A cocaína é uma substância psicoativa sintética, (produzida em laboratório) que possui efeitos estimulantes no sistema nervoso central, que é o responsável pelos pensamentos e atitudes dos indivíduos, sendo ela uma das drogas ilícitas mais consumidas e perigosas do mundo.
A utilização desse tipo de substância geralmente leva o indivíduo a uma sensação de euforia, logo após seu uso. E este tipo de sentimento de felicidade faz com que os usuários consumam outras vezes, levando assim ao abuso e dependência da droga.
O seu uso também pode provocar excitação, sensação de onipotência, falta de apetite, insônia e um ilusório aumento de energia.
Esses sintomas de euforia são passageiros, e quando passam causam uma enorme depressão ao usuário e como resultado os usuários acabam buscando-a em maiores quantidades.
Este tipo de droga conquistou muito espaço entre os dependentes químicos em decorrência dos seus efeitos estimulantes, aumento da oferta e diversificação nas vias de administração.
No Brasil, entre os anos de 1988 e 1999, a cocaína teve seu consumo aumentado em 475%.
Ela pode ser consumida em forma de pó (cheirada) ou de maneira injetável ou oral (mascada). Aliás, quanto mais rápido o início dos efeitos e mais forte a intensidade, maior a probabilidade de dependência.
Na maneira mascada, ela demora mais de uma hora para ser absorvida, já na forma aspirada, o pico ocorre entre 30 e 60 minutos e quando injetada, os efeitos são imediatos isto é cerca de 30 a 60 segundos.
É válido dizer que, quando consumida por gestante, o nível da substância no bebê é semelhante ao da mãe.
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Na farmacologia: a cocaína possui três tipos de efeitos
- Efeito anestésico: A cocaína possui efeito anestésico local, passando a bloquear os canais de sódio de células nervosas o que acaba impedindo a condução de conexões entre os neurônios.
- Efeito cardiovascular: Esses efeitos associados a cocaína, incluem taquicardia e aumento da pressão arterial, além de arritmia e ataque cardíaco, ela pode também gerar alterações na condução de impulsos cardíacos.
- Efeito sobre o sistema nervoso central: Dor de cabeça, perda de consciência temporária, convulsões e morte.
A cocaína possui efeitos a curto e longo prazo, no organismo do indivíduo, conforme circula pela corrente sanguínea, até chegar ao cérebro, ela acaba afetando os órgãos de forma direta.
Este tipo de substância age com efeito estimulante do sistema nervoso central e por conta disso, causa variados efeitos ao indivíduo. Além desses, existem os efeitos psicoativos, de euforia, exaltação da energia, diminuição do apetite, exacerbação do estado de alerta e aumento da autoconfiança.
Estes efeitos, porém, favorecem a dependência, pois causam no indivíduo sensações positivas. Todavia, esses mesmos efeitos podem se transformar em irritabilidade, inquietude e confusão.
Sinais e sintomas da intoxicação por cocaína
Os efeitos agudos da intoxicação por cocaína podem se manifestar de várias maneiras, dependendo do método de administração da droga.
Quando consumida por via intravenosa ou inalada, a cocaína desencadeia uma rápida hiperestimulação do sistema nervoso central, resultando em um estado de alerta extremo, euforia intensa e uma sensação de aumento de energia.
Esses efeitos podem ser comparados àqueles provocados pela ingestão de anfetaminas, embora sejam geralmente menos intensos quando a cocaína é aspirada em sua forma de pó.
A superdosagem da droga pode resultar em sintomas como ansiedade extrema, ataques de pânico, agitação, agressividade, insônia grave, alucinações, delírio paranoico e comprometimento do julgamento.
Manifestações físicas como pupilas dilatadas, sudorese excessiva, aumento da frequência cardíaca e pressão arterial elevada também são comuns durante um episódio de intoxicação por cocaína.
Além disso, a intoxicação grave pode desencadear complicações potencialmente fatais, como isquemia miocárdica, arritmias cardíacas e até mesmo infarto do miocárdio. A morte súbita pode ocorrer como resultado de complicações cardíacas ou respiratórias induzidas pela cocaína.
Os usuários frequentes de cocaína, especialmente aqueles que consomem a droga compulsivamente ao longo de vários dias, correm o risco de desenvolver uma síndrome de exaustão, caracterizada por fadiga extrema e necessidade compulsiva de sono.
Para mais dos efeitos agudos, o uso crônico de cocaína pode levar a uma série de complicações de saúde graves, incluindo fibrose miocárdica, cardiomiopatia, lesões nasais induzidas por isquemia e comprometimento cognitivo.
Os sintomas de abstinência de cocaína, devido à sua curta meia-vida no organismo, podem se manifestar rapidamente após a última dose e incluem depressão, dificuldade de concentração e sonolência, juntamente com um aumento do apetite. Esses sintomas podem persistir por semanas ou até meses após a interrupção do uso da droga.
Com o uso crônico da cocaína, três fenômenos podem ser observados:
- Tolerância: O indivíduo tem a necessidade de consumir doses cada vez maiores, para obter efeitos mais intensos. Essas grandes quantidades acabam levando o indivíduo a ter comportamentos violentos, tremores e irritabilidade.
