Pouco ainda se conhece sobre o vasto e diversificado reino dos fungos, onde os cogumelos se destacam por suas inúmeras variedades e aplicações.
Existem mais de 100.000 espécies conhecidas, possuindo os mais variados tipos, como cogumelos, mofos e bolores.
Os cogumelos pertencem aos filos dos ascomicetos e dos basidiomicetos, atuam como decompositores de matéria orgânica e possuem aplicações diversas no ramo gastronômico, comercial, religiosa, ritualística e medicinal.
Existem cogumelos comestíveis como é o caso do champignon, o shitake e cogumelo do sol.
Na mesma medida que existem cogumelos tóxicos como a amanita muscaria e outros que são usados para síntese de substâncias medicinais como a penicilina e ergotamina.
Desses tantos tipos nos concentramos hoje nos cogumelos alucinógenos, que produzem efeitos alteradores de consciência quando ingeridos.
Recentemente, o consumo de cogumelos alucinógenos têm ganhado destaque, especialmente com o aumento da popularidade e facilidade de acesso a esses fungos.
Conforme destacado por Julia Braun da BBC News, ‘especialistas da área afirmam notar um aumento recente na popularidade desses alucinógenos naturais’ devido à facilidade de aquisição e divulgação de pesquisas sobre seus benefícios.

O que são cogumelos alucinógenos?
Cogumelos alucinógenos, também conhecidos como cogumelos psicodélicos ou mágicos, produzem efeitos que alteram significativamente a percepção e a consciência.
Esses cogumelos em várias religiões são usados como forma de facilitar a comunicação com a ideia de divino, por supostamente abrir a mente para a comunicação espiritual.
Esses efeitos ocorrem principalmente por conta da presença da psilocibina e de outros princípios ativos, atuando em partes do sistema nervoso relacionadas aos sonhos.
A experiência é tão forte que quando acontece de maneira positiva é considerada de maneira mística, mas quando gera a famosa “bad trip”, pode deixar traços permanentes como surtos, ataques de pânico, medo intenso e ansiedade.
O que tem crescido é o uso desses cogumelos de forma recreativa, sem saber das consequências que podem se ocasionar, o público principal dessa prática são os jovens adultos.
Quais são os principais tipos?

Esses cogumelos alucinógenos podem ser divididos de acordo com a sua ação psicotrópica, isto é, a forma como altera a consciência, humor, comportamento e percepção.
O primeiro grupo são os que desencadeiam estimulação dos sentidos e da atividade cerebral, levando a pessoa a um estado de hiperatividade, demonstrando comportamentos compulsivos, falando sem parar, podendo apresentar pensamentos e comportamentos depressivos.
O segundo grupo são aqueles com ação hipnótica, também conhecida como psicoléptica, que gera efeitos mais moderados, relaxantes e calmantes; diminuindo a atenção e deprimindo o humor.
O terceiro e último grupo são os psicodislépticos são os que possuem substância que alteram o funcionamento mental de tal forma que se desestrutura quase que completamente, apresentando delírios e alucinações, podendo produzir por muitas vezes produzir efeitos psicóticos.
É um grupo bastante comum e o mais usado desses cogumelos alucinógenos contando com mais de 190 espécies diferentes, sendo a psilocina e psilocibina os dois princípios ativos mais responsáveis por esses efeitos.
Psilocybe cubensis
Esse cogumelo é muito usado como enteógeno, ou seja, usado para fins de rituais religiosos.
Foi documentado pela primeira vez em Cuba nas relíquias dos tempos maias, até hoje são utilizados pelos descendentes diretos dos povos maias e astecas como parte de seus rituais.
Provoca efeitos físicos como cansaço, fadiga muscular, redução dos reflexos, aumento dos sentidos.
Os efeitos psicológicos do uso são alucinações visuais e táteis, aumento na sociabilização e velocidade de pensamento, porém em altas dosagens a pessoa perde total contato com o mundo ao seu redor.
Se ingerido como comida ou seu extrato em bebidas pode causar envenenamento por fungos.
Amanita muscaria
Também conhecido por agário-das-moscas, com seus principais componentes ativos sendo o muscimol e o ácido ibotênico.
Podendo apresentar sintomas como secura na boca, vertigem, tontura, confusão mental, náusea e uma alteração mental na percepção que faz com que a pessoa pense que está crescendo. Esses efeitos duram cerca de 15 minutos em média.
Esse cogumelo é tão popular que o cogumelo que Mario de Super Mario BROS come para crescer é igual ao amanita muscaria, representando seu efeito característico.
