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Conheça as fases da desintoxicação do dependente químico
Publicado em: 13 de julho de 2020

Atualizado em: 14 de outubro de 2024

Conheça as fases da desintoxicação do dependente químico

As fases da desintoxicação do dependente químico compõem um processo importante para o tratamento do paciente.

Considerada como uma das etapas mais complexas da intervenção terapêutica, ela desencadeia mudanças biológicas no corpo do indivíduo, o que pode levar a mudanças no comportamento, incluindo a adoção de uma postura mais agressiva.

Apesar da dificuldade envolvida, o ato de desintoxicar o organismo é um passo imprescindível para a recuperação da saúde, do bem-estar e da própria autonomia perdida.

Mais do que compreender o processo em si, é fundamental estar ciente do papel de cada um nessa jornada complexa. 

Isso porque a dependência química não diz respeito apenas ao paciente.

O suporte de familiares e amigos, por exemplo, são medidas essenciais para o êxito do tratamento, pois eles formam uma verdadeira rede de apoio.

Por isso, ao longo deste artigo, vou abordar não apenas as questões técnicas que envolvem a desintoxicação do dependente químico, mas também de que forma as pessoas ao redor podem colaborar para a recuperação do paciente.

Continue a leitura para entender tudo a respeito do tema.

O que é desintoxicação de drogas?

A desintoxicação de drogas é um processo preliminar no tratamento de dependentes químicos.

Consiste na administração de doses cada vez menores da substância psicoativa causadora da dependência, até que o organismo não sinta mais necessidade em consumir o entorpecente.

A proposta é causar uma espécie de choque no organismo: é como quando alguém é submetido a uma mudança de temperatura. 

Por exemplo, ao entrar em águas muito geladas, em um primeiro momento, seu corpo vai estranhar a experiência, o que pode provocar reações adversas. 

Mas, aos poucos, a tendência é que ele se acostume com a situação e passe a ficar confortável.

Com a desintoxicação, acontece algo parecido. 

É durante essa fase que aparecem os sintomas de abstinência, que podem gerar mudanças comportamentais no paciente.

Normalmente, o indivíduo adota uma postura mais agressiva por conta da falta que o seu corpo sente da substância. 

Então, esse é um processo que pode ser desgastante e complexo, por isso, deve ter a supervisão e o acompanhamento de um médico especializado. 

Como as drogas agem no organismo?

O processo de desintoxicação é importante porque grande parte das drogas ingeridas são classificadas como psicoativas ou psicotrópicas, aquelas que causam alterações no sistema central. 

É o caso das bebidas alcoólicas, da cocaína e do crack, entre outras.

O uso frequente ou abusivo dessas substâncias acaba comprometendo funções e estruturas vitais do corpo humano, trazendo, por vezes, danos irreversíveis.

No entanto, apesar do efeito nocivo, não é recomendado interromper o seu uso de maneira abrupta, principalmente, quando o vício já é mais longo, pois os efeitos colaterais da abstinência podem ser ainda mais severos.

Voltando a falar sobre os seus efeitos no organismo, em um primeiro momento, a droga pode causar euforia, desinibição, prazer e sensação de bem-estar por atuar diretamente em nossos neurônios. 

Assim, altera a percepção de realidade, a sensibilidade dos sentidos, afeta a coordenação motora, provoca confusões e até, em alguns casos, alucinações.

É claro que os efeitos causados ao organismo por essas substâncias também dependem muito do tipo de droga. 

Existem aquelas que geram uma sensação de hipnose, revelando sintomas como sono, por exemplo. 

Outras, como o álcool, tem um efeito depressor, levando a um estado de relaxamento profundo.

Já os chamados alucinógenos, como o próprio nome sugere, causam distorções sobre o que é real e o que não é.

Essas diferenças se dão por conta da composição das substâncias, que afetam o corpo humano de formas distintas.

Passado o primeiro estágio de bem-estar, as drogas começam a enfraquecer a imunidade e abrem as portas para novas doenças. 

Isso porque alteram o metabolismo e interferem na fisiologia natural dos órgãos – entre os mais prejudicados pelo consumo abusivo, estão os pulmões, os rins, o fígado, o coração e o cérebro.

Entenda as fases da desintoxicação do dependente químico

A dependência química é caracterizada pela incapacidade de se evitar o uso de determinada substância. 

