As anfetaminas, uma classe de medicamentos estimulantes, têm desempenhado um papel crucial na medicina, sendo prescritas para tratar condições como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), obesidade e a narcolepsia.
Contudo, apesar de seus benefícios terapêuticos, a preocupação com seu potencial de abuso e dependência é justificada, tornando-se uma questão significativa para a saúde pública.
No contexto de uso indevido, as anfetaminas são frequentemente empregadas como estimulantes, visando amplificar a energia, a concentração e até mesmo induzir sensações de euforia, sendo consumidas por meio da ingestão, bem como pela inalação, injeção e administração oral (fumo).
No entanto, o uso recreativo ou não prescrito dessas substâncias pode acarretar uma série de consequências adversas para a saúde física, mental e social.
Afinal, o que é anfetamina?
De acordo com o folder disponibilizado pela Biblioteca Virtual em Saúde (Cebrid – Ministério da Saúde), as anfetaminas são substâncias psicoativas pertencentes à classe das drogas anfetaminas e suas variantes. Elas são conhecidas por suas propriedades estimulantes do Sistema Nervoso Central (SNC).
As anfetaminas são compostos sintéticos que afetam a liberação de neurotransmissores, como a dopamina e a noradrenalina, no cérebro. Isso resulta em aumentos temporários de energia, atenção e alerta.
Tais substâncias também são usadas ilicitamente por algumas pessoas em busca de efeitos recreativos, como euforia e aumento do desempenho físico e cognitivo. No entanto, o uso não supervisionado ou abusivo de anfetaminas pode levar a uma série de problemas de saúde física e mental, bem como dependência e outros riscos associados ao seu consumo.
Metanfetamina
A metanfetamina é uma droga poderosa que pertence à classe das anfetaminas. É conhecida por seus efeitos estimulantes intensos no Sistema Nervoso Central, resultando em um aumento temporário no estado de alerta, energia e euforia.
No entanto, seu uso também está associado a uma série de efeitos colaterais prejudiciais e pode levar a consequências graves para a saúde física e mental dos usuários.
Quimicamente, a metanfetamina é uma substância sintética feita a partir de produtos químicos comuns encontrados em medicamentos e produtos químicos industriais.
Pode ser produzida em laboratórios clandestinos, resultando em diferentes formas, incluindo cristais (conhecidos como “cristal”, “ice” ou “crystal meth”), pó ou em forma líquida.
Metilenodioximetanfetamina (MDMA, Ecstasy ou Adam)
A Metilenodioximetanfetamina (MDMA), comumente conhecida como Ecstasy ou Adam, é uma substância psicoativa que pertence à classe das anfetaminas.
Reconhecida por seus efeitos estimulantes e alucinógenos, a MDMA é frequentemente consumida em ambientes de festas e clubes por seus efeitos de aumento de energia, empatia e sensação de bem-estar.
A droga atua no cérebro, aumentando os níveis de neurotransmissores como a serotonina, dopamina e norepinefrina, resultando em mudanças na percepção sensorial e no humor.
No entanto, seu uso recreativo está associado a uma série de riscos para a saúde, incluindo desidratação, hipertermia, exaustão física, ansiedade, depressão e danos cerebrais a longo prazo.
Além disso, o consumo de MDMA pode levar a complicações graves, como insuficiência renal, problemas cardíacos e até mesmo morte por overdose. Embora seja reconhecida por seus efeitos recreativos, a MDMA é uma substância controlada em muitos países devido aos seus potenciais riscos para a saúde e ao seu histórico de uso indevido.
Sintomas do uso de anfetaminas
Os sintomas do uso de anfetaminas podem variar dependendo da quantidade consumida, da frequência de uso e da sensibilidade individual do usuário. No entanto, alguns sinais comuns podem indicar o uso dessas substâncias estimulantes.
Entre os sintomas físicos, incluem-se aumento da frequência cardíaca, pressão arterial elevada, dilatação das pupilas, sudorese excessiva, tremores, boca seca e falta de apetite. No aspecto comportamental, os usuários de anfetaminas podem apresentar agitação, irritabilidade, paranoia, insônia, fala rápida e inquietação motora.
Além disso, podem ocorrer alterações emocionais, como euforia seguida de depressão, ansiedade, confusão mental e comportamento impulsivo. Em casos mais graves, o uso prolongado de anfetaminas pode levar a problemas de saúde mental, como psicose, delírios e alucinações.
É importante estar ciente desses sintomas e procurar ajuda médica ou apoio adequado se você ou alguém que você conhece estiver exibindo sinais de uso de anfetaminas.
Para que serve a anfetamina?
A anfetamina ajuda a melhorar a atenção, o foco e o controle impulsivo, facilitando a vida diária dos pacientes.
Além disso, a anfetamina é prescrita para gerenciar a narcolepsia, um distúrbio do sono que causa sonolência excessiva durante o dia e episódios súbitos de sono. Ao manter os pacientes alertas e acordados, a medicação ajuda a minimizar os impactos negativos da narcolepsia em suas vidas.
Outro uso da anfetamina é como supressor do apetite em programas de controle de peso para pessoas com obesidade grave. Sua capacidade de reduzir a ingestão de alimentos pode auxiliar na perda de peso em curto prazo quando combinada com dieta e exercícios adequados.
