A depressão é uma doença em que os familiares também sofrem junto com a pessoa portadora dessa patologia, quando, muitas vezes, não sabem como lidar ou como ajudar um filho com depressão.
Há também o perigo de que nos afazeres cotidianos os pais acabam ignorando os sinais e sintomas demonstrados pelo filho ou não conseguem entender o que se passa com ele, para que nenhum desses dois casos chegue a acontecer continue acompanhando.
O que é a depressão?
A depressão é uma doença crônica caracterizada como um transtorno de humor e que, segundo o DSM 5 (Manual de diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5° edição), se configura como uma tristeza de modo grave e/ou persistente, alterando assim o comportamento e diminuindo o prazer e interesse nas atividades desde as mais simples até as mais complexas, estando sua causa associada a fatores genéticos e psicossociais.
Esse tipo de transtorno costuma se desenvolver durante a fase de adolescência ou então na fase do jovem adulto e uma vez que se desenvolve começa a afetar as relações familiares, relações interpessoais, relações do trabalho e a forma como a pessoa se percebe e se coloca no mundo.
Quais são os sinais e sintomas de depressão?
A depressão possui diversos sinais e sintomas que a caracterizam, de modo que afetam e geram sintomas físicos e psicológicos, dentre eles desvios e disfunções psicomotoras e cognitivas assim como:
- Perda de interesse em fazer atividades cotidianas
- Fadiga
- Angústia e tristeza
- Dificuldade de concentração
- Diminuição ou perda do apetite sexual
- Alterações do ciclo do sono (insônia ou hipersonia)
- Alterações de apetite (falta ou excesso)
- Ideação de morte e de suicídio
- Sentimento de inutilidade e incapacidade
- Culpa exacerbada
- Medo além do normal
- Diminuição da autoestima
- Oscilações de humor
Além desses fatores o uso de drogas ou a acentuação desse uso pode ser um sinal de depressão, uma vez que pode usar a substância para esquecer dos problemas ou para amenizar as dores e outros sintomas.
O que causa a depressão?
A depressão pode ser causada por diversos fatores, sendo eles genéticos, psicológicos e sociais, alguns afirmam que são possíveis alterações químicas no cérebro que afetam os neurotransmissores, especificamente aqueles ligados a sensações como prazer e bem-estar podem fazer com que a pessoa seja mais suscetível a desenvolver a depressão.
Assim como as pessoas da família possuem depressão ou há histórico na família, principalmente se os pais são portadores da doença, a chance da pessoa desenvolver é bem maior.
Acontecimentos que impactam a vida da pessoa de maneira emocional e psicológica também podem despertar e desencadear a depressão, pois o estresse causado pode enfraquecer a inteligência emocional da pessoa e facilitar o desenvolvimento de uma depressão.
Doenças crônicas também podem ser considerados fatores de risco, pois esses problemas costumam ter consequências fatais ou incapacitantes em algum modo, câncer, diabetes, Alzheimer e Parkinson são alguns exemplos.
A necessidade de viver continuamente com certos sintomas ou a sensação que não tem mais futuro são fatores que podem fazer a depressão aparecer.
Doenças que causem danos cognitivos ou mexam com a regulação de hormônios também podem facilitar.
Como saber se o filho está com depressão?
Por vezes pode ser difícil lidar com a depressão dos filhos. Muitos pais não se dão conta do que está acontecendo e não conseguem perceber que o filho está doente.
Geralmente, a depressão demonstra certos sinais e comportamentos que podem servir como pista para o real problema. Observe bem como seu filho age.
Verifique se está há mudanças em relação ao comportamento e ao humor. Ficar triste ou um pouco para baixo por um tempo é comum, mas se isso dura semanas ou meses, pode ser um sintoma de um problema mais grave.
Veja também como anda a alimentação e o sono, pois pessoas com sintomas de depressão podem passar a comer mais ou menos. Mesma coisa com o sono, podendo ter hipersonia, condição que faz com que a pessoa durma além do normal ou insônia.
O isolamento social dos amigos ou de outros entes da família pode também ser um indicativo também, uma vez que a tristeza e a angústia podem gerar sentimento de impotência e dificuldade de abertura como também para não compartilhar o peso do que está passando prefere ficar sozinho.
O uso de drogas, sejam elas lícitas (legais) ou ilícitas (ilegais), pode ser intensificado pela doença ou a pessoa pode passar a consumir em virtude de esquecer a sua condição e as emoções negativas que sente.
É importante dizer que embora você identifique alguns desses sinais, apenas um profissional qualificado pode realizar o diagnóstico, ele realizará os procedimentos necessários e indicará se é ou não depressão, bem como em qual grau e cuidados a serem tomados.
Como é o diagnóstico da depressão?
Para realizar o diagnóstico o médico psiquiatra irá olhar o histórico clínico da pessoa, além de algumas sessões para verificar se há a presença de sinais, sintomas e critérios clínico previsto nos manuais como CID -10 (código internacional de doenças) e o DMS -5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição).
Exames laboratoriais podem ajudar nesse processo verificando os níveis das taxas no sangue, de hormônios e dos eletrólitos, para verificar possíveis causas físicas ou biológicas para depressão e contribuir para o diagnóstico.
Como ajudar um filho com depressão?
Diante dessa situação muitos pais se perguntam: e agora? Como ajudar meu filho com depressão? Existem algumas medidas que podem ser tomadas para garantir que a doença seja tratada e cuidada, e garantir que você possa exercer seu papel de mãe e de pai e possa cuidar de seu filho.