O organismo fica tão acostumado em processar e absorver os estímulos causados pela droga que cria uma necessidade de contar com esses efeitos repetidamente.

Então, para contornar esse quadro, o paciente é submetido a um tratamento, que tem a desintoxicação como um de seus pontos centrais. 

Essa etapa, por sua vez, é composta por diferentes fases, as quais detalho abaixo.

1. Procurar acompanhamento profissional

Quanto mais severa for a dependência química, mais dificuldades o indivíduo terá para conseguir controlar o seu vício sozinho. 

Por isso que a primeira fase da desintoxicação é, justamente, procurar suporte especializado.

O acompanhamento profissional de uma equipe multidisciplinar de saúde é fundamental para o tratamento, mesmo quando o paciente não estiver internado.

É importante lembrar que, muitas vezes, o dependente químico já passou por outras intervenções terapêuticas, então, nada é uma novidade para ele e os cuidados precisam ser redobrados.

2. Contar com uma rede de apoio

A rede de apoio, nesse sentido, também acaba sendo importantíssima. 

O suporte de amigos e familiares, conforme já foi dito, é parte essencial para que a abordagem tenha êxito. 

Para o paciente, isso representa um gesto que permite sentir que não está lutando essa batalha sozinho e que, mesmo nos momentos mais difíceis do processo, terá o carinho e a compreensão daqueles que ama.

3. Acompanhar os sintomas

Durante o tratamento, é natural que o indivíduo apresente reações à desintoxicação por conta da abstinência.

Esse é um cenário especialmente comum em casos agudos de dependência química, quando o paciente já tem um histórico mais longo de consumo abusivo de entorpecentes.

A internação é uma opção a ser considerada, justamente, para que os profissionais possam acompanhar de perto esses sintomas e definir as melhores estratégias para cada caso.

4. Controlar as crises de abstinência

Para controlar as crises de abstinência e outras consequências eventuais da desintoxicação, pode ser necessário administrar outros medicamentos.

Os sintomas mais comuns nessa fase do tratamento da dependência química são dores no corpo, desequilíbrio emocional e comportamento agressivo.

A equipe médica precisa ter todo cuidado para fornecer as doses adequadas dos medicamentos, bem como evitar o uso de substâncias que possam gerar reações adversas e que interfiram na eficácia do tratamento.

5. Receber suporte emocional

Além da saúde física, a desintoxicação também deve trabalhar na recuperação do bem-estar emocional. 

Por isso, enfatizo a importância da presença de psicólogos e psiquiatras na rede de apoio para o tratamento da dependência química.

Esses profissionais podem ajudar não apenas na compreensão dos motivos que levaram o indivíduo a consumir drogas, como também a preparar, de forma permanente, o paciente a lidar com o seu vício, a fim de evitar recaídas.

Outras etapas do tratamento

Ainda sobre as fases do tratamento, recomendo que leia nosso artigo que aborda as etapas de pré-contemplação, contemplação e preparação.

Ou seja, são estágios anteriores, onde há uma avanço linear do indivíduo quanto à sua aceitação sobre a necessidade de ser submetido a um tratamento da dependência química.

Na sequência, então, surgem as etapas de ação e manutenção, estas já contempladas na abordagem da desintoxicação, sobre a qual comentei antes.

É importante destacar que, no Grupo Recanto, há uma proposta de método humanizado e individualizado, tendo como base protocolos que contam com respaldo científico. 

Nosso tempo de tratamento é sempre de 6 meses, entendendo o indivíduo com base em aspectos genéticos, bioquímicos, físicos, de personalidade, de humor e na sua relação com a família e a sociedade.

Desintoxicação do dependente químico: como o corpo reage?

A complexidade do processo de desintoxicação do dependente químico não surge por acaso.

Depois de o corpo humano se acostumar com o consumo abusivo de determinadas substâncias, tende a gerar crises de abstinência e alguns efeitos colaterais. 

Entre as reações mais comuns, cito as seguintes:

  • Agressividade
  • Descontrole emocional
  • Sudorese
  • Taquicardia
  • Náuseas e vômito
  • Tremores
  • Ansiedade
  • Insônia
  • Convulsões.

Quanto tempo leva para desintoxicar o organismo de um dependente químico?

Afirmar com precisão quanto tempo é necessário para realizar a limpeza completa do organismo de um dependente químico é uma questão controversa.