Em alguns casos, a anfetamina também é empregada no tratamento da Síndrome de Fadiga Crônica (SFC), um distúrbio caracterizado por fadiga persistente e incapacitante. Ao aumentar a energia e reduzir a sonolência, a medicação pode proporcionar alívio aos pacientes afetados por essa condição debilitante.
Apesar dos benefícios terapêuticos da anfetamina, é crucial ter em mente seus potenciais para abuso e efeitos colaterais significativos.
Portanto, seu uso deve ser estritamente supervisionado por um médico, seguindo as instruções de dosagem e monitoramento cuidadosamente. Uma abordagem individualizada é essencial para garantir que a anfetamina seja utilizada de forma segura e eficaz, proporcionando alívio aos pacientes que se beneficiam de seu uso terapêutico.
Os riscos e consequências do uso de anfetaminas
O uso de anfetaminas, seja para propósitos médicos ou recreativos, acarreta uma série de riscos para a saúde que não devem ser subestimados.
Uma das ameaças mais graves é o potencial para desenvolver dependência, tanto física quanto psicológica. Devido à capacidade dessas substâncias de estimular o SNC e induzir sensações de euforia, os usuários podem se encontrar presos em um ciclo de consumo compulsivo, buscando incessantemente os efeitos desejados.
Além disso, as anfetaminas representam um sério perigo para a saúde cardiovascular. O aumento da pressão arterial, batimentos cardíacos irregulares e até mesmo condições cardíacas graves, como ataques cardíacos, são riscos associados ao seu uso.
O estresse adicional imposto ao coração e ao sistema circulatório pode resultar em complicações severas, representando uma ameaça imediata à vida.
Os impactos negativos das anfetaminas se estendem também ao campo da saúde mental. O abuso dessas substâncias pode desencadear uma série de problemas psiquiátricos, incluindo ansiedade, paranoia e até psicose.
O funcionamento do cérebro pode ser significativamente afetado, aumentando o risco de distúrbios neurológicos graves e danos cerebrais permanentes em casos extremos.
Além dos aspectos físicos e mentais, o uso problemático de anfetaminas pode levar a consequências sociais e funcionais significativas.
Relacionamentos interpessoais podem ser prejudicados, o desempenho acadêmico e profissional pode ser comprometido e os problemas de saúde resultantes do abuso dessas substâncias podem levar a dificuldades financeiras e legais.
Em suma, os riscos do uso de anfetaminas são variados e graves. É crucial que os indivíduos estejam plenamente conscientes desses perigos e tomem medidas para proteger sua saúde e bem-estar.
A educação sobre os efeitos adversos das anfetaminas e o acesso a tratamento e apoio para aqueles que lutam contra o vício são passos fundamentais na mitigação dos danos causados por essas drogas estimulantes.
Overdose de anfetaminas
A overdose de anfetaminas é uma situação grave que pode ocorrer quando uma pessoa consome uma quantidade excessiva dessas substâncias estimulantes.
Os sintomas de uma overdose de anfetaminas podem variar, mas geralmente incluem aumento extremo da pressão arterial, batimentos cardíacos acelerados ou irregulares, temperatura corporal elevada, sudorese profusa, agitação severa, convulsões e até mesmo perda de consciência.
Em casos mais graves, uma overdose de anfetaminas pode levar a complicações potencialmente fatais, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, insuficiência renal, colapso cardiovascular ou hipertermia maligna.
É crucial procurar ajuda médica imediata em caso de suspeita de overdose de anfetaminas, pois o tratamento rápido pode salvar vidas.
Os profissionais de saúde podem administrar terapias de suporte, como controle da pressão arterial, resfriamento do corpo e monitoramento cardíaco, além de fornecer cuidados intensivos conforme necessário para estabilizar a condição do paciente.
Tratamentos e recuperação
O tratamento e recuperação do vício em anfetaminas são processos complexos. Incluem avaliação precisa, desintoxicação, terapia comportamental, suporte emocional, tratamento de transtornos coexistentes, reabilitação social e prevenção de recaídas.
Essa abordagem personalizada visa restaurar a saúde física, mental e emocional do indivíduo, promovendo uma vida livre do vício e reintegração na sociedade. Com intervenções adequadas e apoio contínuo, é possível superar os desafios associados ao uso de anfetaminas e alcançar uma recuperação bem-sucedida.
Saiba mais com a equipe de especialistas do Grupo Recanto.
Conclusão
Em face dos perigos e complexidades associados ao uso de anfetaminas, os caminhos para a recuperação e tratamento são vitais.
Esses processos abrangem desde a desintoxicação até a terapia comportamental e a prevenção de recaídas. Com apoio personalizado e acompanhamento contínuo, é possível não apenas superar o vício, mas também reconstruir uma vida plena e saudável.
A conscientização, acesso ao tratamento e apoio emocional são fundamentais para essa jornada de recuperação, destacando a importância de uma abordagem integrada e compassiva para lidar com os desafios das anfetaminas.
Fabrício Selbman é Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento, e também é:
- Formado em marketing e pós-graduado em gestão empresarial;
- Especialista em Dependência Química pela UNIFESP. Especialização na Europa sobre o modelo de tratamento Terapia Racional Emotiva (TRE);
- Psicanalista pela Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Professor de Especialização na Associação Brasileira de Estudos Psicanalíticos do Estado de Pernambuco (ABEPE);
- Diretor do Grupo Recanto, rede de três clínicas de tratamento de dependentes químicos referência no Norte e Nordeste nesse segmento.