- Sensibilização: Exacerbação da atividade motora e dos comportamentos estereotipados, o cérebro fica sensibilizado para efeitos desagradáveis e como consequência o indivíduo aumenta a dose, assim ocorre efeitos como, paranoia, desconfiança, agressividade entre outros.
- Kindling: Ocorrência de convulsões.
Ademais não se deve esquecer da overdose que é caracterizada pelo consumo de uma dose alta que gera falência de um ou mais órgãos, e possui duas fases: a primeira de excitação, com dores de cabeça, náusea, vômito e convulsões; e a segunda com a perda de consciência, depressão respiratória e falha cardíaca, levando à morte.
O uso da droga também leva a complicações psiquiátricas, como prejuízos da capacidade de julgamento, memória e controle do pensamento, além de manifestações psicóticas, que são alucinações e delírio.
Além disso, também entram nesse quadro o estado de insônia, ansiedade e depressão.
Tudo isso afeta, inclusive, a vida social do indivíduo; ao passo que ele deixa de participar da vida em sociedade, adquire comportamento violento e tendências criminosas, entre outros aspectos.
Existem diversos prejuízos físicos relacionados ao uso crônico da cocaína onde os mais recorrentes são o cardiovascular e alterações no ritmo cardíaco.
A cocaína pode provocar também efeitos respiratórios como dor no peito, dificuldade para respirar e além disso náuseas.
Os problemas crônicos dependem da forma de administração da droga, a frequência de uso e a quantidade ingerida a longo prazo.
Ao cessar seu uso, o dependente evolui para quadros de síndrome de abstinência, que se divide em:
- Crash: é a primeira fase da abstinência da cocaína, nela acontece a redução do humor e energia, com momentos de fadiga, depressão, ansiedade e paranoia, além de hipersonolência; esses sintomas acontecem em cerca de 15 a 30 minutos, após o consumo da droga, eles podem se prolongar por aproximadamente 8 horas, podendo se estender por até 4 dias, também pode acontecer que o usuário sinta depressão, ansiedade, paranoia e desejo intenso por consumir a droga “craving”.
- Síndrome disfórica tardia: tem início entre 12 a 96 horas após o seu consumo, nos primeiros 4 dias existe a sonolência e desejo desenfreado pela utilização da substância;
- Extinção: acontece a resolução completa dos sinais e sintomas físicos; o craving, porém, pode aparecer eventualmente.
Dentre as principais doenças desenvolvidas com o consumo, estão os transtornos afetivos, transtornos de ansiedade, transtornos de personalidade, esquizofrenia, transtornos do déficit de atenção e hiperatividade.
Tipos de cocaína
- Cocaína em Pó (Cloridrato de Cocaína): É a mais comum de cocaína encontrada no mercado. Geralmente é aspirada pelo nariz, mas também pode ser diluída em água e injetada.
- Crack: É uma forma de cocaína que foi processada para formar pequenos cristais ou pedras. É fumado e produz efeitos mais rápidos e intensos do que a cocaína em pó, mas tem uma duração mais curta.
- Pastas de Cocaína: Está no estágio intermediário entre a cocaína em pó e o crack.
- Cocaína Preta: Mais potente e rara, derivada da folha de coca.
Cada forma de cocaína tem seu próprio método de administração e perfil de efeitos, mas todas apresentam riscos significativos para a saúde e podem levar à dependência e a problemas médicos graves.
Diagnóstico da intoxicação por cocaína
O diagnóstico da intoxicação por cocaína geralmente é baseado em uma combinação de história clínica, exame físico e testes laboratoriais. Os médicos podem considerar os sintomas relatados pelo paciente, como ansiedade, agitação, taquicardia e alterações de comportamento.
Além disso, exames de urina ou sangue podem ser realizados para detectar a presença de cocaína ou seus metabólitos. Imagens como eletrocardiograma (ECG) podem ser úteis para avaliar a saúde cardíaca do paciente.
Em alguns casos, a confirmação do diagnóstico pode exigir a exclusão de outras condições médicas que possam apresentar sintomas semelhantes.
Como acontece o tratamento para dependentes da cocaína?
O tratamento pode ser feito em uma Clínica de Reabilitação de maneira emergencial dos quadros agudos associados à cocaína (sedativos benzodiazepínicos, neurolépticos, diazepam e tiamina) ou com Farmacologia, utilizando-se agentes antipsicóticos, agentes antiepilépticos e vacina de cocaína (TA-CD).
Uma vez realizado o tratamento, muitos dependentes estão sujeitos a recaídas.
Para evitar que isso ocorra, é preciso que os dependentes em recuperação evitem situações que facilitem a utilização da droga e priorizem uma mudança radical no estilo de vida.
O tratamento é realizado por uma equipe multiprofissional, especializada em dependência química, indivíduo será tratado em um ambiente seguro e acolhedor com todos os aparatos, para que haja a sua recuperação. Neste local, a pessoa será tratada de acordo com seu caso, e gravidade.
O tratamento tem como objetivo, manter o indivíduo em abstinência, para assim, tratar os sintomas e problemas de saúde que foram desenvolvidos pelo consumo da cocaína.
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Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.