O apoio à família do dependente químico é uma medida essencial para enfrentar este desafio que afeta milhões de brasileiros.
Afinal, segundo o Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos (Lenad Família), realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ao menos 28 milhões de pessoas no Brasil têm algum familiar que é dependente químico.
A pesquisa, embora tenha sido divulgada em 2013, ainda é considerada a maior do mundo sobre o tema. Além disso, o mesmo levantamento estima que 5,7% dos brasileiros sejam dependentes de drogas, número que corresponde a mais de 8 milhões de pessoas.
Então, na prática, o estudo revelou que para cada pessoa que sofre de dependência química, existem outras quatro pessoas que têm suas vidas impactadas, e que, na grande maioria das vezes, são familiares.
Então, assim como o dependente químico em si necessita de ajuda e suporte, o apoio aos familiares é importante, por uma série de motivos.
Neste artigo, vamos compartilhar informações e dicas para auxiliar essas famílias, tanto no que diz respeito ao que fazer para auxiliar na recuperação do dependente, quanto formas de encontrar suporte nesse contexto tão desafiador.
Por que o apoio à família do dependente químico é importante?
A importância do apoio à família do dependente químico está principalmente no papel que esta exerce durante o processo de recuperação do dependente.
Afinal, na maioria dos casos, a família é a primeira instituição que fornece suporte emocional, conforto e motivação a uma pessoa. Para o dependente, esses elementos são importantes para que ele persista em seu tratamento e enfrentamento da doença.
Ou seja, para o dependente, que pode se sentir extremamente vulnerável, a família é uma rede de segurança, que até ajuda a evitar recaídas. Além disso, também oferece aos profissionais de saúde informações essenciais sobre o paciente para o acompanhamento do tratamento.
No entanto, não se pode negar o peso que recai sobre a família de um dependente químico e os impactos comportamentais, psíquicos e emocionais trazidos pela doença.
Com isso, surge um ciclo de necessidade onde tanto o paciente quanto sua família requerem suporte e amparo adequados.
Dicas para famílias de dependentes químicos
Para lidar com uma pessoa que sofre de dependência química, além da compreensão da própria importância no processo, os familiares também precisam ter conhecimento de alguns tópicos básicos.
Então, para colaborar em nosso apoio à família do dependente químico, listamos algumas dicas importantes:
1. Busque entender melhor a doença
Em primeiro lugar, as famílias precisam compreender a dependência química como uma doença crônica, com sintomas e causas específicas.
Portanto, dedique tempo para pesquisar e entender os aspectos da doença, bem como os tratamentos disponíveis.
Busque entender também os efeitos e consequências das drogas mais usadas pelo dependente, pois esse conhecimento abre caminho para a empatia, que é o que o paciente mais precisa.
2. Comunicação dentro da família
Como em qualquer contexto social, o segredo para uma relação de suporte com o dependente químico é uma comunicação aberta e empática.
Então, incentive conversas honestas sobre os sentimentos, os desafios enfrentados e as metas a alcançar. Ouvir sem preconceitos e oferecer apoio incondicional são fundamentais para fortalecer os vínculos familiares.
3. Seja paciente
Em um tratamento de uma condição de saúde como essa, a paciência é uma virtude, especialmente nos episódios de crise de abstinência ou de recaída. Em muitos casos, o processo de recuperação é longo, complexo e cheio de curvas sinuosas.
Então, manter a paciência e alimentar expectativas realistas é uma forma de demonstrar compreensão e auxiliar na motivação do dependente. Não só isso, é também uma forma de gerenciar os próprios sentimentos e aflições.
4. Celebre e reconheça os progressos do dependente
A celebração de pequenas vitórias tem um grande peso de importância no processo de recuperação.
Por isso, reconheça e valorize cada etapa vencida pelo seu ente querido, até mesmo a menor delas.
Afinal, esse é um incentivo e reforço positivo, que contribui para elevar a autoestima e a motivação e relembrar que essa é uma jornada em que ele ou ela não está só.
5. Busque apoio profissional
O tratamento da dependência química requer assistência multidisciplinar em centros especializados, que oferecem suporte de diversas especialidades médicas e psicológicas.
Ou seja, a internação em clínicas de reabilitação especializadas é uma decisão humanizada, dentro da lei e o caminho mais eficaz para a recuperação.
Além disso, é igualmente importante que os familiares também procurem suporte emocional com psicólogos e em grupos de apoio. Isso os prepara melhor para enfrentar os desafios do processo e proporcionar um suporte mais sólido ao ser querido em tratamento.
6. Mantenha a esperança
Embora a dependência química seja uma doença crônica, compreender que ela pode ser gerenciada é a chave para manter a esperança na possibilidade de uma vida mais equilibrada e saudável para o dependente.
E vale lembrar: a esperança é um recurso poderoso, pois oferece força tanto para os familiares quanto para o próprio indivíduo em tratamento.
Por que grupos de apoio são importantes?
Existem experiências na vida em que só sentimos alívio quando encontramos outros humanos que tenham vivido algo parecido. Esse é o papel dos grupos de apoio à família de dependentes químicos.
Esses grupos criam um espaço onde é possível compartilhar experiências, encontrar conforto e obter informações relevantes sobre a doença.
Nessas reuniões, os participantes têm acesso a outras experiências e ideias sobre como manejar a situação com eficiência e cuidar da própria saúde emocional.
Ainda, ter contato com outras histórias reais de recuperação é uma forma de alimentar a própria esperança e reforçar continuamente o suporte aos entes queridos.
Grupos de apoio à família de dependentes químicos
No Brasil, existem diversos grupos que apoiam os familiares de pessoas dependentes de substâncias químicas. Confira a seguir alguns deles:
- Nar-Anon Familiares: presente em diversas cidades brasileiras, oferece grupos de apoio presenciais e online para familiares e amigos de dependentes químicos;
- Al-Anon Familiares e Amigos de Alcoólicos: com mais de 60 anos de atuação no Brasil, possui grupos de apoio em todo o país, além de materiais informativos e fóruns online;
- Grupos de Apoio Familiares Anônimos (GFA): rede nacional com grupos presenciais e online, oferecendo acolhimento e orientação para familiares de dependentes químicos;
- Amor exigente: com mais de 40 anos, o grupo é voltado para familiares de pessoas que têm problemas com drogas e álcool;
- Grupo Recanto: além de internação e tratamento multidisciplinar para pacientes com dependência química, também entendemos a família como parte integrante de todo o processo. Por isso, acolhemos e trabalhamos em conjunto para uma recuperação completa.
Conclusão
Em resumo, o apoio à família do dependente químico é um pilar no caminho para a recuperação dele ou dela.
Por isso, além de buscar informações e oferecer suporte ao dependente, é recomendado que os familiares busquem grupos de apoio para compartilhamento das experiências, angústias, medos, e, claro, alimentar a esperança.
Afinal, o bom relacionamento dos familiares com o dependente químico é fundamental para a sua recuperação. Para isso, a família precisa se fortalecer, mesmo diante dos desafios do processo de tratamento.
Acesse aqui o blog do Grupo Recanto e se informe sobre outros assuntos relacionados.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.