Se ingerido também pode resultar em envenenamentos, podendo levar a complicações, contudo dificilmente a morte se procurar ajuda médica.
Efeitos comuns da intoxicação por ele são as náuseas, ataxia, euforia, perda de equilíbrio, alterações de humor, alucinações e distorções auditivas e visuais, baixa na pressão arterial, delírios, irritabilidade, convulsões e até coma.
Como os cogumelos alucinógenos funcionam?
Os cogumelos alucinógenos contêm substâncias ativas como a psilocibina, que afetam o sistema nervoso central ao interferir na ação de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina. Isso resulta em alterações na percepção, humor e comportamento.
Além da psilocibina, outras substâncias encontradas são a muscarina, o ácido ibotênico, a psilocina.
Agindo no sistema nervoso central, impedindo efeitos de outros hormônios como serotonina e dopamina funcionem da forma correta, assim as substâncias psicodislépticas assumem esse lugar.
Normalmente os efeitos se iniciam após 20 minutos da ingestão e podem durar por horas.
Os efeitos gerados por essas substâncias é muito semelhante ao LSD, porém em menor intensidade, mas ainda assim gerando efeitos negativos além da alucinação.
Efeitos como alterações cardiorrespiratórias, náuseas, dor no corpo (principalmente no abdômen), euforia, aumento nos batimentos cardíacos, vômitos e alterações visuais, essa última podendo ocorrer em virtude do efeito entorpecente ou pela alteração do ritmo cardíaco.
Cogumelo alucinógeno faz mal? Quais os riscos para a saúde?
O uso do cogumelo alucinógeno ainda é muito discutido, mas se usado de forma apenas recreativa, buscando o efeito alucinógeno por meio colateral pode sim fazer mal e gerar efeitos adversos na saúde.
Os efeitos adversos variam de acordo com a dose, a composição dos cogumelos e o estado psicológico do usuário, podendo causar desde intoxicações a sérios problemas de saúde mental e física.
Esses efeitos, por sua vez, podem variar de acordo com a quantia usada, com as substâncias ingeridas e com o estado psicológico da pessoa no momento, principalmente se a pessoa é portadora de algum transtorno psiquiátrico.
A ingestão dos cogumelos pode gerar intoxicação, a continuação do uso deles pode resultar em alterações do comportamento, podendo apresentar violência e se colocar em riscos desnecessários.
Como mencionado no início deste tópico, o uso desses cogumelos pode agravar o estado dos transtornos já presentes na pessoa, assim como ajudar a desenvolver novos, independentemente se já possui transtornos ou não.
Pode desencadear problemas cardiorrespiratórios, em virtude das alterações cardíacas, assim como gerar complicações e até a morte naqueles que já possuem problemas de saúde relacionados ao coração e circulação.
Os cogumelos alucinógenos são legais no Brasil?
No Brasil, as substâncias como psilocibina e psilocina, além de outras substâncias alucinógenas encontradas nos cogumelos são consideradas ilegais com relação à venda, posse e cultivo a fim de venda.
Porém os cogumelos naturais não são proibidos de serem vendidos, dada a imensa quantidade de cogumelos com essas substâncias e de seus usos religiosos muitas vezes.
Assim, apenas as substâncias isoladas são consideradas como ilegais, ainda que o os cogumelos fazem mal e sejam extremamente perigosos para a saúde.
O que ocorre se consumi-los em excesso?

Além do eventual risco de intoxicação com já mencionado mais de uma vez, pode trazer problemas à saúde da pessoa, tanto mentalmente quanto fisicamente.
Não obstante o excesso do consumo desses cogumelos podem gerar uma “bad trip”, que é uma alucinação associada a experiências ruins, inclusive podendo apresentar manifestações mentais ligadas ao passado da pessoa ligadas ao luto, aos traumas e medos.
As alterações físicas e neuroquímicas que acontecem num consumo excessivo podem gerar estragos permanentes.
Dependendo da pessoa o consumo excessivo e por consequência uma overdose podem levar a incapacitação e até mesmo a morte.
Apesar de não haver estudos que comprovem que esse tipo de droga gere dependência, análises comprovam que o consumo excessivo desses cogumelos pode levar à tolerância.
Assim fazendo que seja necessário cada vez mais uma dose maior para atingir o que se deseja.
Quais são suas contraindicações?
Como é uma droga alucinógena e altera as condições de percepção e concentração, a combinação dela com direção é potencialmente perigosa e fatal.