Buscar ajuda especializada
O primeiro passo para a recuperação é a procura do tratamento especializado, para isso deve ir ao clínico geral ou um psiquiatra para que eles possam lhe encaminhar e dar as opções de tratamentos mais adequados para a situação do paciente.
A comunicação com os profissionais envolvidos no tratamento é excepcional, assim eles o podem aconselhar nas medidas a serem tomadas e a você ficar informado do que acontece com seu filho.
Dar apoio
É importantíssimo se fazer presente e apoiar seu filho, pois muitas vezes o problema está atrelado a também questões familiares. Por mais que a causa não seja essa, as alterações de humor podem fazer com que as coisas mínimas se tornem grandes para a pessoa que sofre.
Então procure sempre incentivar as etapas do tratamento e ajude no que for possível, estimule atividades que ajudam a regular os hormônios que costumam ficar bagunçados durante a depressão de forma natural, como exercícios físicos regulares e uma alimentação mais saudável.
Acompanhar o tratamento
Acompanhar o tratamento é importante não só para seu filho como para você. É uma maneira de demonstrar para ele que está presente nos momentos difíceis.
Para isso, é necessário muita dedicação: quanto mais informações tiver, mais recursos terá para ajudar seu filho.
Trabalhar a autoestima
A pessoa com depressão costuma ficar com uma baixíssima autoestima, se sentir inútil e até achar que não tem sentido continuar com a vida em casos mais graves.
Por conta disso, é preciso trabalhar a autoestima dessa pessoa, promovendo atividade e ações que ressaltem as qualidades positivas. Sempre que fizer algo merecedor ou der um passo adiante no tratamento elogie, recompense e o faça perceber que tem valor.
Ter empatia
É importante também que você exercite sua empatia e não julgue situações ou a possível causa da doença, assim como o sofrimento que seu filho está passando.
Mesmo que você não concorde com algo que a pessoa esteja errada, procure se posicionar ou falar de maneira que não venha a ofender, pois você não sabe o que suas palavras podem despertar nele.
Procure se colocar no lugar dele e pense como você se sentiria se ouvisse as coisas que pretende dizer sem pensar, assim você evitará que o machuque.
O que falar para um filho com depressão?
Diante de tudo o que foi exposto talvez você se pergunte: então o que devo falar para meu filho numa situação dessas?
É importante falar sobre as coisas boas que ele fez e recompensá-lo com elogios quando possível. Pode também conversar sobre os planos para o futuro e como anda a vida dele com os amigos e incentivar programas que envolvam algum tipo de diversão.
Incentive-o no tratamento, tente ressaltar os progressos que ele vem fazendo, assim como o que ele pode ter de volta assim que o problema for resolvido.
O que não falar para um filho com depressão?
Além de não julgar, procure não ser agressivo e impositivo com seu filho. Aconselhe e ensine, mas não o force a fazer algo que não quer.
Evite sempre falar aquelas palavras que você já sabe que podem machucar ou causar algum dano, toque nelas apenas se for extremamente necessário.
Não minimize ou banalize as dores ou sintomas que a pessoa está sentindo, principalmente em caso de ideação suicida. Se a pessoa fala é porque realmente pensa em fazer, escute e aconselhe em vez de julgar e banalizar.
Evite frases de incentivo vazias. Você deve incentivar o tratamento e ajudá-lo a melhorar, porém frases de incentivo genéricas como “amanhã você vai melhorar” ou “pense positivo”, não irão ajudar. Provavelmente vai surtir o efeito contrário, a pessoa pode começar a se culpa ainda mais.
Como ajudar um filho com depressão: Como e onde buscar tratamento especializado?
Primeiramente, é preciso buscar e realizar o diagnóstico para saber qual o direcionamento do médico para o paciente. O mais comum é que em casos mais leves e de média complexidade seja recomendado a utilização das psicoterapias e analisado de caso a caso a utilização de remédios.
Em casos de emergência psiquiátrica, a internação temporária em clínicas de reabilitação serve para a pessoa receber todos os cuidados necessários com acompanhamento de uma equipe multiprofissional.
A psicoterapia pode ser encontrada de forma gratuita oferecida pelo serviço do CAPS (centro de atenção psicossocial) e também pode ser adquirida de modo particular com os diversos psicólogos e suas clínicas.
Para quem precisa, gostaria de recomendar nossa clínica Grupo Recanto que possui suporte médico 24h disponível, ambulatório, e uma equipe composta por profissionais das mais diversas áreas da saúde, como: Médicos, Enfermeiros, Psicólogos, Terapeutas ocupacionais, Nutricionistas, Fisioterapeutas e muito mais.
Veja também: Conheça os principais sintomas de esquizofrenia e seu tratamento
Conclusão
Ajudar um filho em uma situação que você desconhece pode ser difícil e desesperador.
Para isso, se atente às informações que lhe dei e procure ajuda. Se leu o texto e identificou alguns aspectos citados no texto em seu filho, procure um médico para realizar o diagnóstico para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
Assim, mais que um problema nacional e global, a depressão é um problema também familiar, uma vez que se um membro da família a desenvolve afeta toda a dinâmica familiar e para que isso não aconteça é necessário buscar tratamento.
Agradeço pela sua companhia até aqui e continue lendo nosso blog, até a próxima!
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.