer se drogar, mas seu corpo precisa daquela substância gerando um estado de tristeza constante.
Cada indivíduo possui uma história diferente, a droga acomete seu corpo de várias formas. Dentro do processo de recuperação, o paciente sofre mudanças drásticas de comportamento, onde procura fazer de tudo para suprir suas vontades.
Somente um tratamento que possa dar atenção a cada aspecto da dependência química pode obter sucesso. O tratamento especializado trabalha cirurgicamente focalizado em cada área acometida pela droga. A clínica especializada sabe quais caminhos seguir, quais tratamentos tem eficácia, podendo ter um êxito maior e saudável para a família e para o paciente.
Conclusão
O craving acomete muitos dependentes químicos, gerando descontrole e podendo causar uma piora drástica na sua saúde, aumentando sua dependência química.
Esta doença é avassaladora, pois o próprio corpo faz com que o indivíduo sinta uma vontade avassaladora de consumir a substância que ele está fissurado.
Com isso, é preciso que esse paciente passe por um tratamento o mais rápido possível, para que consiga dar novo significado a sua ânsia, para que não sucumba à vontade, mas sim que consiga encontrar meios de como tratá-la.
Para tratar o craving, é preciso clínicas especializadas neste tratamento pois a doença é um transtorno muito delicado onde precisa trabalhar corpo e mente para que os dois aspectos trabalhem juntos, e somente as clínicas que possuem conhecimento das técnicas irão saber usar suas técnicas corretamente, para propor uma recuperação desse paciente.
A Clínica Recanto oferece uma equipe multidisciplinar, com psicoterapeutas, psiquiatras, médicos e terapeutas especializados em casos de dependência química que podem ajudar a fazer a melhor recuperação para o indivíduo.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.