Pessoas que já possuem algum tipo de transtorno mental e/ou possuem doenças cardíacas podem ter suas doenças agravadas tanto em sintomas quanto no avanço da progressão da doença.
O uso associado a outros cogumelos e assim como sua ingestão podem levar a envenenamento, seu uso com outras drogas como álcool, maconha pode levar a efeitos adversos e potencialmente desconhecidos.
Com o tempo pode desencadear comportamentos estranhos e desorganizados, assim como apresentar quadros psicóticos.
Tratamentos e apoio especializado
O uso de cogumelos alucinógenos pode levar a uma série de complicações físicas e psicológicas, especialmente quando consumidos de forma recreativa e sem supervisão adequada.
Para aqueles que enfrentam problemas relacionados ao uso desses cogumelos, existem várias abordagens terapêuticas e opções de apoio disponíveis.
Abordagens terapêuticas para uso de cogumelos alucinógenos
1. Atendimento Individual: O atendimento individual é eficaz para tratar os efeitos psicológicos adversos causados pelo uso de substâncias alucinógenas.
Através dessa abordagem, os indivíduos podem aprender a identificar e modificar pensamentos e comportamentos negativos, desenvolvendo estratégias de enfrentamento saudáveis com o auxílio de um terapeuta.
2. Desintoxicação Supervisionada: Em casos de uso prolongado e abusivo, a desintoxicação supervisionada pode ser necessária.
Este processo envolve a remoção segura das substâncias do corpo sob a supervisão de profissionais de saúde, minimizando os sintomas de abstinência e outras complicações.
3. Terapia de Grupo: Participar de grupos de apoio pode proporcionar uma rede de suporte emocional, onde os indivíduos podem compartilhar suas experiências e aprender com os outros em situações semelhantes.
4. Tratamento Medicamentoso: Em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para ajudar a controlar os sintomas de abstinência, reduzir a ansiedade ou tratar co-morbidades como a depressão.
5. Acompanhamento Contínuo: O tratamento não termina após a desintoxicação inicial.
É importante que os pacientes recebam suporte contínuo durante sua recuperação, ajudando a prevenir recaídas e promover uma vida saudável e equilibrada.
Para aqueles que buscam ajuda especializada, é crucial contar com uma equipe de profissionais qualificados que possam fornecer um suporte abrangente e personalizado.
O primeiro passo no tratamento é uma avaliação completa para entender a extensão do uso dos cogumelos alucinógenos e quaisquer problemas de saúde mental ou física associados. Isso ajuda a criar um plano de tratamento personalizado.
Com base na avaliação, os especialistas desenvolvem programas de tratamento personalizados que atendem às necessidades específicas de cada paciente. Isso pode incluir uma combinação de terapia individual, terapia de grupo e intervenções médicas.
Além do tratamento clínico, é essencial proporcionar um ambiente acolhedor e de apoio, essencial para a recuperação. Um espaço projetado para oferecer conforto e segurança é propício para a cura e o bem-estar.
Se você ou alguém que conhece está lutando com os efeitos do uso de cogumelos alucinógenos, é fundamental procurar ajuda especializada.
A equipe do Grupo Recanto está pronta para fornecer o suporte necessário para a recuperação.
Com uma abordagem centrada no paciente, os especialistas do Grupo Recanto trabalham para restaurar a saúde e o bem-estar dos indivíduos, guiando-os em cada passo do processo de recuperação.
Saiba mais com a equipe de especialistas do Grupo Recanto.

Conclusão
O uso de cogumelos para diversos fins está enraizado em várias culturas. No entanto, a busca pelo prazer através de cogumelos alucinógenos pode ser perigosa, especialmente quando os riscos não são bem compreendidos.
Esses cogumelos podem causar danos mentais e físicos significativos, além de potencialmente abrir caminho para o uso de outras drogas alucinógenas mais potentes.
Por mais que ainda haja o uso de alguns desses cogumelos para fins religiosos e ritualísticos, hoje a grande procura é daqueles que procuram se entorpecer para esquecer de seus problemas e buscar prazer.
Porém, esses efeitos têm curta duração e logo vêm as consequências, é preciso cada vez mais que se atualizem e falem sobre esse assunto, que frequentemente esquecemos, mas é muito frequente.
Além de que esses cogumelos podem ser a porta de entrada para outras drogas com efeitos alucinógenos ainda mais fortes como MDMA e LSD.












