A ansiedade é uma resposta natural do organismo a situações de estresse e incerteza, sendo uma parte intrínseca da experiência humana. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população.
Há também um enorme alerta sobre a saúde mental dos brasileiros, visto que uma em cada quatro pessoas no país sofrerá com algum transtorno mental ao longo da vida..
Em alguns casos, os sintomas tornam-se tão avassaladores que a busca por ajuda profissional é imprescindível. Iremos explorar os sinais que indicam a necessidade de internação em casos de ansiedade aguda, analisando a complexidade dessa condição e destacando os momentos em que o ambiente hospitalar pode oferecer o suporte necessário para estabilização e recuperação.
É importante estar atento e reconhecer esses sinais precocemente, a fim de garantir intervenções adequadas e promover o bem-estar emocional daqueles que enfrentam desafios significativos no manejo da ansiedade.
Compreender a ansiedade, suas origens e como ela se manifesta em diferentes contextos é fundamental para promover o bem-estar mental. O gerenciamento eficaz da ansiedade envolve estratégias que vão desde técnicas de relaxamento até a busca de apoio profissional.
Ao reconhecer a importância de equilibrar a ansiedade em níveis saudáveis, podemos cultivar uma abordagem mais consciente em relação às nossas respostas emocionais, contribuindo para uma vida mais equilibrada e resiliente.
A ansiedade, afinal, desempenha qual papel em nossas vidas?
A ansiedade desempenha um papel crucial na experiência humana, representando uma resposta adaptativa complexa diante de situações de perigo ou estresse. Essa emoção, muitas vezes associada a reações físicas e mentais, tem uma função primordial: alertar o organismo sobre possíveis ameaças, desencadeando uma preparação para lidar com desafios iminentes
Em sua forma moderada, a ansiedade é um mecanismo natural que pode impulsionar a ação e aprimorar o desempenho. Quando enfrentamos uma situação desafiadora, a ansiedade pode atuar como um motivador, estimulando-nos a buscar soluções, melhorar habilidades e adotar estratégias eficazes para superar obstáculos.
É uma ferramenta evolutiva que historicamente contribuiu para a sobrevivência humana, sinalizando a necessidade de estar alerta diante de ameaças potenciais.
No entanto, o desequilíbrio nesse sistema adaptativo pode resultar em ansiedade excessiva ou crônica, trazendo consigo uma série de desafios para o funcionamento diário. Quando a ansiedade ultrapassa níveis saudáveis, ela pode manifestar-se de maneira debilitante e patológica, interferindo em diversas áreas da vida, como trabalho, relacionamentos, estudos e autocuidado.
O que é ansiedade patológica?
De acordo com a Pfizer Brasil, a ansiedade passa a ser patológica quando começa a prejudicar o dia a dia, causando transtornos físicos e emocionais, ultrapassa os limites considerados normais e interfere significativamente na qualidade de vida do indivíduo, que não consegue controlá-la.
Enquanto a ansiedade é uma resposta natural do organismo a situações de estresse ou perigo, a ansiedade patológica envolve uma intensidade desproporcional de preocupações e medos, muitas vezes sem uma causa aparente ou adequada.
Características da ansiedade patológica incluem:
Intensidade Excessiva
A pessoa experimenta um grau de ansiedade que é desproporcional à situação ou estímulo desencadeador. Isso significa que a resposta de ansiedade é mais intensa do que seria considerado normal.
Persistência
A ansiedade patológica muitas vezes é persistente e duradoura, podendo ocorrer durante um período prolongado, muito além do que seria esperado para uma situação de estresse agudo.
Interferência nas Atividades Diárias :
Pode acontecer também interferências nas atividades diárias normais, como trabalho, estudos, relacionamentos sociais e autocuidado. Pode levar a um impacto significativo na qualidade de vida.
Sintomas Físicos
Além de preocupações mentais, a ansiedade patológica pode se manifestar em sintomas físicos, como tensão muscular, fadiga, problemas de sono, dores de cabeça e problemas gastrointestinais.
Comorbidades
Podendo coexistir também com outros transtornos mentais, como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou transtorno de pânico.
Ataque nervoso
Alterações súbitas de humor, irritabilidade inexplicada, ou manifestação de tensão costumam surgir em indivíduos que experimentam sintomas de ansiedade quando confrontados com situações estressantes e pressões.
Existem também sintomas físicos que podem ser observados, como:
- Tensão Muscular
- Cansaço
- Tremores
- Sensação de falta de ar ou asfixia
- Coração acelerado
- Sudorese
- Náuseas e/ou diarreia
- Insônia
É importante destacar que a ansiedade é uma parte normal da experiência humana, e nem todas as formas de ansiedade são consideradas patológicas. No entanto, quando a ansiedade se torna debilitante e prejudica a qualidade de vida, é aconselhável procurar avaliação e o suporte de profissionais de saúde mental, como psicólogos, psiquiatras ou terapeutas.
Quem tem ansiedade pode desenvolver depressão?
Sim, existe uma relação significativa entre ansiedade e depressão. Muitas vezes, esses dois dois transtornos coexistem e podem compartilhar fatores de risco, causas subjacentes e sintomas. Indivíduos que sofrem de ansiedade patológica têm um risco aumentado de desenvolver depressão ao longo do tempo, e vice-versa.