A desintoxicação depende de uma série de fatores, como o grau de comprometimento das funções e das estruturas dos órgãos do paciente e do tipo de droga utilizada.

Ou seja, a avaliação é feita caso a caso, pois o que funciona para um pode não ser completamente efetivo para outro. 

No entanto, no Grupo Recanto, o método de tratamento prevê sempre o período de 6 meses (180 dias) para uma abordagem biopsicossocial completa.

Quais são os cuidados necessários após a desintoxicação

A desintoxicação é apenas uma das etapas para o tratamento da dependência química. 

Após essa fase inicial, os cuidados precisam ser redobrados, a fim de evitar recaídas e estabelecer um novo padrão de vida, sem a presença do uso.

Ao paciente, cabe o processo de conscientização de que ele será um indivíduo em constante recuperação.

Sendo assim, um pequeno descuido pode colocar anos de sobriedade em risco.

Como ajudar um dependente químico em tratamento?

Essa não precisa e nem deve ser uma luta solitária. 

A participação de pessoas próximas é muito importante para a manutenção da qualidade de vida do paciente.

Especialmente na sequência da desintoxicação, algumas medidas que podem ajudar um dependente químico são as seguintes:

  • Incentivar a participação em programas de manutenção do tratamento, como grupos de apoio e encontros com psicólogos
  • Afastar o paciente de companhias que possam incentivar o uso
  • Ajudar a evitar gatilhos e o contato próximo com a substância química a qual ele é dependente
  • Demonstrar apoio incondicional à recuperação do paciente, mostrando que os verdadeiros amigos são aqueles que estão sempre por perto, mesmo nos momentos difíceis 
  • Estar aberto ao diálogo, deixando claro que é possível contar com o seu suporte
  • Informar qualquer recaída ou situação incomum aos especialistas, para que eles possam encaminhar as melhores decisões para o quadro
  • Ajudar no desenvolvimento de técnicas de recusa e enfrentamento a pensamentos relacionados às drogas
  • Apontar as consequências negativas do consumo de drogas
  • Preparar emocionalmente o paciente no caso de recaídas.

Quais são os resultados da desintoxicação do dependente químico?

A desintoxicação funciona como uma espécie de reinício na vida do dependente químico. 

É como se ele ensinasse novamente o seu organismo a viver de forma saudável.

Ainda assim, não existem garantias absolutas. 

Por isso, é tão importante a manutenção terapêutica, que ajuda a evitar eventuais recaídas e a volta de um estilo de vida que já havia trazido tantos problemas no passado.

Sozinha, a desintoxicação não faz milagres: ela é um dos passos, mas o tratamento deve ser um processo contínuo, uma construção diária.

O principal erro que um dependente químico pode cometer é acreditar que está curado e que possui os “anticorpos” necessários para voltar ao consumo abusivo de álcool e drogas, sem que isso ofereça consequências à sua saúde.

Para dar um conselho, digo para viver um dia de cada vez, sem subestimar os efeitos de uma volta ao consumo, por mais pontual que ele possa ser. 

As pequenas exceções do dia a dia podem ser mais tentadoras e perigosas do que se imagina.

A propósito, você se lembra do conselho sobre evitar gatilhos? É sobre isso que estou falando. 

Se beber em uma festa era o início de uma noite em que o consumo de drogas se tornava abusivo, é importante não se colocar em situações como essa.

Conclusão

A mensagem que precisa ficar deste artigo é que abandonar a dependência química exige percorrer um longo caminho e ter atenção permanente aos obstáculos que podem surgir. 

Ainda assim, com o tratamento e apoio adequados, é possível retomar a qualidade de vida e sonhar com um futuro cheio de oportunidades.

Para a família, o papel é o de formar uma rede de apoio ao paciente, que ofereça o suporte necessário para enfrentar um momento desafiador.

A recuperação pode ser, sim, uma realidade. 

Falo isso com a experiência de quem é parte de uma equipe que já ajudou mais de 3 mil famílias a lidarem com esse sério problema aqui no Grupo Recanto.

São 12 anos de excelência no tratamento humanizado de dependentes químicos, o que só é possível por contarmos com uma equipe com mais de 100 profissionais multidisciplinares. 

Quer ter esse suporte, mas não sabe como? Preencha o formulário abaixo e, em breve, a nossa equipe entrará em contato com você.

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