A ansiedade acaba sendo um fator de risco para a depressão, e o contrário também acontece. Há algumas questões envolvidas nessa relação, como fatores genéticos, por exemplo.
Sintomas de depressão
A depressão é um transtorno mental grave que pode afetar o humor, o pensamento e o comportamento de uma pessoa. Os sintomas podem variar em intensidade e duração, alguns dos sintomas incluem:
- Humor deprimido
- Desânimo
- Alterações no apetite
- Sentimentos de desesperança e desamparo
- Apatia
- Choro excessivo
- Falta de motivação
- Perda de interesse pelas atividades diárias, até mesmo momentos de lazer
- Insônia
- Autolesão
- Pensamentos suicidas
- Isolamento social
É essencial destacar que nem todas as pessoas com ansiedade desenvolvem depressão, e vice-versa.
E quando a internação se torna uma possibilidade?
Quando a perspectiva da internação emerge como uma possibilidade no contexto da saúde mental, a importância da avaliação por profissionais especializados torna-se evidente. Nesse cenário, a opinião e expertise desses profissionais são fundamentais para determinar se a internação é a abordagem mais apropriada e necessária para garantir o cuidado adequado.
A decisão de internação não é tomada de maneira precipitada, mas sim embasada em uma avaliação minuciosa realizada por psicólogos, psiquiatras e outros especialistas em saúde mental.
Esses profissionais estão equipados com habilidades clínicas para analisar a gravidade dos sintomas apresentados pelo paciente, considerar fatores de risco, e avaliar o impacto desses sintomas nas atividades diárias e no bem-estar geral.
Além disso, a opinião dos especialistas desempenha um papel crucial na determinação do nível de risco envolvido. Em situações em que a segurança do paciente ou de outros está em jogo, a internação pode ser vista como uma medida protetora e necessária.
A estruturação de um ambiente hospitalar proporciona uma supervisão mais intensiva, permitindo a implementação de intervenções terapêuticas imediatas.
Portanto, a avaliação profissional não apenas valida a necessidade da internação, mas também serve como um guia para garantir que o paciente receba o tratamento mais apropriado para sua condição.
A colaboração entre profissionais de saúde mental, o paciente e seus entes queridos é crucial nesse processo, assegurando uma abordagem compassiva e eficaz diante da complexidade das questões de saúde mental que podem exigir cuidados hospitalares.
O Grupo Recanto possui intervenções voltadas para a dependência química e saúde mental, com uma equipe multidisciplinar especializada e com uma estrutura adequada para atender pacientes com diferentes quadros psiquiátricos. Nós desenvolvemos uma abordagem humanizada e individualizada, que busca compreender cada paciente em suas especificidades, sem julgamentos ou preconceitos.
CONCLUSÃO
Em um cenário onde a ansiedade se torna uma força avassaladora na vida das pessoas, é imperativo entender não apenas sua natureza adaptativa, mas também reconhecer quando ela transcende os limites da normalidade, desencadeando uma ansiedade patológica.
Dados alarmantes sobre a prevalência de transtornos mentais, especialmente no Brasil, realça a urgência de abordar questões relacionadas à saúde mental de maneira mais abrangente e eficaz.
Exploramos as nuances da ansiedade patológica, destacando suas características distintas que vão além da preocupação comum. A intensidade desproporcional, a persistência prolongada e a interferência nas atividades diárias são sinais reveladores, indicando a necessidade de intervenção profissional.
A conexão entre ansiedade e depressão destaca a complexidade desses transtornos e reforça a importância de uma abordagem holística na saúde mental. A ansiedade patológica emerge como um fator de risco para a depressão, e vice-versa, sublinhando a necessidade de intervenções preventivas e estratégias de tratamento que considerem essas inter-relações.
Quando a ansiedade atinge um patamar em que a internação se torna uma possibilidade, a avaliação profissional se torna a bússola que guia a tomada de decisão. Profissionais especializados desempenham um papel fundamental ao analisar a gravidade dos sintomas, considerar fatores de risco e determinar a adequação da internação para garantir o cuidado necessário.
A colaboração entre profissionais de saúde mental, pacientes e seus entes queridos é fundamental nesse processo. A internação, quando necessária, oferece um ambiente estruturado e supervisionado, permitindo intervenções terapêuticas imediatas para lidar com crises e garantir a segurança do paciente.
No entanto, a jornada da saúde mental não termina com a internação. O Grupo Recanto destaca-se como um exemplo de compromisso com a reabilitação e o bem-estar, oferecendo intervenções especializadas para dependência química e saúde mental. Sua abordagem humanizada e personalizada promove a compreensão única de cada paciente, rompendo com estigmas e preconceitos.
Em última análise, enfrentar os desafios da ansiedade patológica e seus desdobramentos exige um esforço coletivo, onde o entendimento, o apoio e o tratamento adequado se entrelaçam para criar uma rede de suporte resiliente. A saúde mental é um compromisso contínuo, e é por meio de iniciativas integradas como estas que podemos construir um caminho mais compassivo e eficaz para o bem-estar emocional.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.